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Construção: Vellore cria braço de inovação para investir em 30 startups

Grupo Vellore cria braço de inovação que busca 30 startups, com valuation total de R$ 1,8 bilhão, para transformar o setor de materiais de construção.

Crédito: Istock

Vallore: meta de chegar a 30 startups em cinco anos (Crédito: Istock)

Por Beto Silva

Tem sido meteórica a mudança do Grupo Vellore nos últimos três anos. Mas sua atuação já passa de sete décadas. Primeiro com a marca Foxlux, que possui mais de 20 anos de atividade e conta com 650 produtos nos segmentos de iluminação, ferramentas, materiais elétricos e utilidades. Em 2018, incorporou outra companhia de ferramentas para construção e jardinagem, a Famastil, fundada em 1953. Foi a partir de 2020 que a engrenagem da empresa paranaense começou a ser alterada. Inclusive com o surgimento do nome Vellore.

Houve uma organização mais efetiva da companhia, com visão para ampliação do portfólio e união de marcas. É exatamente essa dinâmica que o Grupo Vellore quer dar ao setor de material de construção e, para isso, criou a Vellore Ventures, seu braço de inovação.

Em parceria com a FCJ Venture Builder, tem como missão fomentar e alavancar startups de matcon. Significa gerar avanços em um mercado resistente e tradicional. “Hoje ele é considerado o segundo mais atrasado no Brasil, só perde para o setor de mineração”, disse Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures, que já atuou nas áreas de logística, financeira, automotiva e de comunicação.

“O maior desafio, entretanto, é mudar o mindset do mercado de matcon e encontrar 30 startups realmente comprometidas em sanar as nossas dores.”

A executiva comanda um projeto que vai investir em 30 startups nos próximos cinco anos, com valor de mercado de R$ 60 milhões cada, totalizando um valuation de R$ 1,8 bilhão, para transformar a área de material de construção em 4.0.

Para alcançar essa meta, Patrícia coloca em prática sua experiência no universo do empreendedorismo, com trabalho na Itália. Para ela, as startups brasileiras – e o empreendedor brasileiro de forma geral – é mais criativo e focado na resolução de problemas do que os europeus.

Os italianos, por exemplo, têm direcionado esforços para os setores de games e designer, enquanto aqui as ações são muita mais disruptivas. “Brasileiro é muito rápido e consegue ver as coisas de uma maneira diferente”, disse Patrícia. Por isso, já são 214 startups avaliadas para serem investidas pela Vellore Ventures. Duas já estão com contrato assinado e outras duas estão em processo final de avaliação.

A Vellore Ventures entra na startup no momento em que ela está em fase de crescimento, expandindo serviços e produtos, com o objetivo de alcançar cada vez mais companhias, pequenos e médios empresários, e vai contribuir de forma colaborativa em frentes como governança corporativa, comercial e desenvolvimento de novos produtos. Além de abrir a base de clientes do Grupo Vellore para gerar novos negócios à startup.

CPatrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures (Caio Monteiro)

“O maior desafio é mudar o mindset do mercado de matcon e encontrar startups realmente comprometidas em sanar as nossas dores”
Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures

Aportes que facilitam a vida de clientes e gestores

Uma das que receberam aporte do Grupo Vellore é a Rekeep, que oferece o serviço de análise de vendas por máquinas de cartão, com tecnologia que permite mapear e recuperar valores cobrados de forma incorreta. O benefício é para comerciantes, que podem verificar possíveis cobranças de taxas indevidas feitas a partir das vendas em máquinas de cartão.

O serviço da startup paranaense criada em 2018 já foi utilizado por mais de 450 empresas e localizou mais de R$ 30 milhões em cobranças indevidas.

A Rekeep acompanha todo o processo e explica aos empresários como são calculadas as taxas, já que o ambiente digital é complexo, o que facilita ações incorretas. A partir de uma auditoria das transações de vendas do comércio, são recalculadas as cobranças dos últimos dez anos, mapeando possíveis problemas recorrentes.

A outra investida é a Chavi, também paranaense, fundada em 2019. Ela criou sistema de fechaduras inteligentes, o que torna o processo de abrir portas mais prático, seguro e dinâmico. Assim, permite substituir os transtornos das chaves por simples cliques na tela do smartphone.

Muitas imobiliárias, por exemplo, estão buscando por essas soluções para facilitar seu trabalho, pois retirar as chaves de um imóvel, ir até o local e depois ter de devolvê-las é considerado um processo demorado e desnecessário.

Gustavo de Paula, CEO da Chavi, observa as vantagens de ter aporte da Vellore Ventures. “Vai auxiliar em todo o processo de fortalecimento da marca para o ingresso no mercado de grandes investimentos. Toda a estruturação da área de vendas e marketing vai ser desenvolvida com a metodologia da Vellore”, disse.

“Além disso, poderemos usufruir o acesso ao mercado por meio dos representantes e pontos de venda”, afirmou o comandante da startup.