Tecnologia

Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft nadam de braçada no mar de IA

Big Techs têm resultados melhores que os projetados por analistas — uma resiliência movida por Inteligência Artificial

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Susan Li, CFO da Meta, diz que foco da empresa estará em inteligência artificial e metaverso. Papéis valorizam 154% em sete meses (Crédito: Divulgação)

Por Edson Rossi

Trimestre a trimestre são sempre números impressionantes. O resumo dos resultados das Big Techs (Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft) mostra uma robustez que pode ser traduzida pelo valor de mercado conjunto das cinco: US$ 9,2 trilhões, mais que o PIB somado de Japão (US$ 4,2 tri) e Alemanha (US$ 4,1 tri), terceira e quarta maiores economias do mundo. Quando um fato é recorrente, e esse fluxo de dinheiro é recorrente, torna-se nuclear saber os porquês. Desta vez, a resposta comum às cinco é inteligência artificial (IA).

Até para quem não tem feito barulho a respeito, como a Apple. Ela precisou dizer que não está adormecida quanto ao tema. “Temos feito pesquisas sobre IA generativa e machine learning há anos, e [essas soluções] estão virtualmente incorporadas em todos os nossos produtos”, afirmou na quinta-feira (3) o CEO da empresa, Tim Cook.

No primeiro semestre, as receitas da Apple tiveram leve recuo de 2% e o lucro líquido viu retração de 0,9% em relação ao primeiro semestre de 2022. Nada que abalasse o pagamento de dividendos, que seguiu em linha com os últimos trimestres (US$ 0,24 por ação). Ainda assim, o mercado não reagiu bem. Porque enxerga a companhia distante da vanguarda de IA.

Desde o fechamento da bolsa na quinta-feira (3), dia do anúncio de resultados, as ações caíram mais que 6% em dois pregões. Muito. Foi a exceção entre as cinco gigantes. Não é nada que tire o sono da segunda empresa de capital aberto mais valiosa do mundo (US$ 2,8 tri) — atrás apenas da petroleira saudita Aramco (US$ 7,9 tri). De toda forma, recado claro de que a IA manda no jogo.

A Amazon entendeu. No documento que acompanha a divulgação de resultados, também apresentados na quinta-feira (3), Andy Jassy, o CEO, afirmou que a “AWS aumentou a posição de liderança na nuvem com uma série de lançamentos de IA generativa que a tornam muito mais fácil e econômica para as empresas treinarem e personalizarem seus modelos”.

No texto da Amazon, IA generativa foi citada 14 vezes. No da Apple, zero. No primeiro semestre, as receitas totais do grupo Amazon cresceram 10,8% sobre o mesmo período de 2022 e o lucro líquido teve alta de 432,8% (havia ficado US$ 2 bilhões negativos e saltou para US$ 6,7 bilhões positivos).

Apple e Amazon fecharam a rodada de divulgação de resultados trimestrais, já que Alphabet, Meta e Microsoft haviam anunciado os números uma semana antes, a última de julho.

Na companhia mãe do Google, a Alphabet, as receitas semestrais subiram 4,9% e o lucro líquido variou positivamente 3,0%. O detalhe mais importante, contudo, nem foi o avanço das receitas de nuvem em dois dígitos altos, e sim uma decisão mais sutil de reunir parte do Google Research (uma área chamada Brain Team) e a DeepMind num novo grupo, o Google DeepMind.

A decisão havia sido anunciada no fim de abril, mas na prática este é o primeiro trimestre com a mudança oficializada. O motivo? “Acelerar significativamente o progresso em inteligência artificial”, afirmou a empresa em seu relatório.

Será rápido?

Na Microsoft, IA também foi o tema nuclear. No documento de apresentação dos resultados, o CEO Satya Nadella já foi direto ao ponto. “As organizações se perguntam não apenas como — mas com que rapidez — podem aplicar a próxima geração de IA em oportunidades e desafios.”

A companhia, vale ressaltar, é a principal investidora na startup sensação do mundo da inteligência artificial, a OpenAI, dona das soluções Dall-E 2 e ChatGPT. No primeiro semestre, as receitas da Microsoft subiram 7,7% e o lucro líquido cresceu 14,7%.

Por fim, a menor delas, a Meta, também andou relativamente bem na primeira metade de 2023. Apesar de o lucro recuar 4,6%, o faturamento cresceu 6,9%. Acima de tudo, o mercado enxerga com otimismo os movimentos internos da empresa de Mark Zuckerbergentre as cinco Big Techs, foi o papel com a maior valorização este ano (154%!).

Por que tamanha expectativa? A resposta vem da CFO, Susan Li. “Esperamos que alguns fatores impulsionem o crescimento das despesas em 2024”, afirmou no relatório de resultados. Sim. A Meta já avisou que deve colocar dinheiro no balde.

Isso ocorrerá, segundo Susan, à medida que invistam em oportunidades mais atraentes. “Incluindo IA e metaverso.” A senha foi dada. E as gigantes da tecnologia mergulharam forte na Era IA.