Energia limpa e bilionária: como uma energytech cresce no meio de gigantes
Bolt Energy já incomoda gigantes do setor com modelo de negócio inovador. Faturamento alcança R$ 1,4 bilhão
Por Beto Silva
Eles deixaram posições confortáveis de executivos para encarar o desafio de empreender no setor de energia, dominado por grandes companhias. Após muitos anos no mercado, compraram a empresa em que trabalhavam, fizeram um rebranding da marca e lançaram a Bolt Energy, que nasceu em 2010 mas está no atual formato e nas mãos dos sócios Gustavo Ayala (CEO) e Henrique Campos (COO) desde 2019. Com faturamento de R$ 1,4 bilhão, já incomoda gigantes do segmento.
“Hoje operamos com quase 1 gigawatts, quase uma Angra 1 por mês em volume de energia”, disse Ayala, que comanda o plano de expansão da empresa, que foca em energia limpa como solar e eólica. “Temos um produto premium. Energia verde, renovável e mais barata do que a convencional em média de 10% a 15%. O desafio é a oferta, pois a demanda é infinita.”
São três linhas de negócios da companhia que é uma espécie de Airbnb ou Uber da energia. Isso porque vende o produto sem ter uma única usina, assim como a plataforma de aluguel de imóveis não possui residências e a de mobilidade não tem um carro sequer.
Uma das soluções é a Bolt Energy, que opera no mercado livre para grandes consumidores, de médias empresas para cima e que têm tamanho suficiente para escolher e operar sua energia. A Bolt Pro desenvolve projetos e capta energia de terceiros para ser distribuída aos clientes da companhia. E a terceira linha é a Bow-e, um braço que atua no mercado regulado, atendendo B2B e também o B2C, pequenos e médios negócios e residências.
A expectativa é de alcançar até 250 megawatts de energia vendidos no Brasil até o fim de 2024, tornando uma das mais relevantes no mercado brasileiro. Com isso, ela representará nos próximos dois anos cerca de 10% a 15% da atuação do grupo, gerando um faturamento de cerca de R$ 200 milhões.
A Bow-e já possui cerca de 2 mil clientes, com potencial de atingir 50 mil no final deste ano. Começou a operação em Minas Gerais, penetrou por Rio de Janeiro, interior de São Paulo, Paraná, Goiás e chegou recentemente ao Ceará. Henrique Campos revelou a meta. “Em curto prazo estaremos em 12 estados e ganharemos escala nacional”, disse.
Um dos cases de sucesso é com a atacadista mineira Tambasa. O projeto feito pela Bolt no centro de distribuição da cidade de Contagem (MG) possui 10 mil placas instaladas, com capacidade de gerar 400 mil KWh/mês. É a maior usina solar sobre telhados do Brasil. O modelo de parceria também é inédito. A energytech oferece um plano em que 15% do consumo energético é revertido em cashback na conta da Tambasa Financeira. E a varejista também se torna uma operadora de energia, com venda direta ao consumidor final por meio da Bow-e.