Finanças

Ademicon aumenta o lance no mercado de consórcio

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Tatiana Schuchovsky Reichmann, CEO da Ademicon: "Temos essa velocidade de crescimento pela necessidade de crédito no País. temos um olhar para democratizar o crédito no Brasil” (Crédito: Divulgação)

Por Beto Silva

Muitas coisas aconteceram na vida profissional de Tatiana Schuchovsky Reichmann na hora certa. A Ademilar, primeira administradora de consórcios do Brasil, nasceu em 1991 e depois de cinco anos passava por uma reformulação. A operação era pequena: quatro funcionários, três grupos de consórcios e cinco pessoas contempladas por mês. A família Schuchovsky detinha apenas 7% da empresa. Cursando administração em uma faculdade do Paraná, Tatiana foi escalada para se debruçar sobre o negócio e avaliar se valia a pena comprar a companhia. Uma de suas funções era ligar para os clientes contemplados e parabenizá-los. A resposta era sempre a mesma: o dinheiro chegou na hora certa.

“Todos comemoravam quando eu os avisava. Claro, é sempre uma hora certa para evoluir, crescer e ter mais qualidade”, disse Tatiana à DINHEIRO. Mas era a hora certa para evoluir a Ademilar e sua carreira.

Estava quase graduada e queria aplicar seus conhecimentos. O Brasil tinha acabado de implementar o Plano Real e estava saindo de uma crise profunda. O veredicto estava dado: “Falei para meus pais comprarem a companhia”.

Corta para 2023. A empresa de 32 anos, 27 deles sob controle dos Schuchovsky, vai fechar o ano com 172 lojas e plano de expansão para 460 até 2028.

Em agosto deste ano, comercializou R$ 2 bilhões em créditos, recorde de vendas mensal pelo quinto mês consecutivo. De janeiro a agosto de 2023, são R$ 11,7 bilhões em créditos, perto dos R$ 12 bilhões em vendas de todo o ano passado e 46% superior em relação ao mesmo período de 2021.

A meta de vendas da companhia para 2023 é de R$ 15 bilhões. “Temos essa velocidade de crescimento pela necessidade de crédito no País. Nós temos um olhar para democratizar o crédito no Brasil”, afirmou Tatiana, hoje CEO da Ademicon, ex-Ademilar, história que será contada a seguir.

Após assinalar para a família comprar a empresa em 1996, Tatiana continuou com a grata sina de fazer as coisas na hora certa. Em 2008 foi atualizada a regulamentação do setor de consórcios e os bancos entraram com força nesse ramo. A Ademilar, que já estava bem estruturada, preparou-se para se diferenciar no mercado e lançar a franquia da marca.

O novo modelo seria apresentado na feira da Associação Brasileira de Franchising (ABF) de 2016. Mas havia um problema: a legislação não permitia franquear por se tratar de instituição financeira.

O que parecia um momento ruim, na verdade, mostrou-se um movimento feito na hora certa novamente. Naquele mesmo instante o Paraná Banco tinha passado por obstáculo semelhante e desatou o nó ao alterar para licenciamento de marca. “Contratamos o mesmo time de advogados que havia feito pelo banco e em três meses estava tudo pronto para nós”, disse Tatiana. “Demos um grande passo. Passamos de uma empresa regional a uma empresa nacional.”

Ademicon anunciou patrocínio ao São Paulo, com presença de executivos da companhia e do clube. Acordo envolve publicidade no uniforme e outras ativações, além da administração de consórcio exclusivo com uso da marca do tricolor paulista (Crédito:Rubens Chiri/saopaulofc.net)

M&A e fundos

Outro avanço importante foi em 2020, quando a Ademilar anunciou fusão com a Conseg, tornou-se Ademicon e ampliou o portfólio que era praticamente exclusivo de imóveis para também vender veículos pesados e leves, com representação das marcas Iveco, Librelato, Mitsubishi e New Holland.

E veja só: na hora certa mais uma vez. Naquele ano, a pandemia de Covid-19 assustava o mundo, colocou milhões de pessoas dentro de suas casas em quarentena e a companhia passou a vender mais consórcios.

Os resultados chamaram a atenção de grupos de investidores. A empresa tem investimentos dos fundos Treecorp e 23S Capital, que possui em seu escopo Votorantim e Temasek, de Cingapura.

“Trouxeram melhor governança, além de uma segurança a mais com auditorias e fiscalizações. E começamos a montar um departamento de relação com investidor”, disse Tatiana.

A empresa se prepara para um IPO? “Sim, estamos planejando”, afirmou a executiva. Mas — adivinhe? — na hora certa.

Assim como o patrocínio ao São Paulo Futebol Clube, anunciado no dia 15 de setembro, que tem gerado uma grande exposição de marca, porque dois dias depois a equipe venceu o Flamengo por 1 a 0 no Maracanã no primeiro jogo da final da Copa do Brasil e tem vantagem na decisão no Morumbi, domingo (24).

O acordo, válido até dezembro de 2024, inclui a criação do consórcio exclusivo do clube. Em modelo parecido a Ademicon administra o Consórcio Coxa (parceria com o Coritiba Foot Ball Club) e o Consórcio do Peixe (com o Santos Futebol Clube).

O portfólio ainda tem o Compre Náutica, fruto da união com a consultoria de compras de produtos náuticos, e o PopCon Consórcio, da parceria com o Grupo Massa, do apresentador Ratinho, do SBT. Assim, a companhia e Tatiana Schuchovsky seguem com as ações realizadas boa parte das vezes na hora certa.