Tecnologia

Mercado está de má vontade com a Netflix?

Crédito: Harun Ozalp | Anadolu Agency | AFP

Netflix: estratégias de crescimento vistas com desconfiança pelos investidores (Crédito: Harun Ozalp | Anadolu Agency | AFP)

Por Edson Rossi

Mais receitas e lucro líquido maior. Resultado? Queda nas ações. A Netflix vive aquele momento clássico em que o mercado parece ter lógica própria e descolada da realidade. No trimestre encerrado em 30 de junho, cujos resultados foram divulgados na quarta-feira (19), as receitas foram de US$ 8,2 bilhões (2,7% a mais do que no segundo trimestre do ano passado) e o lucro líquido variou também positivamente (3,2%), para US$ 1,5 bilhão no mesmo período. Mesmo assim, os papéis desabaram 8,4% no dia seguinte (quinta-feira, 20). O mercado entendeu que a empresa deu poucos detalhes sobre as receitas. A estratégia da Netflix para ampliar o faturamento não veio a partir do aumento de preços das assinaturas, mas especialmente ancorada num filtro mais severo de compartilhamento de contas, ‘cancelando’ o acesso de muito usuários e forçando que se tornem assinantes. Na teleconferência de resultados, o diretor financeiro Spencer Neumann disse que o aumento de preços foi colocado em segundo plano diante da nova política de acesso. Já o dinheiro vindo da publicidade não parece ainda ser uma expectativa de curto prazo. “Será um aumento gradual de receita”, afirmou Neumann. O recuo do preço das ações permanecia até a terça-feira (25), que abriu com queda de 10,5% em relação ao dia 19.

Música, posts em texto…
As novas armas do TikTok

Primeiro foi o TikTok Music, lançado no começo de julho no Brasil e na Indonésia (respectivamente terceiro e segundo maiores mercados do app, atrás apenas dos Estados Unidos). Outra novidade, anunciada na segunda-feira (24), é a possibilidade de criação de postagens apenas em texto (de até 1 mil caracteres). No entanto, as atenções estão voltadas mesmo para o serviço musical da rede, num ringue que tem gigantes como Apple Music, Spotify e YouTube Music. Apesar da desvantagem na disputa com esses adversários, o TikTok confia em sua base de usuários, que é de 1,1 bilhão em 160 países, segundo DataReportal e Wallaroo. Isso reduz o custo de aquisição de assinantes para o serviço de música, em teste também em Austrália, Cingapura e México.

Com ia, o fim da aposentadoria

Para muitos, a inteligência artificial (IA) poderá ser o fim de um emprego. Para Sergey Brin, cofundador do Google, o contrário. Segundo The Wall Street Journal, Brin voltou a trabalhar presencialmente de três a quatro dias por semana na sede da empresa, em Mountain View (EUA). Ele está especialmente envolvido no projeto Gemini, o modelo de IA do Google, e atuando inclusive na contratação de pesquisadores estratégicos. Brin e Larry Page, o outro cofundador, haviam deixado o dia a dia executivo-operacional da Alphabet em dezembro de 2019.

Musk explica mudança no Twitter

O mundo da tecnologia acordou na segunda-feira (24) sendo informado da maior das mudanças na história do Twitter, a rede social criada há 17 anos e adquirida no ano passado pelo bilionário Elon Musk. A icônica companhia vai mudar de nome e matar seu tradicional logo do passarinho azul. Uma decisão que especialistas julgam temerária. A rede se chamará X. “Twitter fazia sentido quando eram apenas mensagens de 140 caracteres indo e voltando, como pássaros cantando”, disse Musk. “Mas agora você pode postar quase tudo, incluindo horas de vídeo, e em breve conduzir pelo app todo o seu dia a dia financeiro. Nesse contexto, devemos dar adeus ao pássaro.”

 

“Se a indústria automobilística avançasse tão rapidamente quanto a indústria de semicondutores, um Rolls Royce rodaria meio milhão de milhas por galão [210 mil km por litro] e seria mais barato jogá-lo fora que estacioná-lo.”
Gordon Moore (1929-2023) Foi cofundador e CEO da Intel

43 bilhões de euros
Europa aprova chips act

O Conselho Europeu finalizou na terça-feira (25) a etapa que faz nascer o Chips Act, legislação que prevê 43 bilhões de euros em investimentos públicos e privados para alavancar a estratégica indústria de semicondutores, da qual a Europa responde hoje por 10% da produção mundial. A meta é chegar ao dobro.

Sandro Ricardo