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China-EUA: aperto de mãos, sim. Olhos nos olhos ainda não

Crédito:  Leah Millis

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o chinês Xi Jinping: diplomáticos, 'pero no mucho' (Crédito: Leah Millis )

Por Edson Rossi

Para o mundo, uma distensão necessária, em especial para não jogar de vez a economia global na estagflação ­— o que seria inevitável se as animosidades entre americanos e chineses prosseguissem. Para os protagonistas envolvidos, no entanto, o encontro presencial na segunda-feira (19) entre o presidente da China (Xi Jinping) e o secretário de Estado dos Estados Unidos (Antony Blinken, o homem número 2 do país) foi mais gestual. A foto do aperto de mãos sem olhar no olho resume o ‘teatro’.

De toda forma, uma trégua. Temas como a soberania de Taiwan, supostos balões espiões asiáticos, manobras militares no Mar da China, boicote a corporações chinesas (como Huawei) e bilionários subsídios (pelo menos US$ 50 bilhões) do governo Joe Biden às indústrias de chips e veículos elétricos (incluindo baterias) não foram e nem serão resolvidos no curto prazo.

O encontro serviu para mostrar ao mundo que há intenção (e por ora apenas intenção) de civilidade na disputa pelo posto de potência número 1.

Ao The New York Times, autoridades americanas teriam dito que a viagem de Blinken foi necessária porque manter uma diplomacia de alto nível é fundamental para evitar um conflito aberto.

Pelo lado da mídia chinesa, a oficial agência Xinhua disse que os recados de Xi ao americano foram os de que “os dois países devem agir com responsabilidade” e que a “tendência do mundo é inequívoca: de paz, desenvolvimento e cooperação ganha-ganha, porque o velho sistema de colonialismo e hegemonismo não funcionará no mundo de hoje”. Mais claro, impossível.

WORLD’s 50 BEST
Casa do Porco cai, mas continua como o melhor brasileiro

Em uma das mais badaladas premiações da gastronomia, o The World’s 50 Best —, que difere muito do ranking feito pelo Guia Michelin —, o brasileiro A Casa do Porco (dos chefs Janaina e Jefferson Rueda), no Centro de São Paulo, foi eleito o 12º melhor do mundo, cinco posições abaixo do que havia conquistado em 2022. O anúncio foi feito terça-feira (20) na Espanha.

Na liderança ficou o Central, em Lima (Peru), comandado pelos chefs Pía León e Virgilio Martinez. O espanhol Disfrutrar, em Barcelona, ficou na segunda posição.

Este ano, o Brasil teve outros dois representantes na lista — que apesar de se chamar 50 Best elege 100 endereços: Lasai (58º) e Oteque (76º), ambos no Rio de Janeiro. O primeiro é comando pelo chef Rafa Costa e Silva e o segundo, por Alberto Landgraf. A melhor posição já alcançada por um endereço brasileiro no ranking foi o 4º lugar do D.O.M., de Alex Atala, em 2012.

CONGRESSO
Lixo parlamentar

De um lado, Renan Calheiros, senador. De outro, Arthur Lira, presidente da Câmara. No meio, o projeto-aberração da deputada federal Dani Cunha (filha de Eduardo Cunha), aprovado na quarta-feira (14) por bancadas que incluem o PT, que deu 43 votos a favor contra 11.

O texto cria uma casta chamada ‘pessoas politicamente expostas’. Isso inclui parlamentares, magistrados, o topo militar e outros assemelhados + seus parentes em primeiro grau.

A soma pode bater em 400 mil pessoas fora do alcance de leis que hoje já as protegem, como a qualquer outro brasileiro. A loucura, típica de republiqueta sem caráter, foi aprovada com urgência por 252 a 163 votos.

Apenas cinco partidos foram unanimemente contrários: Cidadania, Novo, PCdoB, PSOL e Rede.

O texto estabelece punição a quem se recusar a abrir conta ou conceder crédito a essa turba, que não pode ser discriminada, por exemplo, mesmo que esteja respondendo a processo ou investigação por corrupção.

Podia ser pior: artigo que indicava pena de prisão de dois a quatro anos e multa para quem injuriasse ou ofendesse a dignidade de uma pessoa ‘politicamente exposta’ foi retirado.

O texto vai ao Senado. No domingo, Renan Calheiros tuitou que ele não passa na Casa: “A lei Dani-Lira é um lixo legislativo. Não há hipótese de passar no Senado Federal. Inacreditável o apoio do MDB e PT”, escreveu o senador. O Centrão rebateu a fala de Renan.

RANKING
Em produtividade, Brasil supera apenas quatro países

Ranking da instituição suíça de formação executiva IMD mostra que o Brasil é o 60º colocado num ranking com 64 países sobre produtividade. Estamos à frente de África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela. O índice é elaborado desde 1989 e mede a capacidade de os países aproveitarem a competência de sua população para criar valor no longo prazo, o que depende de infraestrutura, instituições adequadas, políticas públicas e ambiente regulatório. Dinamarca e Irlanda lideram o levantamento.

MUNDO CHIPS
Intel faz investimento recorde na Alemanha

Na segunda-feira (19), a Intel anunciou que aumentará os investimentos em duas novas fábricas de semicondutores na Alemanha de 17 bilhões de euros para 30 bilhões de euros, depois que o governo alemão concordou também em ampliar os subsídios ao projeto, de 6, 8 bilhões de euros para 9,9 bilhões de euros.

É o maior investimento estrangeiro na história da Alemanha. O local de fabricação será em Magdeburgo, e foi apelidado de Silicon Junction, já que vai se vincular a outro investimento da gigante americana na produção de chips — neste caso, com aportes de 4,6 bilhões de euros em Wroclaw (Breslávia, na Polônia), a 470km do complexo alemão. As operações serão essenciais para os planos da UE de dobrar sua participação no mercado global de semicondutores dos menos de 10% de hoje para 20% em 2030.

– 11,27 %
Queda dos preços globais de energia em maio, segundo o Banco Mundial.
A redução foi puxada pela Europa, onde o gás natural recuou 25,2%. Um sinal de respiro para a inflação global e de esperadas reduções de juros a partir do segundo semestre

Jerome Powell, presidente do Fed (Crédito:Drew Angerer)

“Quase todos os participantes do Fomc (comitê que decide a taxa de juro americana) esperam aumentar as taxas um pouco mais até o final do ano. A inflação moderou um pouco desde meados do ano passado, mas as pressões continuam altas. O processo de reduzir a inflação para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer.”
JEROME POWELL, presidente do Fed. Para quem pensa que controlar a inflação sem controle fiscal é tarefa fácil, a lição vem do comandante da maior economia do mundo.