EssilorLuxottica: uma visão diferente para o Brasil
Gigante da indústria de óculos de sol, armações e lentes de contato, EssilorLuxottica expande as marcas Ray-Ban e Oakley no Brasil. Faturamento global é de 24,5 bilhões de euros
Por Beto Silva
De um lado está a tradição, ancorada em marcas centenárias como Essilor (de 1849), Salmoiraghi & Viganò (1865), Persol (1917), Ray-Ban (1937), Luxottica (1961), GrandVision (1891) e mais recentemente Giorgio Fedon & Figli SpA (1919). Do outro está a modernidade, com um modelo de negócio contemporâneo e produtos arrojados, cheios de tecnologia. A união de história, experiência, know-how e inovação é a fórmula de crescimento da companhia EssilorLuxottica – criada em 2018 a partir da união da francesa Essilor e da italiana Luxottica.
Líder global em desing, manufatura e distribuição de lentes oftalmológicas, armações e óculos de sol, a empresa registrou faturamento de 24,5 bilhões de euros em 2022, 23% maior do que do ano anterior, na casa dos 19,8 bilhões de euros, e 70% superior ao de 2020, na ordem de 14,4 bilhões, quando o grupo viu as vendas despencarem por causa da pandemia que ocasionou o fechamento de lojas no mundo inteiro.
Agora os tempos são outros e a visão da multinacional está mais clara. O desempenho deste ano tem sido ainda melhor que o do ano passado. No primeiro semestre de 2023 foram 12,8 bilhões de euros, ante 11,9 bilhões do mesmo período de 2022.
Na América Latina, onde o Brasil é o mercado mais representativo, a receita de janeiro a junho deste ano foi de 727 milhões de euros, aumento de 11,8% em relação ao mesmo intervalo anterior.
Para avançar ainda mais na região e no País, a EssilorLuxottica coloca em prática um plano de expansão com modelo de negócio diferenciado. A previsão é de abrir no Brasil, até o fim do ano, nove lojas das marcas Ray-Ban e Oakley, duas das cinco marcas do grupo presentes em território nacional, além das Sunglass Hut, Grand Vision e Óticas Carol — são 150 marcas no portfólio mundial da companhia.
As novas unidades representam um aumento de 25% do grupo, que visa encerrar 2023 com 15 lojas Ray-Ban e 25 Oakley. A meta é dobrar a rede em dois anos. As aberturas se concentram majoritariamente em São Paulo, mas também estarão presentes em praças do Centro-Oeste e do Nordeste.
O planejamento começou a sair do papel dia 31 de agosto, com a inauguração de duas lojas, uma da Oakley e outra da Ray-Ban, no Shopping Eldorado, na zona oeste da capital paulista. “A operação do Brasil é um desafio e ao mesmo tempo uma grande oportunidade para a companhia, pois observamos que ainda há muito espaço para crescer”, disse Guilherme Wadouski, diretor de lojas próprias da EssilorLuxottica no Brasil.
“Brasil é um desafio e ao mesmo tempo uma grande oportunidade para a companhia, pois observamos que ainda há muito espaço para crescer.”
Guilherme Wadouski diretor de lojas próprias da essilorluxottica
O executivo que está há pouco mais de dois anos na posição carrega em sua bagagem passagens por Aramis, Calvin Klein, Loungerie e Renner. Sua missão na companhia ítalo-francesa é atuar na integração das bandeiras, em alinhamento com o movimento global da organização. Obviamente, com rentabilidade.
A abertura das lojas da Ray-Ban e da Oakley uma ao lado da outra no shopping de São Paulo é um exemplo. A estratégia gera resultados. A negociação com os shoppings pelos espaços é facilitada e, assim, consegue balancear o custo ao consumidor, fazendo uma precificação dos produtos mais adequada e melhor administração de descontos.
A gestão de pessoal também é maximizada. Um gerente cuida das duas lojas. E apesar das marcas serem consideradas concorrentes, Wadouski aponta que os públicos-alvo são complementares. “Ray-Ban que tem história, cultura, o lado vintage desde o modelo Aviador da década de 1930, e Oakley com sua característica life style em outros casos de uso, inclusive de esportes de alta performance como o ciclismo”, disse.
São 1.032 SKUs em exposição por loja da Oakley — incluindo produtos de vestuário — e 300 em cada unidade da Ray-Ban.
Operação completa
Além das vendas diretas, as lojas próprias têm a função de fortalecer a imagem das marcas. As novas ópticas melhoraram a experiência do consumidor e os conecta à história e valores das bandeiras. E o trabalho para atender e favorecer as revendedoras multimarcas também é importante. As marcas estão presentes na maior parte das 25 mil óticas do País.
12,8 bilhões de euros
foi a receita global da empresa no primeiro semestre, mantendo ritmo de crescimento
Para atender a essa cadeia de vendas, a empresa possui a rede completa de design, fabricação, distribuição e vendas totalmente nacional. O Brasil é um dos poucos países do mundo que possuem essas quatro linhas internas.
Em julho de 2021 a companhia deu um passo importante na operação brasileira ao investir em um centro de distribuição próprio, na cidade de Sumaré (SP), onde também está a fábrica. Antes era um espaço alugado, com um prestador logístico local. O investimento possibilitou ter autonomia nos processos e avançar em um sistema de armazenagem.
No quesito marketing, a EssilorLuxottica tem apostado em campanhas com influenciadores.
Em Ray-Ban, nomes como Marcos Mion, Giovanna Ewbank e Mano Brown estão entre as estrelas principais. O squad conta ainda com o ator João Guilherme, os cantores Urias e Thiago Pantaleão e os influenciadores Léo Picon e Julia Rodrigues.
Já a Oakley tem entre seus embaixadores o produtor artístico KondZilla e Igão e Mítico, do Podpah, um dos podcasts com maior audiência do País.
Óticas
E a Óticas Carol? Uma das maiores redes do território nacional, adquirida pelo grupo em 2017, vai bem. São 1.450 unidades e deve chegar a 1,5 mil até o fim do ano.
E algumas delas com um novo conceito de smart shop, uma vitrine digital em que o cliente consegue dentro da loja física fazer pedidos de modelos que não estão em exposição.
É um projeto piloto que vai expandir para outras marcas se a avaliação for positiva. Essa é a visão da EssilorLuxottica para o Brasil, que tem refletido em alguns bilhões de dólares em receita.