Saneamento, água e civilidade

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Radamés Casseb, CEO da Aegea (Crédito: Divulgação)

Por Lana Pinheiro

No Brasil de 2023, mais de 100 milhões de pessoas não têm rede de esgoto e 35 milhões não têm acesso à água potável. Meta para acabar com o problema existe. Pelo estabelecido no Marco Legal do Saneamento, o País tem exatos dez anos para que 90% da população (hoje em 203 milhões de pessoas) tenha acesso à coleta e ao tratamento de esgotamento sanitário e 99% à água tratada em suas torneiras. O desafio é tão relevante que a dúvida sobre seu cumprimento é legítima, mas na Aegea, empresa privada de saneamento, trabalha-se para cumpri-lo. “Por meio da água, elemento fundamental para todos, conseguimos transformar a vida das pessoas, principalmente com foco nos mais vulneráveis”, disse Radamés Casseb, CEO da Aegea. Em 13 anos de atividades no País, a companhia passou de seis municípios atendidos para os atuais 489, distribuídos em 13 estados. A expansão de 8.000% significa 30 milhões de pessoas beneficiadas com os serviços prestados. Entre trabalhos de destaque está o realizado em Piracicaba (SP), onde os investimentos executados pela Mirante, concessionária do grupo, garantiram a universalização do saneamento em dois anos de concessão. Já em Timon (MA), investimentos que somam R$ 183 milhões possibilitaram 100% de acesso à água tratada e 40% de cobertura de coleta e tratamento do esgoto para os cidadãos. No Rio de Janeiro, onde cerca de 300 mil passaram a ter água tratada e encanada por meio do serviço executado pela companhia, um levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil em 2022 apontou que os benefícios econômicos da expansão do saneamento nos blocos 1 e 4 da concessão da Cedae do Rio de Janeiro, adquiridos em 2021 pela Aegea, podem somar R$ 37 bilhões em 30 anos. “Com evidências positivas de Norte a Sudeste do País, sabemos que quando a gente faz, a vida acontece”, afirmou o executivo.

Alimentação

Uma COP mais saudável

(Divulgação)

A COP-28 a ser realizada em Dubai de 30 de novembro até 12 de dezembro deve ser a mais nutritiva de todas. O compromisso foi declarado pelo presidente do evento, Sultan Al Jabar, em resposta ao pleito da Youngo, ala jovem da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, do movimento Food@COP e da ProVeg International, organização de conscientização alimentar. O pedido, que foi aceito por meio de carta, é que ao menos três quartos de todas as opções de alimentos no cardápio da maior cúpula sobre o meio ambiente do mundo sejam plant-based, culturalmente inclusivos e preferencialmente, de produção local. À frente do movimento, está a ativista brasileira e membro do ProVeg, Lana Weidgenant. “É uma grande conquista. Nunca tivemos uma resposta como essa e todos os anos os jovens e a sociedade civil pressionam por uma alimentação amigável na conferência sobre o clima”, afirmou. Em sua carta, Jabar disse que com a decisão pretendem “demonstrar sistemas alimentares em ação na própria COP”.

Ministra Marina Silva (Crédito:Divulgação)

“Não há dúvidas. Já estamos vivendo um mundo de múltiplas crises: da mudança do clima, da perda da biodiversidade, da poluição da água, da desigualdade, da pobreza, da fome e da violência.”
Ministra Marina Silva na reunião de ministros de meio ambiente e clima do G20.

FORMAÇÃO

Mestrado no exterior para negros e indígenas

(Iara Morselli)

Brasileiros pretos, pardos ou indígenas, com graduação completa ou em processo de conclusão, que queiram cursar mestrado ou pós-graduação no exterior, mas que não têm condições financeiras, podem concorrer a vagas de bolsa do programa Alcance. A iniciativa promovida pela Fundação Lemann e Instituto Four oferece bolsa de estudo por dois anos com cursos de inglês, workshops, acompanhamento e orientação em todas as etapas do processo de seleção em diversas universidades no exterior. O programa inclui também custeio das taxas dos testes de proficiência. “Há poucas pessoas pretas, pardas e indígenas que seguem esse caminho de desenvolvimento profissional. Esse é o nosso maior propósito”, afirmou Wellington Vitorino, fundador e CEO do Instituto Four. Inscrições até 7 de setembro de 2023.

INCLUSÃO

Formação tech para migrantes

(Divulgação)

Cinquenta migrantes de Angola, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Haiti, Tunísia e Venezuela que residem em nove estados brasileiros são os primeiros formandos do curso de formação gratuita em tecnologia promovido pelo Itaú Unibanco e Toti Diversidade. A parceria foi firmada por meio da 4a edição do edital LGBT+ Orgulho, onde o banco e o Instituto +Diversidade buscaram projetos de promoção de visibilidade, segurança e respeito às pessoas LGBT+. Um dos caminhos para o fim é a empregabilidade. “A pessoa formada no curso pode desempenhar qualquer função inicial em programação”, disse Bruna Amaral, CEO e fundadora da Toti. Mais de 55% dos formando fazem parte da comunidade LGBTQIAP+.

Papo Responsável

Entrevista com Helen Brito, gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree)

Helen Brito, gerente da Abree (Crédito:Marco Pinto)

Como avalia o racismo corporativo? Quais as metas de logística reversa para os eletroeletrônicos?
Temos como meta fazer a logística reversa de um percentual em peso desde produtos colocados no mercado. Assim, em 2021 o setor tinha a obrigação de fazer o processo de logística reversa com 1% do volume total em peso dos produtos comercializados. Em 2022, subiu para 3% e agora é 6%. Para o ano que vem, o compromisso é de 12% e em 2025 temos que chegar a 17%.

Qual a grande dificuldade?
Falta de infra-estrutura. No Sul e Sudeste temos uma boa rede de reciclagem. Mas em outras regiões, a infra-estrutura é precária. Mesmo em Manaus, com a Zona Franca, ainda não tempos uma empresa apta com todas as licenças necessárias para tratar o resíduo localmente. O material é trazido para o Sudeste via cabotagem para então ser manuseado.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituiu a corresponsabilidade de todos os agentes na
logística reversa. Funciona?
O grande problema está nos varejistas. Como não há metas estipuladas para eles, o engajamento é muito baixo. E veja bem, a gente coloca o coletor na loja, faz toda a logística, trata e destina corretamente o material, entrega o relatório com todos os dados da logística reversa que eles podem usar em seus relatórios e ainda assim muitos não participam.