Por César Souza

A mitologia grega tem várias figuras emblemáticas e Hércules é um dos mais conhecidos e admirados por suas lendárias façanhas superando obstáculos pensados como intransponíveis. Assim como esse herói, os líderes empresariais não devem se inibir diante dos inúmeros desafios que o momento exige. Precisam estar preparados e o caminho para se tornarem mais eficazes e construírem empresas longevas e sustentáveis não é nada simples. Exige muito foco, determinação e perseverança em pelo menos cinco prioridades:

#1 — Construir um propósito claro capaz de inspirar e mobilizar suas equipes, indo muito além do que e do como. Precisam enunciar e convencer as diversas “partes interessadas” (ou stakeholders) sobre o porquê, a razão de ser, o motivo da existência da empresa daqui para frente, visando garantir o amanhã do seu negócio;

#2 — Cultivar o “capital liderança”, o verdadeiro ativo que não aparece no balanço das suas empresas. Líderes de qualidade são necessários em todos os níveis e não apenas no topo. Precisamos desenvolver líderes eficazes, não apenas gerentes eficientes. A competência requerida não reside mais somente em liderar pessoas e equipes, mas também em liderar clientes, parceiros e atores em todo o cluster do negócio. As empresas precisam de líderes construtores de pontes e integradores de soluções inovadoras e diferenciadas. Líderes que joguem para ganhar, em vez de jogarem para não perder;

#3 — Criar uma cultura da clientividade, que ajude a empresa nos seus diversos níveis a entender o que de fato os seus clientes valorizam. Empresas sem clientes felizes e fiéis deixam de existir.

#4 — Montar um poderoso hub de parceiros. A competição deixou de ser restrita à guerra entre produtos e marcas. A disputa passa a ser também por talentos e por recursos tecnológicos, naturais e obviamente financeiros. As organizações vencedoras se diferenciarão no campo das parcerias, joint ventures e alianças estratégicas. Atuar apenas com foco dentro da empresa não é mais suficiente.

# 5 — Definir com clareza os resultados desejados tanto os quantitativos quanto os qualitativos ­— imagem, reputação, satisfação, confiabilidade, segurança, etc. Muito importante perceber que seja dedicada especial atenção à rentabilidade, ao retorno sobre o capital empregado que precisa ser superior ao custo do capital adquirido, a geração líquida de caixa e ao nível razoável de endividamento. Em vários casos esses indicadores podem ser mais relevantes do que o faturamento ou a fatia de mercado.

Entre os desafios do gestor está aumentar a capacidade de inovação, garantir excelência na execução da estratégia e incorporar práticas de boa governança. Mas é preciso manter a coerência entre o que diz e faz

Poderia listar vários outros desafios — talvez chegando a 12, mesmo número que Hércules teria enfrentado, segundo a mitologia. Entre os desafios do gestor está aumentar a capacidade de inovação, garantir excelência na execução da estratégia e incorporar práticas de sustentabilidade, diversidade e boa governança no modelo de negócio e no modelo de gestão. Porém, enfatizo como sexta grande tarefa o aperfeiçoamento da autoliderança. É preciso manter a coerência entre o que diz e faz. Inspirar pelo exemplo e garantir harmonia nas diferentes dimensões da nossa vida. Afinal, quem não é um líder competente de si mesmo dificilmente conseguirá liderar os outros com eficácia.

A partir das provocações aqui contidas, prepare a sua própria lista customizada de “trabalhos hercúleos” que você precisa realizar para se tornar um líder mais conectado com as tendências já evidentes e assim aumentar as chances de garantir o seu lugar e o da sua empresa no futuro.

César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda