As melhores da Dinheiro 2023

Prysmian: italiana quer protagonismo na distribuição da energia verde brasileira

Líder global em cabos de energia e de telecomunicações, Prysmian investe R$ 400 milhões no Brasil e avança em produtos inovadores e sustentáveis

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Globalmente as vendas em 2022 foram de 16 bilhões de euros, melhor resultado da história do grupo, fundado em 1879 e no País desde 1929 (Crédito: Istockphoto)

Eletrodomésticos e eletrônicos | PRYSMIAN

Por Beto Silva

Vamos aos fatos: o Brasil é o país emergente que mais recebeu investimento estrangeiro em energias renováveis entre 2015 e 2022, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). De acordo com o documento, 32% do total de US$ 114,8 bilhões vieram para cá em aportes diretos, greenfield e financiamentos de projetos internacionais. Diante dessa perspectiva, o governo federal tem se esforçado para fazer sua parte: anunciou o Plano de Transição Ecológica, chamado de Pacote Verde, que objetiva buscar desenvolvimento sustentável para impulsionar o crescimento econômico do Brasil. E quem está atenta a esses fatos? A Prysmian, multinacional italiana líder global em cabos de energia e telecomunicações.

A companhia está de olho nas movimentações por dois motivos. O primeiro por seu core business se encaixar na mudança energética proposta, que necessitará de usinas solares, eólicas e outras fontes verdes para atender às exigências, metas e demandas. Para conectar tudo isso, serão necessários muitos — muitos! — cabos. Isso por si só já colocaria a empresa no centro da estratégia.

Por se tratar de cabo, talvez não no centro, mas como protagonista do bastidor da estratégia. Mas ela não quer apenas ser fornecedora industrial.

Visa também se posicionar como parceira e — por que não? — player fundamental na transição energética do Brasil. Como? Com:
produção de cabos elétricos a partir de compostos de origem vegetal (produtos verdes),
investimento em modernização das plantas,
avanço na cadeia de suprimentos e na economia circular,
e metas de descarbonização (net zero) até 2050.

“É importante compreender que para atingir a descarbonização almejada a eletrificação é imprescindível. E para obter a eletrificação, o cabos são imprescindíveis”, disse o espanhol Raul Gil Boronat, CEO da Prysmian Brasil, que venceu a categoria Eletrodomésticos e Eletrônicos do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO 2023. “O Brasil tem grande potencial para inclusive exportar energia verde”, afirmou.

Vamos, então, aos números da Prysmian. Foram R$ 400 milhões investidos nos últimos cinco anos no Brasil para ampliações, aquisição de novos maquinários, otimização de processos produtivos e em laboratórios.

A receita líquida em 2022 bateu a casa de R$ 3,16 bilhões, aumento de 22,5% em relação a 2021, de R$ 2,58 bilhões.

O crescimento no lucro operacional foi de 91,7% entre 2022 e 2021, com salto de R$ 108 milhões para R$ 207 milhões.

O País representou praticamente a metade do faturamento da América Latina no ano passado, de 1,27 bilhão de euros.

Globalmente as vendas foram de 16 bilhões de euros, o melhor resultado da história do grupo, fundado em 1879 e presente no País desde 1929 como uma subdivisão de cabos da Pirelli. Independente em 2005, adquiriu as marcas Draka (2011) e General Cable (2018) e tornou-se Grupo Prysmian.

Vamos aos projetos realizados no Brasil. Desde 2020, a empresa forneceu mais de 50 mil quilômetros de cabos de energia para parques eólicos e solares. Entre os clientes estão as principais usinas solares do Brasil, como Futura (Focus Energia), Lagoa dos Ventos (Enel Green Power), Oitis (Neoenergia), São Gonçalo (Enel Green Power), Sol do Cerrado (Vale) e Ventos de São Vitor (Essentia Energia).

Recentemente forneceu 11 mil quilômetros de cabos (energia e telecom) para o parque solar Janaúba (MG), considerado o maior do Brasil.

“É importante compreender que para atingir a descarbonização almejada a eletrificação é imprescindível. E para obter a eletrificação, os cabos são imprescindíveis.”
Raul Gil Boronat, CEO da Prysmian Brasil

Por aqui, possui sete fábricas, das 100 espalhadas pelo mundo: duas unidades em Sorocaba (SP), e cinco espalhadas por Cariacica (ES), Vila Velha (ES), Poços de Caldas (MG), Londrina (PR) e Joinville (SC).

Dos três centros de excelência em P&D da companhia na América Latina, dois estão no território brasileiro, um em Sorocaba (de cabos de telecomunicações) e um em Vila Velha (de cabos submarinos).

Até o final deste ano vai inaugurar um laboratório de cabos de energia de alta tensão em Poços de Caldas. “Somos a única empresa capaz de fabricar e homologar cabos de até 138 kV no Brasil sem recorrer a processos e testes externos”, disse Boronat.

Vamos aos produtos. Toda essa infraestrutura é capaz de criar produtos inovadores para o setor de energia renovável.

A Prysmian fabrica:
cabos submarinos para projetos de energia eólica offshore, obtida por meio da força do vento em alto-mar,
cabos para parque solares mais resistentes ao ataque de cupins,
• Cabos para parques solares mais resistentes a condições de alagamento.

O movimento do governo federal para regular a eólica offshore até o final deste ano deve colocar esse produto na principal prateleira de vendas da Prysmian.

Já entre os produtos verdes está o Afumex Green Iristech, primeiro cabo de energia no mundo a utilizar plástico de origem vegetal em parte de sua isolação. Cada tonelada de composto verde utilizado na produção desse cabo representa até cinco toneladas a menos de CO2 na atmosfera, segundo a companhia.

Inovação também está no P-Laser, pioneiro cabo de energia alta performance construído totalmente com materiais reciclados. E o Ecoslim, cabo óptico feito com 50% menos plástico virgem em sua composição.

Com esse trabalho, a Prysmian foi reconhecida pela Petrobras, um de seus principais clientes, como o melhor fornecedor de 2022 na categoria ESG em Meio Ambiente, e pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) como melhor fornecedor na categoria condutores elétricos. “Vamos continuar crescendo com qualidade e com nossos fundamentos tecnológicos e de energia renovável”, disse o CEO.