Conheça a nova tática do Banco Inter nos EUA
Para avançar no mercado americano e na internacionalização da sua avenida de crédito, banco mira em empresas no maior mercado consumidor do mundo em parceria com a Monkey
Por Hugo Cilo
Nos últimos anos, as fintechs brasileiras passaram a oferecer diversos produtos e serviços para clientes brasileiros no exterior. Operações simplificadas de câmbio, contas em moeda estrangeira, opções de investimentos em empresas e fundos nos Estados Unidos e na Europa, entre muitas outras alternativas. Nesse movimento, o Inter assumiu posição de destaque. Depois de migrar a base acionária para a Nasdaq em 2022, a fintech abriu caminho para que mais de 1,8 milhão de clientes tivessem acesso rápido, dentro do superapp, ao mercado americano. “O avanço dos negócios do Inter nos Estado Unidos abre caminho para muitas possibilidades para os nossos clientes no Brasil”, afirmou à DINHEIRO João Vitor Menin, CEO do banco, na época da migração das ações.
Uma importante etapa da expansão do Inter no mercado americano está prestes a começar. O banco vai atender também às empresas, não apenas pessoa físicas.
A ideia é replicar nos Estados Unidos o bem-sucedido modelo de antecipação de recebíveis para fornecedores de grandes empresas. No Brasil, o Inter já movimentou R$ 10 bilhões nesse segmento em parceria com a fintech Monkey, maior marketplace de recebíveis da América Latina, que acaba de superar R$ 90 bilhões transacionados em sua plataforma.
A parceria do Inter com a Monkey no mercado americano marca a estreia de ambos por lá na área corporativa.
“Faz todo sentido para os clientes ter recursos nos EUA nos moldes do que possuem no Brasil, de forma ágil e competitiva.”
Gustavo Medeiros, CEO da Monkey
Segundo o superintendente Felipe Flecha, responsável pela área dentro do Inter, a ambição é posicionar o banco como um player relevante em supply chain finance no mercado americano nos próximos anos.
“Estamos muito animados com o kick-off da nossa plataforma internacional, com foco em recebíveis de grandes companhias”, afirmou Flecha. “A combinação de um excelente atendimento aos clientes, aliado ao viés tecnológico e disruptivo, fazem da Monkey uma grande parceira do Inter. Desde 2017, construímos juntos e consolidamos vários portais de antecipação de recebíveis de grandes empresas e nossa expectativa é de replicar esse trabalho nos Estados Unidos.”
Algumas gigantes brasileiras, clientes da Monkey no Brasil, mantêm operações robustas nos Estados Unidos e podem, potencialmente, se tornar parceiros da fintech também nas antecipações de recebíveis no exterior.
Atualmente, cerca de metade dos clientes da Monkey atuam no mercado americano — e a fintech já está conectada com os ERPs deles, o que facilita ampliar a operação nos Estados Unidos.
Na avaliação de Gustavo Medeiros, CEO da Monkey, a parceria com o Inter nos Estados Unidos é estratégica, uma vez que o banco e a fintech já estão integrados e o volume de negócios entre o banco e seus clientes é representativo. “Faz todo sentido para os clientes ter esses recursos nos EUA nos moldes do que possuem no Brasil, ou seja, de forma ágil e competitiva.”
Jogada ensaiada
A estratégia de expansão do Inter nos Estados Unidos passa pelo futebol — ou melhor, pelo soccer. O banco acaba de acertar uma parceria com o Orlando City, uma das franquias da Major League Soccer, a liga profissional americana de futebol — a mesma disputada pelo Inter Miami, do recém-contratado Lionel Messi.
O acordo inclui ainda o Orlando Pride, franquia da National Women’s Soccer League, a liga feminina de futebol. O Inter será a instituição financeira oficial tanto do Orlando City como do Pride.
A exposição da marca se dará em:
• sinalizações fixas no estádio,
• fan zones,
• comunicações on-line do Orlando,
• vídeos nos canais de TVs institucionais do clube,
• spots de rádio e TV, entre outros.
Os valores e a duração do contrato não foram revelados. “Orlando é um dos mercados que mais crescem nos Estados Unidos, e que pode se beneficiar dos produtos financeiros e soluções que oferecemos”, disse Menin, o CEO do Inter.
O banco comprou a fintech americana Usend no início do ano passado e já tem mais de 1,8 milhão de clientes com conta em dólar. Menin já vinha dizendo que um dos objetivos era atender a comunidade de imigrantes nos Estados Unidos. Mas o plano, agora, é chamar também as empresas para o jogo.