Os sete dragões que os líderes empresariais precisam derrotar

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César Souza: momento pleno de incertezas e indefinições (Crédito: Divulgação)

Por César Souza 

A façanha de São Jorge — o intrépido Santo Guerreiro que ficou imortalizado na lenda em que derrota um dragão assustador em Silene, na Líbia — pode servir como uma útil metáfora para os líderes empresariais que precisam superar obstáculos visando garantir o amanhã das empresas que dirigem. O momento exige que pelo menos sete dragões sejam enfrentados de forma eficaz pelos dirigentes dos diferentes tipos de negócio:

1. Falta de clareza sobre o Propósito e o Posicionamento da empresa no mercado. Afinal, Propósito não é O QUE a empresa faz, nem o COMO. Propósito é O POR QUE — a razão de ser, o benefício que a empresa cria para seus clientes e para a Sociedade! Precisa ser repensado o Propósito que foi definido em uma realidade que já não existe mais;

2. Falta de clareza sobre os Resultados Desejados, tanto os quantitativos quanto os qualitativos. O momento exige ir muito além dos tradicionais indicadores como Faturamento e Lucro Líquido. O alto custo financeiro requer que a taxa de retorno sobre o capital empregado, assim como a geração líquida de caixa e o nível adequado de endividamento passem a ser adicionadas ao cardápio de monitoramento de desempenho empresarial. Metas de crescimento e fatia de mercado no médio prazo devem levar em conta a garantia da saúde e sustentabilidade financeira no curto prazo.

3. Falta de clareza sobre os nichos de Clientes aos quais a empresa pretende servir, tanto no B2C quanto no B2B. Não adianta mais a velha máxima de o que cair na rede é peixe. A dispersão e a falta de foco impedem a dedicação aos clientes que se converteria em fidelização dos mesmos. Mais do que nunca, a Clientividade precisa ser incorporada à cultura das empresas. Fundamental conhecer com muito maior profundidade o que os clientes de fato valorizam. Estamos sendo imprescindíveis ou estamos perdendo relevância para os nossos Clientes chave?

“Só com um conjunto de vitórias sobre esses diferentes tipos de obstáculos seremos capazes de resgatar o rumo e melhorar as chances de carimbarmos o passaporte para o futuro das
nossas empresas”

4. Falta de clareza sobre o Modelo de Gestão, a Estrutura Organizacional e a consequente Governança. Está cada vez mais claro que Estruturas piramidais e conservadoras precisam ceder lugar a formas mais dinâmicas e ágeis, pragmáticas e meritocráticas.

5. Falta de clareza sobre o Mapa de Competências dos Talentos que fazem toda a diferença na hora de executar a estratégia e transformar metas em resultados.

6. Falta de clareza sobre o Mapa de Atitudes, o ativo intangível das empresas vencedoras, com pessoas com “postura de donos”, assertivas, protagonistas, proativas que busquem soluções em vez de listar problemas.

7. Falta de clareza sobre as Prioridades Estruturantes que turbinem as empresas rumo ao próximo patamar desejado, evitando o desperdício de energia com a dispersão inerente à falta de foco estratégico.

Poderia continuar listando vários outros dragões a serem enfrentados e iniciativas a serem postas em prática, tais como o baixo nível de inovação, o ineficiente hub de parcerias estratégicas, dentre outros dragões que minam o sucesso empresarial. Mas se esse conjunto apontado acima não puder passar por suficiente, vale acrescentar mais um desafio a ser superado por todos aqueles que aspiram ao exercício da liderança eficaz, quer seja no trabalho, em casa ou na comunidade.

É a capacidade para vencer o nosso “dragão interior”, aquele que consome e enfraquece o nosso íntimo e, se não vencido, pode comprometer a nossa inteligência emocional, a ética, a integridade e a necessária harmonia entre as diferentes dimensões das nossas vidas.

Só com um conjunto de vitórias sobre esses diferentes tipos de obstáculos seremos capazes de resgatar o rumo e melhorar as chances de carimbarmos o passaporte para o futuro das nossas empresas, nesse momento pleno de incertezas e indefinições.

César Souza é presidente do grupo Empreenda, consultor, palestrante e autor de “Seja o líder que o momento exige”(Best Business, 2018) e do mais recente “Passaporte para o Futuro” (2022).