Negócios

Grupo Porto Seguro lucra R$ 1 bi no primeiro semestre

Companhia investe em startups e ganha mercado para registrar o melhor resultado do período em sua história de quase oito décadas

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Roberto Santos comanda a empresa desde 2018. De lá até junho deste ano, o lucro líquido foi de R$ 7,62 bilhões. Executivo deixa o cargo de CEO da Porto em dezembro para ingressar no Conselho (Crédito: Divulgação)

Pela primeira vez em sua história de 78 anos, o Grupo Porto Seguro registrou resultado acima de R$ 1 bilhão em um semestre. De janeiro a junho deste ano, a companhia obteve lucro líquido de R$ 1,037 bilhão, diante de um faturamento de R$ 14,81 bilhões no período. Recorde histórico também para um trimestre, de abril a junho, na casa dos R$ 705,6 milhões, um robusto crescimento de 437% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita no segundo trimestre foi de R$ 7,57 bilhões, aumento de 17,6% na comparação anual. A evolução ocorreu em todas as verticais da empresa: Porto Seguro, com R$ 5,05 bilhões de vendas (+14,0%); Porto Bank, com R$ 1,11 bilhão (+9,1%); Porto Saúde, com R$ 1,07 bilhão (+32,2%) e Serviços, com R$ 134,8 milhões (+20,2%).

“No segundo trimestre e no primeiro semestre de 2023 alcançamos os maiores resultados de nossa história em ambos períodos”, disse a Porto em mensagem da administração, comandada pelo CEO, Roberto Santos.

“Mantivemos uma expansão robusta também no faturamento e na ampliação de nossa base de clientes — aumentou em aproximadamente 500 mil em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 12,7 milhões de consumidores dos nossos produtos e serviços.”

O crescimento da Porto tem sido maior do que o do mercado em geral. Em 2022, o faturamento da companhia foi de R$ 27,96 bilhões, variação de 29,4% em relação a 2021. Já no primeiro semestre deste ano, o faturamento foi de R$ 14,81 bilhões, 27,5% superior ao mesmo período do ano passado.

Enquanto isso, de acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a arrecadação do setor supervisionado no acumulado de janeiro a dezembro de 2022 foi de R$ 355,96 bilhões, o que representa um crescimento de 16,2% em relação ao mesmo período de 2021.

Já os dados dos seis primeiros meses de 2023 revelam que o setor arrecadou R$ 181,77 bilhões, aumento de 7,7% em relação ao primeiro semestre de 2022.

Projetos

A Porto foi fundada em São Paulo, em 1945, com 50 funcionários. Hoje o grupo é composto por 27 empresas, que possuem:
*13 mil funcionários,
* 13 mil prestadores de serviços,
* 34 mil corretores parceiros,
* 12,7 milhões de clientes,
* 55 sucursais escritórios regionais em todo o Brasil.

Nos últimos cinco anos, os projetos da Porto têm sido comandados pelo CEO, Roberto Santos. Em 2018, primeiro ano de sua gestão, a companhia registrou R$ 1,31 bilhão de lucro líquido.

Os bons resultados seguiram ano a ano: R$ 1,37 bilhão em 2019; R$ 1,64 bilhão em 2020; R$ 1,17 bilhão em 2021; R$ R$ 1,13 bilhão em 2022; e agora, apenas no primeiro semestre, R$ 1,037 bilhão. O que lhe garante liderar em alguns segmentos e ser uma das maiores seguradoras do País.

Base aumentou em 500 mil no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 12,7 milhões de consumidores (Crédito:Divulgação)
(Divulgação)

O atual desempenho é fruto de uma história septuagenária, mas com as principais sementes plantadas principalmente nos últimos três anos.

O foco tem sido em iniciativas estratégicas que permitem aumentar vantagem competitiva e capturar oportunidades de mercado, expansão da penetração de seguros, ampliação de seguros de automóveis por meio de novos modelos de precificação e seleção de risco, além de oferta de produtos acessíveis, diversificação de portfólio, aumento da eficiência operacional, evolução da cultura digital e experiência do cliente.

Nesse contexto estão a aplicação de melhores ferramentas para os corretores com plataformas mais fáceis e eficientes, novos produtos, treinamentos digitais e digitalização de back office.

Sem citar especificamente o caso da Porto, Castelano Santos, CEO e co-fundador da Tech Trail, focada em analytics para o setor de seguros, avalia que a adoção de tecnologias emerge como diferencial em um mercado complexo. “Essas ferramentas não apenas otimizam processos internos das seguradoras como também possibilitam a criação de ofertas personalizadas que atendam às necessidades específicas de cada cliente”, disse, ao acrescentar que o setor “encontra-se em um momento de transformação e adaptação contínuas”.

Pedro Sant’Anna, especialista em estratégia de negócios e liderança organizacional, aponta que a Porto tem explorado novas alternativas, com caixa sólido. “Coloca-se em cenário de diversificação e trabalha há vários anos como uma insurtech. Isso acaba dando maior nível de solidez e longevidade aos resultados, pois cada vez mais entra em tecnologia e exploração de inovação.”

Receita no segundo trimestre avançou 17,6%, com crescimento em todas as verticais da companhia: Porto Seguro, Bank, Saúde e Serviços (Crédito:Divulgação)

Avanços

Ano passado, alguns avanços significativos foram registrados. Passou por um rebranding com alteração da marca para apenas Porto.

A empresa adquiriu 10% da Plugify, startup brasileira de hardware as a service (HaaS) que oferece aluguel de equipamentos eletrônicos e gestão integrada de TI.

Lançou o Consórcio Imóvel Mais, pela Porto Bank, destinado a imóveis entre R$ 600 mil e R$ 900 mil.

A instituição financeira da companhia entrou com 38% de participação na Tech4Humans, startup que desenvolve soluções em atendimento ao cliente e automação de processos. Também criou o Olho Mágico, plataforma de aluguel de imóveis da Porto. Em parceria com imobiliárias, possui 40 mil anúncios.

Nesse mesmo nicho, comprou a Nido Tecnologia, focada em sistemas de gestão para imobiliárias digitais, para apoiar na simplificação do processo de locação imobiliária.

Anunciou ainda um acordo entre sua área de serviços, responsável pelas assistências a veículos e residências, e a CDF Assistência e Suporte Digital S/A, um dos principais marketplaces B2B2C de serviços do Brasil.

Em 2021, os destaques foram:
*o lançamento do “Bllu”, seguro auto por assinatura emitido e operado pela Azul Seguros;
* a compra de 74,6% da Segfy, empresa de tecnologia em soluções para gestão de corretoras de seguro,
* de 50% das ações da ConectCar, empresa do segmento de pagamentos eletrônicos automáticos via tag,
* e de 74,6% da fintech Atar, de soluções financeiras.

Empresa muda ceo em 2024

Paulo Kakinoff, futuro CEO da Porto (Crédito:Marcus Leoni)

Ao final de 2023 e após quase seis anos como CEO da Porto, Roberto Santos deixará o comando da companhia. O anúncio foi feito em maio pela empresa. O escolhido para seu lugar é Paulo Kakinoff, que deixou a presidência da Gol em 2022 após 10 anos e assume a seguradora em 2 de janeiro.

Ele vai pegar uma operação azeitada e rentável – o desafio será avançar em resultados. De 2018 a junho deste ano, a gestão de Santos registrou lucro líquido de R$ 7,62 bilhões.

O atual CEO vai ocupar cadeira no Conselho de Administração da Porto. “Roberto Santos ingressou no Grupo como diretor-presidente da Azul Seguros em novembro de 2003, assumindo a presidência da Porto em 2018, tendo conduzido a companhia neste período de conquistas marcantes e notável performance”, afirmou a empresa em comunicado.

Kakinoff já integra o Conselho desde março de 2020. Atuando também nos Comitês de Auditoria, Marketing, Pessoas, Remuneração e Risco Integrado. “Tem 25 anos de reconhecida experiência executiva, exercendo a função de CEO na indústria automobilística e na aviação civil”, disse a companhia, em nota.