Economia

O vento a favor da Auren

lucro líquido teve alta de 536% no ano passado e investimentos em novos projetos de geração somam este ano R$ 2,3 bilhões. e igualmente estratÉgicas para a empresa estão as ações ESG

Crédito: Marcelo Coelho

Por Sérgio Vieira

Nascida oficialmente em 2022 a partir da fusão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) com a joint venture formada pela gigante Votorantim Energia e Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investments), a Auren Energia tem bons motivos para celebrar o bom momento de ventos favoráveis de crescimento, justamente em um momento em que o Brasil passa a ter mais protagonismo no cenário internacional na questão ambiental. A companhia registrou, no ano passado, lucro líquido de R$ 2,6 bilhões, que representou uma alta de 536,5% sobre o resultado do ano anterior. Em 2023, a empresa de energia também vem crescendo. A receita líquida dos primeiros seis meses do ano chegou a R$ 2,8 bilhões, alta de 4,4% sobre o primeiro semestre de 2022. O lucro no período foi de R$ 412,8 milhões.

E os planos da companhia incluem a inauguração, em novembro, do projeto Sol do Piauí I, que será um parque híbrido no estado nordestino, com geração de energia solar e eólica, com capacidade para gerar 48 MW, e Sol de Jaiba, de energia solar, no norte de Minas Gerais, com capacidade de 500 MW e que será entregue em 2024. Os modelos somam investimentos de R$ 2,3 bilhões e irão se somar aos 12 ativos em operação da companhia.

A expectativa de crescimento, e dos investimentos previstos, está amparada pelos dados do setor, que mostram avanço do segmento. Relatório Infovento de agosto, produzido pela Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), aponta que o Brasil tem hoje 27 GW de capacidade de energia em 940 parques eólicos, o que representa 14% da matriz elétrica brasileira. Em janeiro, o volume de geração era de 24,13 GW (12,5% da matriz). No ranking internacional, o Brasil ocupa a sexta posição de capacidade instalada (em 2012 estava no 15º lugar).

ESG Mas o bom desempenho da empresa não se mede apenas pelo resultado financeiro ou pelo volume de geração de energia. Está também no desenvolvimento do entorno das suas unidades e principalmente daqueles que fazem a Auren a maior comercializadora de energia do País. “Nossas ações estão divididas em cuidados com o ecossistema, com pessoas e com a prosperidade, que estão conectados com a nova visão de como lemos o ESG”, disse Rômulo Marçal, diretor corporativo de Sustentabilidade da Auren Energia.


Rômulo Marçal é diretor corporativo de Sustentabilidade da Auren. “A gente compartilha valor e entende que a comunidade também precisa evoluir” (Crédito:Divulgação)

No Piauí, a empresa criou um viveiro de mudas frutíferas, para que sejam doadas para exploração econômica da comunidade. “A gente tem investido bastante na construção de um ambiente que viabilize uma economia circular, para que o recurso fique por ali”, disse Marçal. “É uma grande preocupação nossa desenvolver o comércio local.” Outro projeto, chamado Mulheres Fortes, realizado em parceria com a Associação de Pequenas Produtoras Rurais da Serra do Inácio, no município de Betânia do Piauí, tem contribuído para o empoderamento desse público na região, com cursos sobre manejo e beneficiamento da mandioca, mentoria e gestão interna de negócios. Em dois anos, o grupo produziu 400 toneladas do produto e obteve rendimento bruto de R$ 98 mil.

Ao lado do Itaú Social, a Auren tem trabalhado na formação de um curso técnico focado na área de energia renovável, o primeiro do Brasil nesse modelo. A primeira turma, no ano passado, formou 90 em Araripina (PE) com 45% de presença feminina e 55% do público masculino. Do total, metade saiu empregada em empresas de energia. “Para todos, a gente oferece a experiência de passar alguns dias na companhia. Mas a gente não está fazendo isso pela Auren, e sim pela região e pela indústria”, disse Marçal. O projeto será expandido para Piauí e Minas Gerais.

Dessa forma, a empresa de energia acelera o processo de inclusão, outro pilar importante, em regiões com baixa escolaridade e formação, e também na diversidade. Houve aumento na autodeclaração de gênero, raça e orientação sexual. “Isso está evoluindo porque as pessoas passaram a se sentir mais confiantes e seguras.” Neste ano, a Auren passou a integrar o Índice de Diversidade da B3. O conceito da empresa está estabelecido: para crescer é importante que a população de seu entorno também cresça. “A gente compartilha valor e entende que a comunidade também precisa evoluir. É dela que vêm nossos funcionários locais. E quando todos crescem, o sentimento é de orgulho”, afirmou Marçal. O círculo virtuoso da energia está traçado.