Brics: crescimento à mesa
Por Edson Rossi
Lula III tentou emplacar a pauta de paz na Ucrânia. Foi ignorado. Também puxou o tema ‘moeda transacional única’. Igualmente o impacto foi baixo. De certa forma, nosso soberano estava no evento certo com os tons errados — algo como ir de verde musgo na festa da Barbie. Mas se deixarmos isso de lado, o recado saído da mais recente cúpula do Brics, que aconteceu na África do Sul entre terça-feira (22) e quinta-feira (24), foi contundente o bastante para ganhar relevância e virar destaque nas home pages dos principais veículos americanos e europeus. E quando isso acontece é porque algo geopolítico e de grosso dinheiro foi colocado à mesa. Foi: o Brics estuda a eminente aceitação de novos membros. “Devíamos permitir que mais países se juntassem à família Brics e desse modo reunir sabedoria para tornar a governança global mais justa e razoável”, afirmou o bambambã da história toda, o presidente chinês Xi Jinping. Senha dada, recado assimilado. Agora, a agenda das potências ocidentais tem um tema espinhoso, já que os tais países emergentes e nações ribeirinhas do planeta querem mais. Muito mais. O número de candidatos à adesão não foi oficializado. Dependendo da fonte varia de alguns a dezenas. Nos cálculos da DW, agência alemã de notícias, mais de 40 países querem aderir ao bloco, sendo que pelo menos 22 teriam formalizado esse desejo. Entre eles inimigos declarados entre si, como Arábia Saudita e Irã. Termo criado em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do Goldman-Sachs, o acrônimo Bric (que viraria Brics) soou mais como uma sacada do que um organismo que pudesse incomodar, e nunca se transformou num bloco de livre comércio. Às vésperas da cúpula atual, O’Neill afirmou ao Financial Times que o grupo “nunca conseguiu obter nada desde que começou a se reunir”. Talvez o turning point tenha chegado.
Focus dá seus soluços
Brasília ainda não entendeu que sua incontinência fiscal é perceptível. Basta Arcabouço dar uma leve emperrada, pacotaço PAC aparecer, Orçamento patinar e Reforma Fiscal murchar que a reação é imediata. Previsão de inflação para este ano, que vinha em queda, varia pela primeira semana e sobe, de acordo com o Relatório Focus divulgado segunda-feira (21)
Brasília
Capivara bolsonarista só engorda
Na quinta-feira (31), salvo alguma indisposição estomacal, o ex-lúmpen-presidente Jair Bolsonaro deverá depor. Ele e a ex-primeira-dama, Michelle. A Polícia Federal (PF) intimou os dois a dar explicações de forma simultânea. Neste caso, o assunto são as joias presenteadas a eles em viagens oficiais — itens milionários que não pertenciam a eles, mas ao Estado. Também deve depor o advogado Frederick Wassef, ex-defensor da família e que supostamente deu guarida ao hoje esquecido Fabrício Queiroz, senhor das rachadinhas, quando andava sumido das autoridades. No caso dessa patota, a gente perde quantos inquéritos estão rolando. Porque há também o do golpismo de 8 de Janeiro. Aqui, a PF encontrou mensagens golpistas de fake news trocadas em junho do ano passado entre empresários e supostamente o presidente, ou gente muito próxima, como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito de JB e atualmente num xilindró. Dois dos empresários — Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan, continuam investigados. A mensagem atacava, sem provas, o TSE, o STF e o instituto de pesquisa Datafolha e pedia que ela fosse repassada ao maior número possível de pessoas. Num mesmo balaio temos só gente do bem, militares do bem e empresários do bem.
Crise
Argentina sob saques
Desde o fim de semana dos dias 19 e 20 de agosto, a Argentina foi varrida por uma sequência de saques a comércios em cinco províncias, incluindo Buenos Aires. O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, disse na quarta-feira (23) que muitos dos ataques foram orquestrados a partir de redes sociais e que políticos poderiam estar por trás. Havia até então 94 pessoas presas. “Existiu uma campanha e preparação dos fatos. Houve falsas acusações que circularam pelas redes, de coisas que não estavam acontecendo”, afirmou o governador. O presidente Alberto Fernández e a vice, Cristina Kirchner, estavam calados até a quarta-feira. Fernández reapareceu para dizer pouco: para que a população cuide da convivência democrática e da “paz social”.
“O software está devorando o mundo, mas a IA vai devorar o software.”
Jensen Huang, 63 anos CEO e cofundador da Nvidia, em entrevista de 2017
Recordes
Nvidia nas nuvens com a ia
Na quarta-feira (23), a Nvidia anunciou seus resultados trimestrais (período encerrado em 31 de julho). A receita chegou a US$ 13,5 bilhões, alta de 101% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro líquido saltou impressionantes 422%, para US$ 6,7 bilhões na comparação trimestre a trimestre. A explicação? A de sempre. “Uma nova era da computação começou e empresas em todo o mundo estão fazendo a transição da computação de uso geral para a computação acelerada e IA generativa”, disse Jensen Huang, cofundador e CEO da Nvidia. Em resumo: IA, IA, IA.