A expansão da AR&CO
Divisão da Arezzo&Co representou 26% do faturamento do grupo em 2022 e quer crescer com parcerias, diversificação do portfólio e modelo de franquia para cidades menores
Por Lara Sant’Anna
Desde que chegou ao mercado em 2010 a Reserva foi notada. Seja pelas campanhas publicitárias e posicionamentos muitas vezes polêmicos, seja pelo pica-pau em suas roupas. Importante player no universo do vestuário masculino, desde a incorporação ao Grupo Arezzo&Co, em 2020, a grife ganhou outras possibilidades de crescimento com a entrada de capital.
Como resultado, foram criadas marcas, como a Simples, de roupas básicas e mais acessíveis, e a Reversa, de vestuário feminino. Com faturamento de R$ 1,2 bilhão em 2022 (26% de todo o grupo Arezzo no Brasil), a AR&CO planeja seu futuro tendo a diversificação como chave.
O crescimento passa pelo licenciamento da Reserva, abertura de 70 novas lojas franqueadas em cidades menores, entre 80 mil e 250 mil habitantes, e consolidação do ecossistema.
“A visão desse negócio sempre foi a de ser a melhor e, por consequência, a maior casa de marcas do Brasil.”
Rony Meisler, CEO da AR&CO.
As marcas do pica-pau, que compreendem a Reserva e suas sublabels, são as principais da AR&CO. E é com base nelas que duas vertentes de crescimento se sustentam. A expansão física e o licenciamento. No primeiro trimestre de 2023, a AR&CO somava 180 lojas, com a maioria sendo da Reserva. Dessas, 75 eram franquias.
Nos próximos dois anos, a ideia é quase dobrar esse número, abrindo outras 70 no formato light, desenvolvida para cidades pequenas e médias. Essas franquias congregam tanto Reserva como Reserva Go, de calçados. O formato foi lançado em junho e tem metragem menor e sortimento mais perene, seguindo a mesma lógica implementada pela Arezzo ainda em 2016.
Esse movimento de interiorização das lojas monomarca, segundo Lyana Bittencourt, CEO da consultoria Bittencourt, é explicado pelo desenvolvimento do País, consequente enriquecimento das cidades e as possibilidades de crescimento das empresas. Com mais competição nas capitais, ir para o interior torna-se uma estratégia imprescindível.
Para Lyana, “existe um estágio em que a marca não consegue crescer mais se não tiver multiformatos”. “As franqueadoras andam conforme o potencial de consumo do País e adaptam formatos para essa característica”, disse a especialista.
Outra aposta da Reserva é com o licenciamento da marca. Chamado de Reserva Lifestyle, o plano consiste em expandir a Reserva para categorias que vão além do calçado e vestuário com outras empresas e indústrias. A experiência já rendeu uma linha pet, com a Petlove, e uma coleção de óculos no ano passado.
A possibilidade abre espaço para relógios, perfumes e acessórios, no mesmo modelo que outras grifes mundo afora se projetam. Além disso, na visão de Meisler, ajuda a desenvolver a indústria nacional.
Ecossistema
No último ano, duas novas marcas passaram a compor a AR&CO. A primeira foi a Reversa, linha de roupas femininas. Além da venda no site, ela tem uma loja própria no Rio de Janeiro, está em mais de 100 multimarcas pelo Brasil e disponível em 12 unidades da Reserva.
Segundo Meisler, a ideia é que as marcas caminhem em conjunto, em uma única bandeira. Para isso, as lojas da Reserva estão passando por expansão e reforma que também servirá para disponibilizar a Reversa em mais unidades, além de aumentar a participação desta nas vendas, hoje entre 8% e 10% das lojas. A expectativa é que em 2024, a Reversa esteja presente em 20 unidades.
Outra iniciativa promissora é a Simples, com roupas mais básicas, comparada a uma Hering. No final de maio, a marca inaugurou sua primeira loja física no Rio de Janeiro. A loja-piloto vai servir de teste de desempenho de categorias e estrutura. Oferece serviços como personalização na hora — parte importante da experiência das marcas AR&CO.
Segundo Meisler, “a gente tem um monte de coisa para testar nessa loja, entender como vai o resultado e, a partir do ano que vem, desenhar o processo de crescimento”. Além da loja, entre agosto e setembro a Simples começa a ser vendida para multimarcas.
O foco agora é consolidar essas apostas com ganho de eficiência. “É difícil a gente falar que não vamos fazer qualquer aquisição ou consolidação no futuro. Muito provavelmente iremos”, disse Meisler. “Mas neste ano a ideia é focar no que a gente tem e fazer crescer e prosperar as sementes plantadas.”