Tecnologia

Como a Twitch TV, da Amazon, aposta no Brasil para crescer

Twitch TV atrai marcas, criadores de conteúdo e audiência da Geração Z. Brasil é estrada de crescimento para a plataforma de transmissões ao vivo da Amazon

Crédito: Divulgação

CCO global da Twitch, Doug Scott afirma que a companhia está comprometida em continuar os investimentos no Brasil (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Interação e espontaneidade são palavras de ordem para obter sucesso nas redes sociais. O público quer ver algo autêntico e participar. É com essa fórmula que a Twitch TV, plataforma de transmissão ao vivo de eventos de propriedade da gigante Amazon, tem crescido no Brasil e no mundo.

Os exemplos são muitos. O streamer brasileiro Gaules, que está no Top 10 global da plataforma em número de audiência (3,9 milhões de seguidores), usou o formato de cobertura de e-sports para renovar as audiências de esportes tradicionais como basquete, futebol e automobilismo.

Foram mais de 100 partidas ao vivo transmitidas na Twitch para a NBA, com protagonismo do influenciador que só conhecia o ex-jogador Michael Jordan. Outro famoso no mundo digital que também está entre os principais nomes da plataforma mundialmente, Casimiro (Casimito, na Twitch, com 3,6 milhões de fãs) fez dezenas de lives irreverentes durante a Copa do Mundo Fifa em 2022 e alcançou o público mais jovem que não assiste à TV.

Já a streamer feminina Naahzinha obteve os direitos de transmitir partidas de vôlei na Twitch e tem arrebatado fãs. Com esses fenômenos, o Brasil tem se destacado como o país com a maior quantidade de horas assistidas relacionadas a esse tipo de conteúdo. Mas não é só isso.

Inspirado no programa televisivo MasterChef, Coringa, um jogador do game GTA, fez um programa de culinária na Twitch sem saber nada sobre gastronomia. Com convidados como o chef francês Eric Jacquin, promoveu transmissões divertidas e animadas.

Diversificação e conquistas

Essas atividades têm gerado resultados e maior interesse da plataforma no Brasil, disse à DINHEIRO Doug Scott, chief consumer officer global da Twitch. “A empresa está comprometida em continuar investindo no Brasil para ajudar seus criadores a terem sucesso na plataforma, tornando-o um mercado-chave para o crescimento contínuo da Twitch”, afirmou o executivo com vasta experiência em entretenimento, mídia e tecnologia e que comanda os negócios operacionais internacionais da Twitch.

Streamer Gaules é um dos expoentes da plataforma no Brasil e tem destaque global com sua audiência (Crédito:Divulgação)

A Twitch estabeleceu forte presença no País nos últimos sete anos. No início, montou equipes de publicidade e conteúdo, para moldar e educar as empresas sobre como investir, realizar ativações de marca, melhorar o conteúdo e mostrar as possibilidades da indústria de jogos.

E mais recentemente tem se esforçado para melhorar a operação e contratar talentos locais, além de participar de eventos do setor e incentivar o crescimento da produção de conteúdo.

“O sucesso dos criadores locais e suas comunidades altamente engajadas demonstram para a Twitch a necessidade de uma equipe local, com o conhecimento necessário em um dos maiores mercados digitais e sociais do mundo.”
Doug Scott, chief consumer officer global da Twitch

Os números mais atuais abertos pela plataforma apontam que, de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, o número de usuários ativos da Twitch cresceu 112% no Brasil.

Por aqui a audiência é composta principalmente por pessoas entre 15 e 24 anos (51%), integrantes da Geração Z. As marcas observam potencial nesses números. A Coca-Cola Brasil lançou um sabor novo de refrigerante na plataforma ano passado.

Nas transmissões de jogos on-line, as comunidades no Brasil têm características diferentes das de outros países latino-americanos. Jogos competitivos como CS:GO (Counter Strike) e LOL (League of Legends), além de GTAV (Grand Theaft Auto), têm maior concentração no Brasil.

Os três representam 35% do total de horas assistidas no País, contra 10% nos países vizinhos.


Casimiro (ao centro) transmitiu jogos da Copa do Mundo Fifa em 2022 com alguns parceiros (Crédito:Divulgação)

Produção

O mercado nacional tem colaborado para o desenvolvimento da plataforma pelo mundo. A cada mês, até 7 milhões de streamers fazem transmissões ao vivo na Twitch, que tem como principais concorrentes as versões gaming do Youtube, Facebook e TikTok – recentemente foi lançada a Kick, plataforma cofundada pelo bilionário australiano Ed Craven e que tem atraído grandes nomes do streaming e preocupado a Twitch.

Em 2021, 15 milhões de pessoas decidiram transmitir pela primeira vez. “Nossos streamers transmitem, em média, mais de 2,5 milhões de horas de conteúdo por dia em 35 idiomas em todo o mundo, com 200 milhões de mensagens enviadas diariamente nas conversas da plataforma. E mais de 29 milhões de canais foram ao ar em 2021”, disse o executivo.

No ano passado, a plataforma distribuiu US$ 1 bilhão para os streamers. De acordo com o portal Mobile Marketing Reads, a Twitch registrou US$ 2,8 bilhões de receita em 2022. Na conversão de quarta-feira (21), são R$ 13,4 bilhões.

Para efeito de comparação, a Rede Globo, principal veículo de comunicação do Brasil, faturou R$ 15,1 bilhões no mesmo período. “Nenhum outro serviço tem a infraestrutura e as ferramentas que a Twitch tem para alimentar a interação em tempo real com os fãs e ajudar os criadores a monetizar ao mesmo tempo”, disse Scott. Interação e espontaneidade. Palavras de sucesso da Twitch.