O novo passo do Nubank
Banco vai investir em soluções para melhorar a relação com o cliente por meio de inteligência artificial
Por Fagundes Schandert
Filho da era das soluções disruptivas, o Nubank tem a aura de um banco novo, mas já não é assim tão iniciante. No dia 18 de maio a empresa brasileira completou sua primeira década de existência. E não foi um período fácil, já que desde 2013 o Brasil enfrentou turbulências econômicas, sociais e políticas, uma pandemia e uma crise mundial. Tudo isso e o Nubank seguia ali, se consolidando como a alternativa aos bancões. Reduzida a turbulência no horizonte, o fundador e CEO David Vélez quer unir a experiência que o tempo trouxe com a inovação que está no DNA da companhia. “Estamos desenhando o Nubank da próxima década”, disse.
O plano é investir pesadamente em inteligência artificial (IA), com foco em ultrapassar a marca dos 80 milhões de clientes espalhados por Brasil, Colômbia e México. “Todos os clientes vão experimentar a plataforma de um jeito fácil, por meio da fala, que é a forma mais democrática de todas”, afirmou.
Sobre a adaptação dos consumidores, ao menos do ponto de vista tecnológico, O CEO afirmou que a transformação será mais rápida e intensa que as revoluções causadas pela web e os smartphones nos últimos 30 anos. Ele lembrou que as famílias demoraram uma década para terem cabos de conexão para a internet de banda larga em casa, e depois disso entre quatro e cinco anos para a popularização dos smartphones. “Para IA, não precisa de nada disso. É mais software que hardware. Todo mundo já está conectado, será mais rápido do que a gente imagina.”
Todo mundo atento
Outros bancos já utilizavam robôs de conversação escrita para atender ao público, mas as respostas são técnicas. A expectativa é que a IA possibilite respostas mais precisas e relativamente mais humanizadas, como pretende o Nubank. Entre os fatos recentes de utilização de IA por instituições financeiras chamou a atenção no final de abril o anúncio do J.P. Morgan Chase de uso de um modelo semelhante ao ChatGPT para analisar declarações e discursos do Federal Reserve (FED) dos últimos 25 anos para cruzar os dados com o comportamento dos mercados.
“Todo mundo já está conectado, a mudança será mais rápida do que se imagina”
David Vélez, CEO do Nubank
No Brasil, a Recovery, do Itaú, trabalha com a Universidade Federal de Goiás (UFG) numa solução de IA para renegociação de dívidas. E no dia 18 de maio, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco informou que tem testado um modelo de IA generativa para acompanhar comunicados e atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ou seja, a IA entrou no radar nos bancos como ponto de partida para a próxima revolução da humanidade.