Interior paulista terá sua arena
Empresas por trás do Allianz Parque, do Palmeiras, lideram consórcio para transformar estádio de Araraquara em polo de eventos
Arena multiuso virou o objeto de desejo de todo clube de futebol que quer se tornar adulto e entrar na modernidade. Mais que isso: amplificar as receitas. Vale também para as cidades que hospedam esses espaços — que tracionam a economia local sediando não apenas eventos esportivos, mas também grandes shows, feiras e convenções. Nessa óptica é que Araraquara, a 280km de São Paulo, enxerga o anúncio de que seu estádio municipal vai ser totalmente transformado.
Por trás do projeto estão Integritate e Reag, duas empresas que conduziram o exemplo mais bem sucedido dessas arenas no País, o Allianz Parque, do Palmeiras, na Zona Oeste de São Paulo. “É exatamente com essa experiência e visão que vamos ajudar a implementar o projeto de Araraquara”, afirmou o CEO da Reag, João Carlos Mansur.
Luis Davantel, sócio e CEO da Integritate, enfatiza ainda o ganho socioeconômico. “Vai potencializar a região toda”, disse. Serão investidos R$ 20 milhões em cinco anos. As obras começarão em setembro.
A licitação para o complexo foi vencida pelo consórcio Nova Fonte Luminosa, controlado pela Revee (Real Estate Venues & Entertainment Partcipações), que por sua vez pertence 50% à Integritate e 50% à Reag.
A Integritate é uma empresa especializada em governança e compliance. Já a Reag Investimentos é a maior administradora independente de recursos do País, tendo sob gestão mais de R$ 180 bilhões em ativos.
Foi de seu fundador e CEO, Mansur, a ideia embrionária, lá em 2008, de transformar o antigo estádio Palestra Itália, do Palmeiras, na arena Allianz Parque. “Apresentamos a Affonso Della Monica Netto, então presidente do clube, com o apoio do diretor de Planejamento da época, Luiz Gonzaga Belluzzo, o projeto que serviria tanto como estádio quanto para abrigar eventos”, afirmou Mansur. “E a Integritate coordenou com a WTorre [a construtora do estádio].”
PIB
Esse know-how é que será aplicado no interior paulista. Segundo Davantel, a escolha do local é estratégica. Araraquara fica:
* a pouco mais de duas horas de Campinas (190km) e São José do Rio Preto (170km),
* a duas horas de Bauru (130km) e Piracicaba (140km),
* e a pouco mais de uma hora de Ribeirão Preto (90km).
Todas as cinco são polos regionais e cidades com forte movimento econômico e acadêmico, de inovação & pesquisa.
O estado de São Paulo respondeu por R$ 2,4 trilhões (24%) do PIB brasileiro de 2022 (R$ 9,9 trilhões) e somente o interior (tirando Grande São Paulo e litoral), por 11% — à frente de Rio de Janeiro (7,6%), Minas Gerais (6,9%) e todos os demais estados.
“Há forte concentração de elevado poder aquisitivo e, num raio de 150 km, vivem 4 milhões de pessoas”, afirmou Davantel. População atrás apenas das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e equivalente às da Grande Fortaleza e Grande Porto Alegre.
Por todos esses números a arena do interior tem enorme potencial de ser referência e mesmo inspiração a outros espaços equivalentes fora das capitais.
Pelo projeto, a mudança incluirá o Estádio da Fonte Luminosa (hoje utilizado pela Ferroviária, time de futebol da Série B paulista), com 30 mil lugares.
Ele será transformado em uma arena multiuso de jogos de futebol e grandes shows.
Haverá ainda:
* um pavilhão de 12 mil m² para feiras,
* teatro de 1 mil lugares,
* ginásio para 8 mil,
* e praça de 20 mil m².
“No decorrer da obra também está previsto um Strip Center, para atrair varejistas e desenvolver todo o novo distrito de entretenimento”, disse Davantel.
O consórcio vencedor da licitação terá concessão por um período de 35 anos, e irá gerir o negócio com outorga inicial de R$ 10 milhões. Pelo uso dos espaços, a prefeitura da cidade irá receber R$ 52 mil mensais, além de parte (1%) da receita líquida pela exploração do complexo.
O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), disse que o município ainda terá direito a utilizar o espaço em 25 datas por ano sem o pagamento de locação. “Mas, para a cidade, o mais importante mesmo é o desenvolvimento de uma âncora econômica que irá gerar emprego, renda e movimentará setores importantes da economia regional”, afirmou. “Esse será o grande legado.” Potencial lição do que é uma verdadeira parceria público privada.