Tecnologia

NEC aposta no telecom brasileiro

Gigante japonesa de US$ 23 bilhões de faturamento reforça atuação no setor de telecomunicações brasileiro e nas oportunidades geradas pelo 5G

Crédito: Istockphoto

Telecom brasileiro: grande potencial de parcerias para a NEC (Crédito: Istockphoto)

Por Victor Marques

Dos cabos submarinos que conectam a internet do mundo até satélites espaciais, esse é o amplo espectro no qual atua a NEC. A Nippon Electric Company (Companhia Elétrica Nipônica), como se chamava até 1983, é uma das empresas globais centenárias que contribuíram para o crescimento do mundo nos últimos 124 anos. Focada em tecnologia para cidades inteligentes, identificação digital, redes & segurança, automação e telecomunicações, atingiu um faturamento de US$ 23 bilhões no ano fiscal de 2022 (3,313 trilhões de ienes), crescimento de 9,9% na comparação com o ano anterior.

Considerada uma das empresas mais valiosas do Japão, tem:

* a maioria de suas receitas (22%) provenientes da sua divisão de soluções para infraestruturas públicas;
* acompanhado por soluções para empresas (19%);
* telecomunicações (17%);
* negócios globais (16%);
* soluções para o setor público e outras fontes, ambos com 13%.

No Brasil desde 1968, ajudou a construir o telecom regional: forneceu e instalou os primeiros equipamentos de transmissão de TV em cores no Brasil e produção local do primeiro rádio digital brasileiro.

Agora aposta no desenvolvimento da tecnologia 5G no País para continuar sua jornada. “Acredito que a indústria de telecom no Brasil continuará a crescer”, disse à DINHEIRO Akihiko Kumagai, vice-presidente executivo e Chefe Executivo Global (CGO) da NEC Corporation.

O foco na nova tecnologia de redes faz parte da estratégia da empresa de fornecer soluções de redes mais eficientes. “Queremos ser um provedor de soluções em vez de apenas fornecedores de hardware”, afirmou. “Logo teremos um foco maior no software do que no hardware”.

Para ele, uma das principais oportunidades desse mercado está na possibilidade de aumentar a capacidade de rede e a acessibilidade em áreas remotas. “Essa é a área que continuará a ser exigida no País, então vamos trabalhar nisso.”

Akihiko Kumagai, Vice-presidente Global da NEC Corporation: “Queremos ser um provedor de soluções em vez de apenas fornecedores de hardware” (Crédito:Divulgação)

Durante o Mobile World Congress 2023, maior evento global sobre conectividade realizado entre fevereiro e março deste ano em Barcelona, a companhia reforçou seu compromisso com o fortalecimento das redes abertas e com o suporte para o crescimento do Open RAN 5G, tecnologia com potencial de acelerar sua implantação a custos mais baixos do que o modelo tradicional.

Atsuo Kawamura, vice-presidente executivo da NEC Corporation, afirmou durante o evento que “os próximos anos serão estratégicos para as operadoras globais traçarem seus planos, a fim de aproveitarem ao máximo as oportunidades do 5G”.

Para sustentar esse foco nas redes de qualidade, a NEC anunciou, em conjunto com a Cisco, novos planos da parceria entre as duas empresas, visando incluir soluções de integração de sistemas e oportunidades potenciais em 5G xHaul (redes que interconectam estações entre si, com a rede principal e, finalmente, com data centers, onde o conteúdo acessado é hospedado) e 5G privado.

Ambas as companhias expandiram as áreas de colaboração, com recursos avançados para automação completa de redes ópticas roteadas, que servirão de suporte à monetização do 5G nas operadoras.

Parceria

Hoje, a NEC trabalha com todas as maiores operadoras do Brasil, como Claro, Vivo e Tim. A nova parceria com a Cisco deve contribuir para expandir a cobertura geográfica de suas soluções com conexões mais fortes e rápidas para elas.

Kumagai afirmou que “nesse primeiro momento, o 5G tem um potencial de aproveitamento maior com as empresas” e “com o tempo, os mesmos benefícios chegam também para os consumidores finais”.

Para ele, a velocidade da nova tecnologia de redes móveis não faz tanta diferença para o consumidor comum, que utiliza os dispositivos móveis para navegação simples, em sites, vídeos e redes sociais. O 4G dá conta. Já as promessas do 5G standalone abrem portas para diversas aplicações industriais, com sensores, carros autônomos, entre outras tecnologias que necessitam de um tempo de resposta mínimo. “Veremos um aumento grande na produtividade das instituições, em todos os setores”, afirmou Kumagai.