Negócios

Em busca de bem-estar, profissionais procuram trabalhar fora das metrópoles

Líder global e nacional em espaços de trabalho flexíveis, Grupo IWG projeta dobrar presença no Brasil a curto prazo

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Investimentos na abertura de cada unidade variam de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões. Hoje, 38 mil clientes usam as estações (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Muita coisa mudou no mundo em pouco mais de três anos de pandemia. Novas tecnologias ganharam protagonismo, processos ficaram mais automatizados, empresas se digitalizaram rapidamente, compras on-line avançaram como nunca. O comportamento das pessoas também mudou, o que reflete em suas relações pessoais e de trabalho. E quais as consequências disso? Bom, levantamento feito pelo Grupo IWG (International Workplace Group), líder global e nacional em espaços de trabalho flexíveis como coworkings e escritórios, tem uma parte da resposta.

De acordo com a pesquisa, cerca de meio milhão de pessoas deixarão as grandes cidades dos Estados Unidos ainda este ano, com a maioria se mudando para o interior, antigas cidades-dormitório e até mesmo áreas rurais. O número é 59% maior do que os registrados antes de 2020.

O mesmo acontece no Reino Unido, onde os primeiros impactos dessa movimentação revelam que essas localidades, fora dos grandes centros comerciais, apresentam níveis de atividade econômica maiores dos que os mensurados antes da pandemia. A busca é por maior qualidade de vida e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com ajuda do trabalho híbrido.

E como está a situação no Brasil? Não muito diferente, diz Tiago Alves, CEO do IWG Brasil e especialista no modelo de trabalho híbrido.

Segundo o executivo, o trabalho passa pela maior mudança desde a introdução da internet e o Brasil, que em passado recente demorava até cinco anos para receber as tendências laborais, tem se adaptado às alterações globais instantaneamente.

“Existe hoje a busca por qualidade de vida e por uma melhor relação de custo-benefício, impulsionadas pelo trabalho remoto ou trabalho híbrido”, afirmou Alves.

1,6% do PIB do Brasil passa pelas 72 unidades da IWG em 16 municípios. Meta é chegar a 60 cidades nos próximos cinco anos

Levantamento feito pelo Itaú Unibanco mostra o cenário. Apesar de os números serem de 2021, o movimento é atual, de acordo com o CEO da IWG.

A procura por imóveis fora das capitais brasileiras cresceu 161% no segundo ano da pandemia no País. A taxa ficou acima da média, principalmente nas regiões:
* Norte (com 437% de alta),
* Centro-Oeste (300%),
* Nordeste (280%).

De acordo com o mesmo mapeamento, o estado de São Paulo registrou um crescimento na procura por imóveis em cidades menores, com destaque para Campinas (35,8%) e Sorocaba (15,9%). “Essa demanda só continua crescendo. Em 2023, em nenhum dos meses andamos para trás, só para frente”, disse Alves.

CEO da IWG, Thiago Alves afirma que a busca por imóveis fora das capitais brasileiras teve alta de 161% em 2021, movimento que se mantém em 2023 (Crédito:Divulgação)

Avanço

Para a IWG também avançar em seus negócios, tem de acompanhar essa tendência, já que houve aumento de 36% na demanda por espaços de trabalho fora dos movimentados centros das grandes cidades. Por isso, tem aberto escritórios pelo interior.

A empresa adicionará 1 mil unidades em todo o mundo no próximo ano e a maioria será em locais menos concorridos, inclusive em cidades com população de até 10 mil habitantes. Hoje a cobertura de rede da companhia inclui cerca de 3,5 mil locais em mais de 120 países, sendo utilizados por 83% das empresas da Fortune 500, o que gerou receita histórica de 3,1 bilhões de libras em 2022, aumento de 24% em relação ao ano anterior – em 2019, antes da pandemia, o faturamento foi de 2,6 bilhões de libras.

No Brasil, operando com as marcas Regus e Spaces, a IWG chegou em 1994. Foi o primeiro país fora da Europa a abrir um escritório.

Em 2015, eram 20 unidades. Atualmente são 72, com 38 mil clientes, entre eles gigantes como Petrobras e Uber, além de autônomos que usam as estações individualmente. “Estudo nosso do ano passado mostrou que 1,6% do PIB do Brasil passa por nossos espaços”, disse Alves. Os endereços da IWG servem como sede fiscal para quase 5 mil empresas.

O plano de expansão está acelerado. Até o fim do ano devem ser abertas novas unidades em cidades como Jundiaí, Sorocaba, Vinhedo, Ribeirão Preto, Santos, São José dos Campos e Guarulhos, todas paulistas.

Mas há também avanços no Nordeste, onde firmou parceria com o Hub Plural, com forte presença na cidade do Recife (PE). Além das quatro unidades do IWG na localidade, os clientes passam a ter oito unidades adicionais.

Nos próximos cinco anos, a expectativa é de estar presente em 60 municípios do Brasil – hoje está espalhada em 16. Os investimentos para abertura de cada unidade variam de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões.

Enquanto os trabalhadores equilibram a vida pessoal com a profissional, o Grupo IWG equilibra seus negócios.