“O caixa de 2023 está equacionado”, diz Waldo Perez, CFO da CCR
Agora operando também aeroportos e com maior eficiência no controle de custos, o Grupo CCR alcançou a receita de R$ 17,6 bilhões em 2022, alta de 57,2% em relação ao ano anterior. Junto à retomada do movimento após a pandemia, lucro líquido cresceu 494%
Destaque da Gestão: Sustentabilidade Financeira – Grupo CCR
Por Celso Masson
No Brasil e no mundo, o ano de 2022 foi marcado pelo início da retomada econômica após a crise sanitária de Covid-19. Para empresas que atuam no setor de mobilidade, como o Grupo CCR, o resultado foi uma melhora significativa nos indicadores operacionais nos três modais em que atua: rodovias, mobilidade e aeroportos. Além de recuperar volumes relevantes de passageiros e veículos, o período também corresponde à entrada da holding em vários novos negócios que vêm impulsionando seu crescimento.
Vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores, Waldo Perez esteve no centro das decisões de investimentos e do resultado que quase quintuplicou o lucro líquido em relação ao ano anterior. “A escolha dos projetos em que investimos foi pautada pela disciplina na alocação de capital, essencial nessa jornada”, afirmou Perez.
“Assumimos a gestão de 15 novos aeroportos, bem como o aeroporto da Pampulha, conquistamos a concessão das Linhas 8 e 9 de Trens Metropolitanos de São Paulo e, no negócio de Rodovias, iniciamos a operação da CCR RioSP, onde já inovamos com a implantação do primeiro sistema de pedágio free flow [sem cancelas] do Brasil”.
Tudo isso, somado à alta eficiência no controle de custos, fez com que a receita líquida (excluída a receita de construção) saltasse 57,2%, chegando a R$ 17,6 bilhões. Já o lucro líquido cresceu 494%. Números que fazem do Grupo CCR o Destaque da Gestão em Sustentabilidade Financeira do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2023.
Segundo Perez, os investimentos no ano passado somaram cerca de R$ 2,7 bilhões no País.
• O negócio de rodovias ainda responde por mais da metade (57%) das receitas recorrentes do grupo.
• A área de mobilidade, que inclui concessões de linhas de metrô, representou 28%.
• Os aeroportos, segmento em que o grupo entrou apenas em 2022, geraram 15% da receita.
“Essa diversificação permite capturar oportunidades em diferentes modais e regiões do País, ampliando o espaço para geração de receitas e mitigando eventuais impactos causados por variações nos cenários macro e microeconômico”, afirmou Perez.
Ao mesmo tempo em que investiu em novas áreas de negócio, o grupo concluiu a alienação de dois ativos do portfólio (Quicko e TAS), além de anunciar a venda da SAMM, prestadora de serviços de comunicação multimídia de transmissão de dados em alta capacidade. As transações, de acordo com Perez, comprovam a “atenção contínua à boa gestão de nosso portfólio”.
Dívidas
Tão importante quanto investir bem e controlar os custos é fazer a melhor gestão possível das dívidas. E esse é outro ponto em que o Grupo CCR vem demonstrando uma extraordinária capacidade. Um exemplo é a substituição de vencimentos de parcelas de empréstimos-ponte contratados em 2021 e que venceriam neste ano e no próximo por operações de longo prazo, o que permite o alongamento do perfil da dívida em linha com a geração de fluxo de caixa da companhia.
“Esse trabalho foi iniciado ainda em 2022, permitindo que terminássemos o ano com um pouco mais de R$ 7 bilhões [de dívida] previstos para 2023”, disse o VP. “No primeiro semestre deste ano, reduzimos R$ 2,5 bilhões desse total.” Isso foi possível graças à contratação do refinanciamento da ViaMobilidade Linhas 8 e 9, a partir da emissão de debêntures de infraestrutura sustentáveis (green bonds).
A operação, coordenada pelo BNDES, foi considerada a maior desse tipo realizada no País até então. Além de resolver boa parte das amortizações previstas para este ano, permitiu alterar o indexador de CDI para IPCA. “Amortizamos, no terceiro trimestre, R$ 2 bilhões de dívida da holding, restando aproximadamente R$ 1,3 bilhão para o restante do segundo semestre. Em linhas gerais, podemos dizer que o ano de 2023 está equacionado.”
Outra boa notícia para o grupo foi o acordo definitivo com o Governo do Estado de São Paulo que encerrou mais de 50 ações judiciais, sejam a favor do Poder Concedente ou das concessionárias da CCR. “Com isso, estendemos também o prazo contratual da CCR AutoBAn para dezembro de 2037, com o reconhecimento de aproximadamente R$ 5,3 bilhões de receita”, disse Perez.