Coluna

Em vez de lixo, energia e cimento

Crédito:  Arthur Nobre

Eduardo Porciuncula, gerente geral da Verdera (Crédito: Arthur Nobre)

Por Lana Pinheiro

Ganhar dinheiro com lixo. Resumindo a grosso modo, a Votorantim Cimentos está provando que esse negócio não só é possível, como é rentável. Esse foi um dos motivos que fez a empresa, com receita líquida de R$ 25,8 bilhões no ano passado, decidir em 2019 transformar sua área de coprocessamento em unidade independente. Assim nasceu a Verdera, cujo objetivo sob o comando do gerente geral Eduardo Porciuncula é vender soluções de gestão de resíduos ao mercado, de um lado, e atender a Votorantim Cimentos em seu processo de substituição térmica — troca de combustíveis fósseis por alternativos —, de outro. A meta é chegar a 53% de substituição até 2030, evolução importante sobre 2022, quando o índice foi de 26,5% na operação global e 31,3% no Brasil. Nesse processo pensado para viabilizar a produção de cimento neutro em emissão de CO2 em 2050, o pretróleo é substituído por resíduos industriais e urbanos, pneus e biomassas. Neste último grupo, casos interessantes como o uso do caroço do açaí (na unidade do Pará) e de cascas de arroz (nas unidades de Centro-Oeste e Sul) em projetos em parceria com o Instituto Votorantim.

“É um processo sustentável que se adequa às realidades regionais, sendo também um importante instrumento de transformação social”, afirmou Porciuncula à DINHEIRO. A grande escala, porém, vem da gestão de resíduos gerados pela indústria e por centros urbanos. Entre os clientes dessa frente, grupos como Bosch, Boticário e Renault. Na ponta do coprocessamento, o serviço é exclusivo para a empresa mãe. “Nossa oferta é 100% absorvida intermanente”.

A entrega de matérias-primas para alimentar os fornos que já ultrapassa 1 milhão de toneladas deve aumentar como resultado de investimentos como os US$ 150 milhões que a Votorantim Cimentos está fazendo na unidade de Salto de Pirapora (SP).

O financiamento, obtido junto ao International Finance Corporation (IFC), foi o primeiro do setor conectado a indicadores de sustentabilidade e será usado para aumentar o nível de substituição térmica da operação de 30% para 70%. E assim, o plano de Porciuncula é manter o ritmo de crescimento aquecido: 20% ao ano.

16,5%
foi a alta do desmatamento no Cerrado nos últimos 12 meses, alcançando 6,3 mil km². O número é o maior da série histórica iniciada em 2018. Na Amazônia, o índice caiu 7,4%

Recursos

Bolsas de 2,6 mil euros a projetos de impacto social

(Divulgação)

O governo da Alemanha, por meio da Fundação Alexander von Humboldt, selecionará dez brasileiros que queiram desenvolver projeto que possam impactar positivamente a sociedade. A bolsa tem duração de um ano e o valor chega a 2,6 mil euros/mês. Ao fim do período de estadia na Alemanha, os selecionados ainda têm um encontro reservado com o chanceler Olaf Sholz. “É uma busca aos líderes do amanhã”, afirmou o presidente do Instituto Sócio Cultural Brasil Alemanha, Thomas Timm. Ao todo, são oferecidas 50 bolsas em cinco países. “O Brasil é, sem dúvida, o que mais se destaca”, disse.

Amazônia

Violência contra as defensoras da floresta

“Presidente Lula, por favor, concretize sua promessa de reparação com nossos povos, já”, diz indígena Txai Suruí em artigo publicado na Folha de S. Paulo
de 7 de agosto (Crédito:Divulgação)

O Instituto Igarapé aproveitou a Cúpula da Amazônia, realizada terça (8) e quarta (9) no Pará, para lançar o estudo sobre a violência contra as mulheres defensoras da floresta. Das 287 entrevistadas em Brasil, Colômbia e Peru, 47% já sofreram algum tipo de agressão. Os mais comuns são:

Pesquisa

Demanda por boas práticas ESG é insatisfatória

(Divulgação)

O estudo Relatório de Varejo produzido pela plataforma de tecnologia de pagamentos Ayden e obtido com exclusividade pela coluna, mostra que apesar de os avanços, a agenda ESG ainda precisa evoluir muito. De acordo com o documento, apenas 37% das empresas dizem que examinam todos os fornecedores parceiros para garantir que estejam alinhados em aspectos de ética e valores socioambientais. Além disso, somente uma em cada cinco empresas busca ativamente a agenda de carbono zero. Diante dos números, Thais Fischberg, presidente da Adyen América Latina, alerta: “Defender temas relacionados a ESG não pode ser mais um plano para o futuro”, afirmou. “Os consumidores estão atentos a isso e a tendência é que as próximas gerações estejam ainda mais.” Quem não se adequar tende a perder negócio.

Diversidade em tecnologia

Ricardo Neves, CEO da NTT Data e membro do Conselho da Brasscom

(Divulgação)

A inclusão de negros em empresas de tecnologia é crucial, porém sua participação ainda não ultrapassa 30%, segundo a Brasscom. Na NTT Data, buscamos mudar essa realidade. Oferecemos treinamentos gratuitos em tecnologia para grupos minorizados, beneficiando mais de 2 mil negros no último ano. Conscientização é essencial, então realizamos diversos letramentos para nossos 5 mil colaboradores no País. Em cumprimento à LGPD, conduzimos um censo para confirmar dados da nossa população negra, criando um claro diagnóstico para embasar as ações. Por exemplo, para impulsionar a representatividade de negros na liderança (atualmente 12%), criamos um programa de mentoria exclusivo, focado no desenvolvimento profissional e empoderamento racial. O apoio da Iniciativa Empresarial tem sido fundamental!”