Revista

O plano verde da economia

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Carlos José Marques: "A busca por projetos sustentáveis entrou na ordem do dia" (Crédito: Istockphoto)

Por Carlos José Marques

Antena do com as demandas globais e de olho nos recursos que pode captar lá fora, o presidente Lula hasteou de vez a bandeira de um país ambientalmente sustentável e quer, com ela, sacudir a economia, os costumes e vocações brasileiras. Sua mais nova cruzada está focada na ideia, defendida inclusive entre empresários, de uma reviravolta “verde” capaz de transformar a Nação em referência indiscutível nessa área. O objetivo: levar o Brasil a liderança no plano da economia verde, que tem gerado bilhões de dólares e que pode nos conduzir ao clube das grandes potências. As premissas para o que vem classificando de revolução estão fincadas em um amplo programa de troca de maquinário em inúmeros setores industriais — com incentivos tributários para a geração fabril com baixos poluentes —, na intensa atuação dentro do mercado de carbono, do hidrogênio e dos combustíveis do futuro. Nessa seara, a chamada Agenda Verde terá como espinha dorsal o Plano de Transformação Ecológica. O governo tenta, na prática, regulamentar como deve funcionar o ‘direito’ das empresas em poluir. Isso mesmo. Com base em um teto para a emissão de CO2 ele espera classificar, com critérios bem rígidos, as mais eficientes companhias do ponto de vista ambiental, seja na área siderúrgica, química, de petróleo e gás, grandes frigoríficos, de alumínio e do ramo cimenteiro, dentre outras. O leque das indústrias cobertas pela iniciativa é amplo e ao menos dez ministérios se envolveram diretamente na montagem dos critérios. A equação do desenvolvimento daqui para frente soma crescimento econômico com baixa pegada de carbono. O Ministério da Indústria e Comércio prefere batizar o movimento como uma “reindustrialização responsável” do parque nacional. A inspiração está em práticas já corriqueiras em outras praças, especialmente do mercado europeu.

Essencialmente, o que se tenta é colocar limites nas emissões. Instalações fabris gerando mais de 25 mil toneladas de CO2 ano, consideradas assim altamente poluentes, vão ser enquadradas no teto. Quem seguir emitindo mais terá de obrigatoriamente comprar créditos de carbono por meio de cotas disponíveis na praça. Uma nova agência reguladora nos moldes da Anatel (telecomunicações) e Aneel (de energia) deverá ser criada para trabalhar junto com o Ibama nesse aspecto de vigilância e controle. Na área do ‘combustível do futuro’, desde o diesel verde até o etanol e o hidrogênio renovável, várias soluções estão sendo avaliadas e serão priorizadas. Não há mais dúvida, vem sendo dado um importante e irreversível passo de preservação, em sintonia com o que há de mais civilizado no planeta. Existe pressa por parte da equipe de Lula, que orientou pessoalmente seus assessores nesse sentido para não perder a avalanche de desembolsos mundiais que vem ocorrendo por conta das urgências ambientais. A busca por projetos sustentáveis entrou na ordem do dia. É mais do que um mero ciclo. Fica claro que assumir a pole position no setor requer um comprometimento de todos os agentes do processo e a conscientização quase geral da população. A sociedade tem de se mostrar disposta a andar uníssona no mesmo rumo.