Recarga, oficina, vestiários… Conheça os estacionamentos inteligentes
Rede francesa Indigo expande atuação com serviços de bicicletas e lockers, além de projeto para ampliar instalação de carregadores elétricos e painéis solares
Por Angelo Verotti
Até pouco tempo atrás, o serviço desempenhado pelas redes de estacionamento no Brasil se limitava a disponibilizar vagas aos clientes nos estabelecimentos parceiros, como shoppings, hospitais e aeroportos. Com o avanço da mobilidade urbana e o crescimento dos projetos voltados à sustentabilidade, as empresas passaram a promover o desenvolvimento do segmento ao oferecer propostas que atendam às exigências não só de usuários defensores da causa. É o caso da Indigo.
Com previsão de faturar R$ 1,3 bilhão este ano, a operação brasileira da marca francesa tem adotado estratégias que visam transformar os pontos que administra em hubs de serviços complementares ao estacionamento em si. “Queremos nos tornar um hub de conexão e mobilidade”, afirmou à DINHEIRO Thiago Piovesan, CEO do grupo Indigo Brasil.
O objetivo é pensar mais nos estacionamentos como áreas inteligentes. Para isso, a líder global criou um departamento exclusivo dedicado a produzir e implementar projetos que visam aprimorar a interação dos usuários com esses espaços.
As medidas incluem o compartilhamento de carros e patinetes, instalação de carregadores elétricos para veículo, de painéis solares para geração de energia limpa, de lockers para armazenamento, além de projetos de last mile — que preveem a instalação de pequenos centros de distribuição locados por empresas de logística.
“Estudamos também projetos que incentivem o uso da bicicleta, caso dos cycloparks, muito comuns na França.”
Thiago Piovesan, CEO do grupo Indigo Brasil
A estrutura, além de estacionamento para as bikes, oferece oficina e vestiário aos usuários.
As propostas se estendem aos carregadores elétricos. São mais de 200 instalados em pontos geridos pela empresa que já possibilitaram mais de 2,5 mil abastecimentos.
A meta é que o número de equipamentos mais do triplique até 2025 — e chegue a algo em torno de 700.
Outra iniciativa foi a instalação de placas de energia solar em espaços específicos, como a realizada no edifício-garagem do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba. Foram implantadas mais de 1,2 mil placas que, segundo o CEO, são responsáveis por 50% da energia consumida no local.
O projeto engloba ainda o lançamento de um aplicativo que, inicialmente, vai possibilitar ao usuário pagar tíquete e buscar o estacionamento mais próximo.
A plataforma deverá permitir em breve que uma pessoa reserve vaga em qualquer operação da bandeira. As propostas são estudadas individualmente para cada região do País devido às características distintas e necessidades locais. Os investimentos anuais da Indigo Brasil variam de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões.
Os movimentos fazem parte do processo de crescimento da bandeira no País. No ano passado, a empresa fundiu os negócios com a PareBem e ganhou força na briga com a Estapar.
De acordo com o executivo, as companhias dividem a liderança de um mercado extremamente pulverizado. “As duas juntas devem ter no máximo 25% de share”, afirmou. O equilíbrio na disputa fica evidente nos resultados financeiros referentes a 2022.
O faturamento da Indigo ficou em torno de R$ 1,1 bilhão enquanto o da concorrente foi de R$ 1,2 bilhão. Ao menos 50% da receita da Indigo é proveniente da administração de shoppings. O restante está distribuído entre os demais segmentos.
Portfólio
A Indigo tem na base 370 operações, o que inclui a gestão de estacionamentos em aeroportos, edifícios-garagem, instituições de ensino, hospitais e clínicas médicas, hotéis, parques e shoppings.
São mais de 300 mil vagas em 24 estados. Além do aeroporto na capital paranaense, a companhia tem como destaque a administração do estacionamento do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos; dos hospitais paulistanos Albert Einstein e Sírio-Libanês; dos hotéis Royal Palm Plaza, em Campinas (SP), e Ibis Copacabana, no Rio de Janeiro; parques Ibirapuera e Villa Lobos, em São Paulo; e de shoppings como o Parque Dom Pedro, também em Campinas.
Além da França, a marca tem operações em oito países, e administra no total 2,6 mil estacionamentos em 500 cidades pelo mundo, com mais de 1,4 milhão de vagas e 9,5 mil colaboradores, sendo 4,6 mil no Brasil.
Apesar de destacar que o País oferece arrepios financeiros e político-econômicos, Piovesan visualiza um “mercado maravilhoso” e com oportunidades de crescimento. “Estamos em um momento favorável e a gente acredita (no potencial do País).”