Em vez de lixo, energia e cimento
Por Lana Pinheiro
Ganhar dinheiro com lixo. Resumindo a grosso modo, a Votorantim Cimentos está provando que esse negócio não só é possível, como é rentável. Esse foi um dos motivos que fez a empresa, com receita líquida de R$ 25,8 bilhões no ano passado, decidir em 2019 transformar sua área de coprocessamento em unidade independente. Assim nasceu a Verdera, cujo objetivo sob o comando do gerente geral Eduardo Porciuncula é vender soluções de gestão de resíduos ao mercado, de um lado, e atender a Votorantim Cimentos em seu processo de substituição térmica — troca de combustíveis fósseis por alternativos —, de outro. A meta é chegar a 53% de substituição até 2030, evolução importante sobre 2022, quando o índice foi de 26,5% na operação global e 31,3% no Brasil. Nesse processo pensado para viabilizar a produção de cimento neutro em emissão de CO2 em 2050, o pretróleo é substituído por resíduos industriais e urbanos, pneus e biomassas. Neste último grupo, casos interessantes como o uso do caroço do açaí (na unidade do Pará) e de cascas de arroz (nas unidades de Centro-Oeste e Sul) em projetos em parceria com o Instituto Votorantim.
“É um processo sustentável que se adequa às realidades regionais, sendo também um importante instrumento de transformação social”, afirmou Porciuncula à DINHEIRO. A grande escala, porém, vem da gestão de resíduos gerados pela indústria e por centros urbanos. Entre os clientes dessa frente, grupos como Bosch, Boticário e Renault. Na ponta do coprocessamento, o serviço é exclusivo para a empresa mãe. “Nossa oferta é 100% absorvida intermanente”.
A entrega de matérias-primas para alimentar os fornos que já ultrapassa 1 milhão de toneladas deve aumentar como resultado de investimentos como os US$ 150 milhões que a Votorantim Cimentos está fazendo na unidade de Salto de Pirapora (SP).
O financiamento, obtido junto ao International Finance Corporation (IFC), foi o primeiro do setor conectado a indicadores de sustentabilidade e será usado para aumentar o nível de substituição térmica da operação de 30% para 70%. E assim, o plano de Porciuncula é manter o ritmo de crescimento aquecido: 20% ao ano.
16,5%
foi a alta do desmatamento no Cerrado nos últimos 12 meses, alcançando 6,3 mil km². O número é o maior da série histórica iniciada em 2018. Na Amazônia, o índice caiu 7,4%
Recursos
Bolsas de 2,6 mil euros a projetos de impacto social
O governo da Alemanha, por meio da Fundação Alexander von Humboldt, selecionará dez brasileiros que queiram desenvolver projeto que possam impactar positivamente a sociedade. A bolsa tem duração de um ano e o valor chega a 2,6 mil euros/mês. Ao fim do período de estadia na Alemanha, os selecionados ainda têm um encontro reservado com o chanceler Olaf Sholz. “É uma busca aos líderes do amanhã”, afirmou o presidente do Instituto Sócio Cultural Brasil Alemanha, Thomas Timm. Ao todo, são oferecidas 50 bolsas em cinco países. “O Brasil é, sem dúvida, o que mais se destaca”, disse.
Amazônia
Violência contra as defensoras da floresta
O Instituto Igarapé aproveitou a Cúpula da Amazônia, realizada terça (8) e quarta (9) no Pará, para lançar o estudo sobre a violência contra as mulheres defensoras da floresta. Das 287 entrevistadas em Brasil, Colômbia e Peru, 47% já sofreram algum tipo de agressão. Os mais comuns são:
Pesquisa
Demanda por boas práticas ESG é insatisfatória
O estudo Relatório de Varejo produzido pela plataforma de tecnologia de pagamentos Ayden e obtido com exclusividade pela coluna, mostra que apesar de os avanços, a agenda ESG ainda precisa evoluir muito. De acordo com o documento, apenas 37% das empresas dizem que examinam todos os fornecedores parceiros para garantir que estejam alinhados em aspectos de ética e valores socioambientais. Além disso, somente uma em cada cinco empresas busca ativamente a agenda de carbono zero. Diante dos números, Thais Fischberg, presidente da Adyen América Latina, alerta: “Defender temas relacionados a ESG não pode ser mais um plano para o futuro”, afirmou. “Os consumidores estão atentos a isso e a tendência é que as próximas gerações estejam ainda mais.” Quem não se adequar tende a perder negócio.
Diversidade em tecnologia
Ricardo Neves, CEO da NTT Data e membro do Conselho da Brasscom
“A inclusão de negros em empresas de tecnologia é crucial, porém sua participação ainda não ultrapassa 30%, segundo a Brasscom. Na NTT Data, buscamos mudar essa realidade. Oferecemos treinamentos gratuitos em tecnologia para grupos minorizados, beneficiando mais de 2 mil negros no último ano. Conscientização é essencial, então realizamos diversos letramentos para nossos 5 mil colaboradores no País. Em cumprimento à LGPD, conduzimos um censo para confirmar dados da nossa população negra, criando um claro diagnóstico para embasar as ações. Por exemplo, para impulsionar a representatividade de negros na liderança (atualmente 12%), criamos um programa de mentoria exclusivo, focado no desenvolvimento profissional e empoderamento racial. O apoio da Iniciativa Empresarial tem sido fundamental!”