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Um lugar, muitas possibilidades

Com área de 60 hectares na pequena Nova Roma do Sul (RS), a Casacorba oferece experiências em torno do vinho, da gastronomia, do azeite e até da cachaça

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Vinícola Casacorba, em Nova Roma do Sul (RS): muito além do vinho (Crédito: Divulgação)

Por Celso Masson

Com apenas 3,5 mil habitantes, a cidade gaúcha de Nova Roma do Sul, a 150 km de Porto Alegre, ainda não é conhecida como polo de turismo. No que depender da família Tessaro, que em 1999 inaugurou a Vinícola Casacorba dentro de uma propriedade de 60 hectares, isso irá mudar.

O gestor do complexo, Marcos Scatolin, e as instalações que somam 4,1 mil m2 de área construída e incluem sete cabanas para hospedagem. Projeto homageia origem italiana da família Tessaro (Crédito:Divulgação)

A vinícola agora é parte de um complexo enoturístico e gastronômico que não se limita a oferecer experiências em meio a vinhedos, canaviais e olivais. A produção de vinhos, espumantes, destilados e azeite de oliva é agora parte de uma experiência sensorial completa com wine bar, restaurante comandado pelo chef Rodrigo Bellora (conhecido pelo premiado Alma, em Cambará do Sul) e a Villa Casacorba, com sete cabanas que dão vista para um lago.

Para o gestor do complexo, Marcos Scatolin, o local foi pensado para atender ao máximo às exigências de quem busca exclusividade em torno do vinho, da gastronomia e da natureza. “Este complexo nos desafia a ir além de entregar qualidade em tudo o que fazemos”, afirmou.

O nome Casacorba homenageia a origem da família Tessaro, que em 1888 deixou a comuna de Vedelago, em Treviso, na região italiana do Vêneto, para se estabelecer na Serra Gaúcha. Hoje, a propriedade é a única no Brasil que produz vinho, azeite e destilado de cana-de-açúcar no mesmo lugar.

Integrante da Associação Passo do Vinho, o complexo soma uma área construída de 4,1 mil m². Os vinhedos ocupam 30 hectares, que em 2022 produziram a matéria-prima para 150 mil garrafas, das quais:

* metade é de espumantes,
* 40% de vinhos,
* e 10% de suco de uva.

Para o enólogo Tiago Bergonzi, responsável pela vinificação, todos os produtos são feitos com profundo senso do terroir, respeitando a identidade do local. “Já sabemos no vinhedo o que queremos entregar em cada garrafa”, disse o enólogo que elabora 19 rótulos.

Alambique

Além dos espumantes e dos vinhos, a Casacorba tem um alambique onde são elaborados os destilados à base de uva (brandy e grapa) e as cachaças que envelhecem em 50 barricas: 30 de carvalho francês, 12 de carvalho americano e oito de amburana.

A cana também é toda colhida na propriedade ­— assim como as olivas, das variedades Arbequina, Koroneiki e Arbosana. Elas são colhidas diretamente das 1,5 mil oliveiras plantadas em 2012 e o azeite é produzido desde 2018 em um lagar que integra o circuito de visitação.

Com tanto para ver e degustar, o ideal é passar um bom tempo por ali. Para quem pretende se hospedar, há sete cabanas ao redor de um lago. Para cada uma, os proprietários encomendaram uma obra de arte exclusiva. Um lugar que realmente oferece muitas — e sempre agradáveis — experiências.

Onde a comida é criada como arte

O preparo, e a apresentação, dos 15 pratos servidos pelo chef Goya para grupos de até dez pessoas é meticuloso (Crédito:Divulgação)

Com o sobrenome de um mestre espanhol da pintura, o chef Uilian Goya faz de seu omakase uma obra-prima

À primeira vista, pode parecer uma homenagem ao mestre espanhol Francisco de Goya, o maior nome das artes de seu país no final do século 17 e início do 18. Mas Goya Zushi leva o sobrenome de seu criador, Uilian Goya, e carrega a tradição de sua família de imigrantes.

Depois de passar por diversos restaurantes paulistanos, em 2022 ele abriu o espaço em que prepara um magistral omakase. A palavra, que pode ser traduzida por “eu confio em você”, é usada na gastronomia para banquetes preparados a partir de ingredientes sazonais e frescos, em geral adquiridos no mesmo dia em que são servidos.

Camadas de sabor

A técnica segue a tradição kaiseki, que preza pelos meticulosos preparos e apresentações, equilibrando sabores, texturas e cores. No Goya, o menu degustação (R$ 490) tem dez etapas, podendo chegar a 15 passos considerando os sushis, que são sempre uma surpresa.

Segundo o chef, a sequência segue uma ordem de sabor e textura. “Os outros pratos complementam o jantar com camadas de sabor, sempre elevando as nuances da culinária japonesa”, afirmou Goya, que recebe até dez clientes por serviço, somente mediante reserva, de terça-feira a sábado, na região dos Jardins, em São Paulo.