Cansou dos velhos amigos? Aplicativo pode ajudar na busca por novos

Por Vitória Ribeiro

Enquanto deslizar “sim” ou “não” para perfis de pessoas consideradas ‘compatíveis’ vêm se tornando uma prática cada vez mais comum na busca por relacionamentos casuais ou amorosos, o isolamento social causado pela pandemia de Covid-19 colaborou com a busca expressiva dos ‘matches’ de amizade. A percepção partiu do aplicativo Bumble, que existe desde 2016. Mas uma participação expressiva de pessoas utilizando o aplicativo apenas no modo ‘amizade’ levou a empresa ao lançamento de um novo app, o Bumble For Friends (BFF), criado especificamente para combinar os perfis daqueles que buscam novos amigos.

De acordo com Beth Berger, gerente-geral do Bumble For Friends, a quantidade expressiva de usuários que recorrem ao app como forma de fazer amigos não está relacionada apenas ao fato de o Bumble ser o único aplicativo de relacionamento com a possibilidade de ser utilizado com esse objetivo, mas também ao sentimento de solidão impulsionado pelo contexto pós-pandêmico.

“O sentimento de solidão é global e a necessidade de criar laços com pessoas que acompanhem seus estágios da vida é algo universal.”
Beth Berger, gerente-geral do Bumble For Friends

Pesquisa realizada pela Bumble Inc., empresa-mãe de Bumble, Bumble For Friends, Badoo, Fruitz e Official, chamou atenção ao mostrar que os matches de amizade têm tido um impacto maior para a Geração Millennial (nascidos entre 1981-1996), que engloba pessoas entre 27 e 42 anos.

De acordo com o estudo, feito com 1 mil usuários do Bumble, 71% dos millenials declararam que fazer amigos on-line diminuiu sua solidão, o maior índice entre todas as gerações.

Em breve a novidade deve aportar no Brasil, apesar de o mercado para a companhia aqui ainda ser irrisório.

A nova solução deve seguir a configuração que tornou o Bumble conhecido como o ‘app feminista da paquera’ por dar apenas às mulheres permissão para iniciar uma conversa no caso de um match envolvendo homens e mulheres.

A decisão, segundo Berger, é uma forma de diminuir as possibilidades de casos de assédio dentro da plataforma. O grande diferencial do novo aplicativo, de acordo com ela, é que diferentemente do Bumble os usuários do BFF poderão utilizar a localização geográfica para encontrar amigos próximos.

Entrevista
Beth Berger gerente-geral do Bumble for friends (bff)

No ano passado, o grupo Bumble fez US$ 903,5 milhões em receitas, 18% acima de 2021, mas ainda não performou no positivo: as perdas somaram US$ 114 milhões. De acordo com o Business of Apps, o aplicativo alcançou 50 milhões de usuários no ano passado, aumento de 11% em um ano. A empresa não divulga dados sobre países específicos. Segundo Beth Berger, gerente-geral do Bumble For Friends, não há expectativas sobre o impacto financeiro ou número de usuários que podem ser alcançados. Pesquisa do Statista prevê que a receita no mercado de encontros on-line deve atingir US$ 2,9 bilhões em 2023.

DINHEIRO — Por que a aposta no Bumble For Friends?
BETH BERGER — Durante esses sete anos, notamos que houve um crescimento simples e orgânico do modo For Friends, sendo que atualmente 50% dos usuários ativos utilizam essa versão do aplicativo.

O que move esse comportamento?
Pudemos notar, a partir da análise de usuários, que o sentimento de solidão é global e a necessidade de criar laços com pessoas que acompanhem seus estágios da vida é algo humanamente universal e que pode ser atrelado às novas tecnologias. Nesse sentido, optamos por desenvolver o novo aplicativo, que é independente.

A que perfil de público ele é destinado?
Quando falamos da geração Z (pessoas que têm até 26 anos), sabemos que encontrar amizades via internet é muito comum, é uma geração que cresceu em um mundo muito tecnológico. Mas digamos que você já está em um relacionamento, acabou de ter o primeiro filho e gostaria de conhecer pessoas para trocar experiências. É nesse sentido que ter um app completamente focado em amizade ajuda na construção desse tipo de vínculo.