Meios de pagamentos: como a Adyen usa tecnologia para aumentar a receita
Empresa holandesa de adquirência usa tecnologia para melhorar a experiência de compra dos consumidores
Por Lara Sant’Anna
Para o varejo toda ajuda é bem-vinda. Com muita competitividade, margens apertadas e um consumidor cada vez mais exigente, é necessário usar todos os recursos possíveis para se diferenciar e prosperar. Nessa jornada, até os meios de pagamentos se tornam armas para realizar mais vendas e trazer uma experiência diferenciada. Para a Adyen, multinacional de adquirência, o segredo está no uso da tecnologia. A empresa holandesa reportou receita líquida de 1,3 bilhão de euros em 2022, processando 767,5 bilhões de euros em pagamentos.
Na América Latina, a receita foi de 97,8 milhões de euros. A estratégia da empresa está em mostrar que os pagamentos podem servir para melhorar a jornada do consumidor, ajudar a integrar mais tecnologia na operação e permitir inovação.
Segundo o CCO (diretor comercial) da empresa, Roelant Prins, “se você começar a ver o valor disso, de repente os pagamentos deixam de ser uma área focada em custos para virar muito mais uma tecnologia facilitadora de mudança”, disse.
A Adyen tem como foco grandes varejistas. No Brasil desde 2011, tem na carteira de clientes Magazine Luiza, Dafiti, IFood, entre outros. De olho na jornada omnichannel de seus clientes e dos consumidores, a empresa volta seus esforços em ter soluções que integrem os pagamentos em meio físico e digital.
A modalidade, segundo o Relatório Varejo 2023, desenvolvido pela Adyen em parceria com a Opinium Research LLP e Censuswid, mostra que apenas 29% dos varejistas brasileiros utilizam sistema de comércio unificado e com isso conseguiram aumento de 4% na receita.
Globalmente, a pesquisa projetou aumento de R$ 28,5 trilhões no setor se mais varejistas adotarem o comércio unificado. Para Prins, muitas empresas brasileiras continuam com uma operação defasada em sua estrutura de pagamentos, considerando que usam sistemas diferentes para cada canal ou soluções de vários bancos, que exigem diferentes esforços.
“Se você realmente quer fazer a mudança para atender melhor o seu cliente, precisa de uma solução de tecnologia, e isso é diferente do que os bancos oferecem.”
Roelant Prins, CCO da Adyen
Nessa jornada, com a tecnologia como guia, o uso de dados dos consumidores se torna arma importante. A Adyen tem buscado formas de mapear o perfil de consumo das pessoas e com isso oferecer para os seus clientes soluções e serviços que os ajudem a realizar mais vendas, indo além da adquirência.
No Relatório Varejo 2023, a empresa descobriu que 86% dos compradores desejam descontos personalizados dos varejistas com os quais compram regularmente.
Enquanto 69% desejam que os varejistas se lembrem de suas preferências e histórico de compras para uma navegação mais personalizada. Essa demanda por personalização faz com que o perfil de consumo e dados coletados se tornem um diferencial. Uma das soluções da Adyen permite cruzar a pesquisa do consumidor por um produto on-line, com a efetivação da compra em uma loja física, o que faz com que a publicidade digital seja direcionada para a pessoa correta no momento correto.
Segundo Eduardo Terra, sócio da HiPartner e presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), a relação do varejista com as empresas de adquirência sempre teve como elo forte a taxa cobrada nas operações.
E, com as mudanças e digitalização do setor, empresas como a Adyen estão buscando trazer mais valor agregado para essa relação com o uso da tecnologia. “Muitas das empresas adquirentes têm buscado produtos digitais com dados, com informações, com insights, trazendo na relação adquirente-varejista um melhor nível de serviço, segurança e produtividade ao nível estratégico, por meio de insights”, disse.
ENTREVISTA
Roelant Prins, CCO da ADYEN
Como os meios de pagamento têm mudado e como os varejistas estão preparados para essas mudanças?
A mudança é maior do que nunca e mais rápida do que nunca. Há iniciativas como o Pix, e formas de pagamento que são mais rápidas, de menor custo e acessíveis a todos. É uma tendência que você vê em vários mercados. Usar formas de pagamento diferenciadas é algo que vai acontecer. A segunda coisa é toda a troca de ‘aqui estão meus detalhes de pagamento’. Isso vai mudar e será removido rapidamente. Estamos vendo isso não apenas no on-line, mas também nas lojas físicas. Muitos varejistas com os quais trabalhamos estão preocupados em como podemos obter mais self-checkout com o telefone. Além disso, o balcão do caixa da loja personaliza as formas de interação. Muita coisa está mudando, e isso é só o começo. Acho que vai ser bem diferente daqui a cinco ou dez anos.
Quais seriam os limites para o uso das informações pessoais dos consumidores nessa relação?
A chave aqui é que tudo o que você faz precisa ser do interesse do cliente. Qualquer coisa que você faça em torno dos dados, tente se beneficiar dos dados do cliente, os venda para outros ou tente otimizar para si e não há benefício para o consumidor, é uma área proibida. Claro que a regulamentação não permite, mas também as pessoas nunca vão concordar. Acho que o ponto de partida é pensar nos cenários de como se usa os dados e ser realmente transparente para o cliente. Por que estou pedindo os dados? O que vou fazer com isso? É sobre transparência e concordar [com a cessão das informações]. Não há atalho. Mas se for do interesse deles, tudo bem.