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O motor a todo vapor

Crédito: Gabriela Biló

Carlos José Marques: "No essencial, a PEC dos impostos promove mudanças estruturais significativas em favor de inúmeros setores da cadeia produtiva e gera um efeito cascata sistemático com maior eficiência em todas as áreas" (Crédito: Gabriela Biló)

Por Carlos José Marques

Dez em cada dez economistas apontam que a Reforma Tributária recém-aprovada na Câmara dos Deputados e que segue agora para o Senado tem poder de fogo suficiente para catapultar a economia a um novo patamar. A previsão que predomina na praça é de um crescimento acelerado e sustentável, tirando o Brasil da mesmice de uma inércia recessiva que perdurou por anos.

De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a reviravolta tributária em andamento pode elevar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em cerca de 2,39% até 2032, comparativamente a um cenário em que a reforma não ocorreria. Para todos os efeitos, apenas esse percentual representa quase o dobro da variação anual registrada ao longo da década.

É como pular de patamar de crescimento. No essencial, a PEC dos impostos promove mudanças estruturais significativas em favor de inúmeros setores da cadeia produtiva e gera um efeito cascata sistemático com maior eficiência em todas as áreas. O impacto multiplicador de seus benefícios serve de alavanca para retroalimentar o processo, em um ciclo positivo constante. O principal elemento de mudança contido no projeto é o da simplificação.

Com ele, o potencial de aumento da competitividade no chão de fábrica, e mesmo no varejo e nas atividades de serviços, é enorme. Maior geração de empregos, com um ambiente de negócios mais arejado e saudável, também entrou no radar.

Finalmente! Em grande parte, as empresas multinacionais estão no grupo daquelas corporações que sentem a virada para melhor dos resultados. Bem otimistas, funcionando como termômetro dos ânimos externos aqui, elas apontam que irão conseguir uma sinergia maior dos cálculos de matrizes com os de suas respectivas subsidiárias. A celebração da virada de ambiente é generalizada e inclui de empresas de alimentos, bebidas e tecnologia às de suprimentos e medicamentos.

O interesse pelo País, no rastro da melhora do ambiente de atuação, disparou. Os capitais globais que já estavam à procura de novos portos seguros, em meio à crise europeia, ao conflito dos russos com os ucranianos e à indefinição das políticas norte-americanas, incluíram o Brasil como alternativa que pode vir a receber robustos aportes de recursos.

Mas convém ter calma. Decerto, por aqui, a economia irá mudar devagar, com os primeiros testes do ajuste fiscal ocorrendo em etapas. Há leis complementares e votações que ainda estão por vir e outras etapas igualmente importantes que demandam tempo. A fase de bonança está quase sacramentada e mesmo a economia verde, baseada em ações sustentáveis, pode se sair beneficiada, segundo apostam os analistas.

Hoje, segundo o mesmo Ipea, quase metade da receita tributária é gerada sobre consumo de bens e serviços, impedindo o crescimento econômico sustentável de longo prazo. Com as transformações previstas não será mais assim. Simulações revelam que os ajustes na estrutura tributária priorizam cadeias mais longas com impacto favorável no plano das metas de ESG. Haverá, consequentemente, aumento no saldo de empregos. No todo, dá para se dizer, é um ganha-ganha que se estabeleceu como janela de oportunidade para o País.

  • Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três