Selic em queda? País aguarda reunião decisiva
Por Edson Rossi
Terça-feira (1) e quarta-feira (2) serão uma espécie de final de Copa do Mundo para a economia brasileira e o governo Lula III. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá sobre a Selic, que navega em 13,75% há exatamente um ano, ou oito reuniões do Copom no período. Há consenso no mercado — e principalmente há indicadores na própria ata do último comitê — de que haverá queda. Ajuda nessa percepção o IPCA-15 divulgado na quarta-feira (26), de -0,07%, deflação acima da esperada pelos especialistas (de -0,03%). A aposta é saber se o corte do juro será de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 13,50%. Se isso se confirmar, haverá apenas mais três rodadas para jogar o índice nos 12% que o mercado prevê no Relatório Focus. Ou seja, seriam necessários três cortes mais intensos, de 0,50 ponto cada. A ver. Porque para chegar na projeção do próprio mercado, as quatro reuniões do Copom entre agora e o fim do ano vão precisar navalhar a Selic em 1,75 ponto. Outro foco de atenção será a divulgação da ata com o comportamento e os argumentos de Roberto Campos Neto e seus diretores do BC. Todas as últimas decisões sobre a Selic tiveram respostas unânimes, mas este será o primeiro encontro com dois votos de quadros recém-empossados — Ailton de Aquino (diretor de Fiscalização) e, principalmente, Gabriel Galípolo (diretor de Política Monetária), visto como o homem do governo Lula III no BC.
CORTE SUPREMO
Aqui, inteligência artificial não assusta
Levantamento feito pelo UOL e divulgado no domingo (23) mostra que mais da metade dos juízes recebeu em abril e maio vencimentos acima do teto constitucional de R$ 41,6 mil (brutos), salários de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A origem é a de sempre: penduricalhos que inexistem no setor produtivo ou mesmo para o grosso dos demais servidores públicos (ajudas de custo, licenças-prêmio, auxílio-moradia etc etc etc). Em abril, 11,9 mil magistrados (da ativa ou aposentados) embolsaram acima do teto. Em maio, foram 12,2 mil. Isso equivale à metade dos 24 mil desses funcionários públicos cujos pagamentos estão disponíveis no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A reportagem analisou 74 tribunais (80% das cortes do País). Ao todo, nos dois meses houve 1,9 mil recibos acima de R$ 100 mil. Em abril, a remuneração campeã foi de R$ 677 mil, do TJ gaúcho. Em maio, o recorde foi do TJ fluminense, com R$ 914 mil. Magistrados têm direito a dois meses de férias a cada 12 meses, mais o recesso de fim de ano… “Compõem o total de rendimentos [de R$ 914 mil] indenização de 240 dias de férias, com o respectivo terço constitucional, 210 dias de licença especial e 99 dias de plantão não usufruídos quando em atividade […] Deduzidos esses valores, o crédito em favor do magistrado fica em R$ 35.912,48”, afirmou o TJ em nota à reportagem do UOL. Tente explicar isso ao Brasil real.
“Assim como quero em relação aos pilotos nos aviões em que voo, quando se trata de política monetária prefiro pensar que há alguém com bom senso nos controles.”
Martin Feldstein (1939-2019) economista americano, ex-professor de Harvard, ex-assessor econômico de Ronald Reagan
MIRANDO A ÁSIA
Volks compra 5% de chinesa
Com investimento de US$ 700 milhões para o desenvolvimento em parceria de dois veículos elétricos (EVs), a Volkswagen passou a ter o controle de 4,99% da chinesa Xpeng. O anúncio foi feito na quarta-feira (26). O acordo é parte decisiva na estratégia da montadora alemã de ter posição relevante no maior mercado do planeta para o segmento de EVs. Os dois veículos serão lançados a partir de 2026 e terão o software Xpeng para condução autônoma. Duzentos minutos após o anúncio, as ações da chinesa negociados nos Estados Unidos subiam 27%.
PAULO GUEDES, O RETORNO
Adivinhe quem vem para o jantar?
Sem a âncora Jair Bolsonaro a turvar profundamente suas atitudes, Paulo Guedes vai ter a chance de mostrar que coração & mente podem ressurgir das cinzas. Ele foi anunciado na segunda-feira (24) como chairman e sócio da empresa de investimentos Legend Capital. A organização tem cerca de R$ 11 bilhões sob gestão, em dois braços: gestão de patrimônio e assessoria de investimentos. No DNA da Legend Capital há desde o BTG até ex-sócios da XP, passando pelo empresário-celebridade Roberto Justus.
TAXA NADA BÁSICA
Federal reserve sobe juro pela 11a vez em 12 reuniões
Esta notícia vai para os sabichões de política monetária que enxergam em dinheiro barato saída para descontrole inflacionário — contradizendo qualquer evidência conceitual e empírica sobre o assunto. Pois na quarta-feira (26), o Fed decidiu aumentar sua taxa referencial em 0,25 ponto (para 5,25%-5,50%), o maior nível em 22 anos. Foi a 11ª elevação nas últimas 12 reuniões do Fomc (o comitê de política monetária dos Estados Unidos), desde março do ano passado. Ninguém pode reclamar que o presidente do Fed, Jerome Powell, não seguiria nesse caminho para controlar a inflação e jogá-la de volta à casa dos 2%. O índice nos EUA caiu para 3% em junho, o menor desde março de 2021 (estava em 4% em maio). A pausa nas altas realizada pelo Fomc em junho em nada mudou o que Powell sempre disse a respeito do tema.