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Iluminação: Ourolux diversifica portfólio e vê resultados brilharem

Líder no mercado brasileiro de iluminação, empresa investe R$ 100 milhões em divisão de energia fotovoltaica que já responde por 40% do faturamento total

Crédito: Divulgação

Painéis solares comercializados pela Ourolux conquistam espaço no mercado brasileiro com previsão de alta (Crédito: Divulgação)

Por Angelo Verotti

O mercado de iluminação sofre há anos a concorrência de produtos chineses, a exemplo de outros segmentos da indústria nacional. Com baixo poderio diante dos custos mais acessíveis dos produtos asiáticos, os fabricantes têm buscado diversificar o portfólio para garantir a manutenção dos negócios e, em casos mais extremos, até a sobrevivência. A Ourolux, líder no setor de lâmpadas com 25% de participação no mercado, seguiu a estratégia.

Além de apostar em produtos inteligentes, que garantem maior economia e eficiência, investiu R$ 100 milhões no segmento de painéis fotovoltaicos e já vê os resultados brilharem. “O segmento já representa 40% da receita da empresa”, afirmou à DINHEIRO Roberto Saheli, CEO e sócio-fundador, que divide o dia a dia entre as responsabilidades na companhia e a atuação na presidência da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Um setor que estima faturar R$ 6,7 bilhões este ano.


Modelo funciona sem qualquer dispositivo web e já representa 10% do total vendido pela empresa na categoria (Crédito:Divulgação)

A Ourolux consolidou sua posição de mercado nos últimos 30 anos, segundo o executivo, com o propósito de oferecer “produtos inovadores que trazem baixo consumo de energia e preços acessíveis ao consumidor”.

O objetivo no período se mostra atingido, principalmente nos últimos cinco anos, tendo em vista o espaço conquistado pela companhia entre os brasileiros. “Somos líderes no segmento supermercadista”, disse Saheli. Carrefour e Leroy Merlin são os principais revendedores.

A energia refletida pela Ourolux em iluminação, no entanto, tem sido ofuscada por fatores alheios ao seu desempenho e comuns a outros segmentos: queda acentuada de preços, movimento constatado também, de acordo com o CEO, no segmento de produtos eletroeletrônicos, como televisores.

“Os produtos de iluminação vêm caindo de preço a taxas de mais de 20% a 30 % ao ano.”
Roberto Saheli, CEO da Ourolux

A justificativa: excesso de oferta e automatização dos processos fabris. Ele explica: “Com a entrada do LED, o processo deixa de ter uma parte manual de fabricação, que é a das lâmpadas antigas, e começa até a automação completa do sistema fabril, barateando o custo do produto.”

A concorrência — e, por que não, dependência — do mercado chinês tem sido outro agravante. E, por incrível que pareça, também a solução. Atualmente, 80% dos produtos vendidos por aqui são provenientes do país asiático. “São poucas as empresas em condições de fabricar no Brasil.”

Ao mesmo tempo, a maioria das companhias nacionais do setor busca empresas de qualidade na China para produzir o que será comercializado no País, como é o caso da própria Ourolux. “Os projetos são desenvolvidos no Brasil, mas a fabricação é feita toda lá”, disse o executivo.

A produção anual da companhia chega a 50 milhões de lâmpadas, com parte delas — inclusive luminárias — sendo exportada para países da América Latina, como Paraguai e Chile. O mercado brasileiro fabrica cerca de 200 milhões de unidades por ano.

Roberto Saheli, CEO e sócio-fundador da Ourolux (Crédito:Divulgação)

“Os projetos são desenvolvidos no Brasil, mas a fabricação é feita toda na China”
Roberto Saheli, CEO e sócio-fundador da Ourolux

Controled

Uma estratégia da equipe para manter as vendas tem sido o investimento em lâmpadas inteligentes. Com a linha Controled, o usuário dispensa o uso de celular, Alexa ou qualquer outro equipamento e aplicativo. O produto, que já representa 10% das lâmpadas comercializadas, funciona sem qualquer dispositivo web, evitando vulnerabilidades como vazamentos de dados pessoais e impossibilitando crimes cibernéticos.

Além disso, a tecnologia foi desenvolvida para ser instalada com facilidade, sem a necessidade de alterar em nada a instalação da casa.

Diante das incertezas em relação ao segmento de iluminação no Brasil, em 2019 a Ourolux diversificou o portfólio com investimento no mercado de energia fotovoltaica.

Foram aportados à época R$ 100 milhões em estrutura, equipes, laboratórios e estoques. “Começamos a atuar na montagem desses painéis de geradores fotovoltaicos e atender o mercado de integradores distribuídos pelo Brasil”, disse Saheli.

Quatro anos depois da investida inicial, a divisão de painéis solares já responde por 40% do faturamento total. Já a de lâmpadas de led tem outros 40%; e luminárias soma 20%.

“Temos um campo enorme para crescer ainda em luminárias e também em energia solar”, disse o executivo. A produção das placas também é realizada na China.

A empresa não divulga a receita total dos negócios por questões internas, mas prevê alta de 12% na comparação anual. Energia que mira evitar um apagão.