A força do skin care
Simple Organic planeja crescer 52% em 2023 com a entrada em novos segmentos, expansão dos pontos de venda e consolidação da operação no exterior
Por Lara Sant’Anna
Houve um tempo não tão distante em que o ápice da skin care era passar Leite de Rosas no rosto antes de dormir. A ciência evoluiu, o conhecimento aumentou, os produtos ficaram mais acessíveis e a indústria de cuidados com a pele só tem crescido. No Brasil, diversas marcas surgiram com o espírito da geração Z (nascidos entre 1997 a 2012), ou seja, são digitais e vendem a ideia da preocupação com a sustentabilidade e com a qualidade.
Uma dessas marcas da nova geração é a Simple Organic, lançada há seis anos por Patrícia Lima. Ela se tornou um sucesso nas redes sociais e um case de como impulsionar negócios pelo TikTok.
A vitrine chamou a atenção de grandes players, até que foi comprada em 2020 pela farmacêutica Hypera, que teve receita líquida de R$ 7,5 bilhões em 2022.
A Simple Organic reporta crescimento de 182% entre 2021 e 2022 e neste ano espera crescer 52% ao aumentar sua participação no mercado nacional, presente em cada vez mais pontos de venda físicos, entrando em novas categorias, como vitaminas e produtos para crianças, além de mirar o exterior.
A empresa tem descoberto que não pode ser só digital. A necessidade de se conectar com os consumidores, ter mais visibilidade e conquistar novos clientes leva a investir nos pontos de venda físicos.
Para isso atua em duas frentes:
• as vendas em farmácias e as lojas próprias, que também funcionam no modelo de franquia.
Atualmente o número total de unidades é de 35, localizadas em shoppings e ruas, e 1,2 mil pontos de venda nas farmácias, com a projeção de chegar a 1,7 mil este ano. Segundo Patrícia, “a loja física é o grande ambiente da marca”, porque “é a consolidação de tudo o que a gente é”.
Esses espaços funcionam também como ponto de experiência para os clientes, com experimentação dos produtos, pontos de logística reversa e até spas faciais. Justamente para proporcionar essa relação com os consumidores é que a Simple Organic está reformulando seu projeto de loja, deixando-as maiores.
• Além das lojas físicas, a Simple Organic quer entrar em novas categorias de produtos. Dois a curto prazo: vitaminas e linha kids. Para o primeiro grupo, o desafio é encontrar fornecedores que estejam alinhados aos princípios da empresa, de ser veganos e éticos do ponto de vista ambiental e social.
A iniciativa parte da visão de mercado de que esse segmento é mal suprido de opções na linha da sustentabilidade.
“As vitaminas que a gente vê no Brasil hoje não são voltadas para geração Z e Millenials, seja na linguagem, no posicionamento ou na comunicação.”
Patrícia Lima, fundadora da Simple Organic
Já a linha infantil será assinada pela modelo Carol Trentini e vai incluir desde bebês até a primeira infância. A ideia é cativar quem já é cliente da marca e pode aproveitar da própria experiência e momento de compra para adquirir produtos para os filhos, diminuindo assim o custo de aquisição de clientes.
Internacionalização
Outra parte do processo de expansão da Simple Organic é a internacionalização. A marca já nasceu visando o mercado externo, mas o sucesso no Brasil fez os planos serem adiados por um período. A empresa possui um site internacional e vende pela Amazon nos Estados Unidos, país foco dessa expansão.
A ideia agora é usar a força da comunidade brasileira na região, assim como a brasilidade da marca para cativar os consumidores do norte. Isso porque o mercado americano é mais competitivo e mais maduro para marcas com a proposta natural e vegana. “Lá somos mais uma, mas o que nos diferencia é que somos uma marca brasileira”, disse Patrícia.
São cinco centros de distribuição nos Estados Unidos e uma estratégia de crescimento que também se sustenta no uso do TikTok. A plataforma foi a grande alavanca da Simple Organic no Brasil e está na base da divulgação da marca em solo americano.
Para a conquista de novos clientes, a Simple Organic usou uma estratégia comum às farmacêuticas e marcas mais consolidadas ao aproveitar o canal de médicos para validação e indicação de uso dos produtos.
A empresa aposta em pesquisas para comprovação dos resultados e tem um time de representantes para fazer o relacionamento com esses profissionais.
“Os médicos não tinham testes clínicos de marcas naturais. Não existia”, disse Patrícia. Com isso, a empresa ganha com a credibilidade, além de conquistar consumidores a partir da indicação.