O imperativo do autoconhecimento
Por César Souza
A maioria dos líderes empresariais tenta desenvolver várias competências — tanto aquelas técnicas quanto os chamados soft skills— para aumentar suas chances de sucesso, porém negligenciam a mais crítica das qualificações: a auto liderança!
Essa postura contradiz um impactante aprendizado obtido de uma breve troca de ideias com um icônico líder no cenário mundial na década de 1990: “Antes de pretender liderar os outros, aprenda a liderar a você mesmo!”O exercício da liderança exige maestria não apenas na gestão de pessoas, mas em diversos outros eixos do ecossistema empresarial:
1) Resultados Geradores de Valor;
2) Clientes;
3) Equipes;
4) Parceiros;
5) Tecnologia, Processos e Sistemas;
6) a Força das Circunstâncias do momento;
7) e por que não dizer, a AutoLiderança.
O líder inspirador precisa ser, antes de tudo, líder da própria vida, pois a auto liderança pode ser o equivalente ao Calcanhar de Aquiles em várias circunstâncias.
Afinal, a verdadeira causa de muitos casos de fracasso retumbantes reside na forma pela qual as pessoas em posição de comando lidam com assuntos da sua vida pessoal. Deslizes éticos, baixo nível de inteligência emocional, gestão inadequada do tempo, incoerência entre o que dizem e o que fazem, assédio de diferentes tipos, conflitos familiares mal equacionados, dentre várias outras situações, formam o rol de exemplos de uma gestão inadequada de si mesmo.
Assim, não basta lançar mão das ferramentas mais atualizadas se o pensamento continuar o mesmo. É preciso que o líder se empenhe mais no “como pensar” e no “como sentir”. Como consequência um atributo essencial passa a ser o auto conhecimento, que pode ser evidenciado na capacidade de condução harmônica nas diversas dimensões da vida – familiar, profissional, saúde e cidadania.
Antes de pretender liderar os outros, aprenda a liderar a você mesmo. A verdadeira causa de muitos casos de fracasso reside na forma pela qual as pessoas em posição de comando lidam com assuntos da sua vida pessoal
Quem possui um elevado nível de autoconhecimento sabe o impacto de seus sentimentos sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre seu desempenho. Por exemplo, um líder que reconhece sua dificuldade em lidar com prazos muito curtos planeja seu tempo cuidadosamente e delega tarefas com antecedência.
Quem se conhece bem sabe aonde quer chegar e por que. Dessa forma é capaz de recusar uma oferta de trabalho financeiramente tentadora se for contra seus princípios ou não se alinhar com seus objetivos de longo prazo. Por outro lado, quem não se conhece acaba tomando decisões que geram insatisfação interior por ferirem valores profundos.
Quem se conhece bem admite seus fracassos e até relata essas situações com bom humor – uma das características desse tipo de profissional é a autoconfiança, que se traduz na naturalidade com que aposta em seus pontos fortes e mitiga suas vulnerabilidades. Mas sabe pedir ajuda, se necessário.
Essa busca pelo autoconhecimento remonta ao século 4 a.C. quando uma das mais famosas frases da história “Conhece-te a ti mesmo”, atribuída ao filósofo Sócrates, foi inscrita na entrada do templo do deus Apolo, no Oráculo localizado nas imediações da cidade de Delfos, na Grécia. Séculos depois, decifrar‑se continua sendo o mais complexo e delicado dos enigmas da liderança.
César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda