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Uma construção bem coordenada

Sob a gestão Lula, desembolsos do BNDES em infra triplicam neste ano e comprovam que as políticas públicas de incentivo ao crescimento, em parceria com empresas privadas, são fundamentais para estimular o crescimento econômico e de negócios

Crédito: Istockphoto

Por Jaqueline Mendes

A troca de governo no Brasil representou também uma guinada no ritmo de atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) neste ano. Por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a instituição tem recuperado seu protagonismo no fomento a obras de infraestrutura no País. De janeiro a setembro deste ano, os desembolsos em infraestrutura atingiram R$ 21 bilhões, o triplo dos R$ 7 bilhões liberados no mesmo período de 2022. Os setores que mais demandaram linhas de financiamento, segundo o banco, foram saneamento, transporte e telecomunicações, segundo o economista Nelson Barbosa, diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES. “Estamos resgatando o real papel de um banco de fomento, que existe para se somar aos recursos disponíveis do mercado privado, não para concorrer e substituir”, disse Barbosa, em entrevista à DINHEIRO. O desembolso da aérea industrial subiu de R$ 5 bilhões para R$ 11 bilhões.

O único setor que apresentou queda nos desembolsos foi o de energia, como linhas de transmissão, fazendas solares e parques eólicos. Mas isso não significa que a área está em retração. Segundo Barbosa, os megaprojetos dos últimos anos anteciparam a captação de recursos do BNDES. Por isso, caiu de R$ 3 bilhões, em 2022, para R$ 2 bilhões, neste ano. No entanto, as consultas — apresentação de projetos com potencial de aprovação — saltaram, no mesmo período de comparação, de R$ 22 bilhões para R$ 54 bilhões. “Isso mostra que o cenário é muito positivo para o aumento dos negócios nos próximos anos”, afirmou Barbosa. “As consultas de hoje são os desembolsos de amanhã.”

“Em 2016, o setor de infraestrutura respondia por 40% da nossa carteira. agora, deve chegar a 60%” Renata Oliver cofundadora e vice-presidente da BMG Seguros

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Para garantir esse crescimento robusto, o BNDES tem aprimorado seus instrumentos de garantia, que permitem a elevação consistente do investimento público. E isso requer a construção de mecanismos seguros de financiamento de longo prazo, tanto no mercado interno quanto no externo, como transparência e planejamento. O banco, segundo Barbosa, vem implementando as melhores práticas de compliance do mundo, tornando o BNDES referência nesse quesito. “Estamos ajudando a desmistificar o papel de um banco de desenvolvimento. E todos os contratos estão disponíveis on-line para quem quiser consultar”, afirmou. “E temos referências muito importantes, como os bancos de fomento da Alemanha e da Coreia do Sul.”

Graças a essa transparência, o BNDES tem conseguido reduzir o calote — problema que assombrou o banco nos últimos anos com empréstimos não pagos em obras financiadas em países como Cuba e Venezuela e que tiverem de ser cobertas pelo Tesouro. A inadimplência (mais de 90 dias) atingiu no primeiro semestre o menor valor da história, em um patamar praticamente nulo: oscilou de 0,13% em 31 de dezembro de 2022 para 0,01% em 30 de junho de 2023. A taxa é expressivamente inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (3,55% geral e 1,06% para grandes empresas na mesma data. A boa qualidade da carteira de crédito e repasses, especialmente para obras de infraestrutura, foi mantida, com 94,4% das operações classificadas nos mais baixos níveis de risco (entre AA e C) em 30 de junho de 2023.

Edilson Rodrigues

“O cenário é muito positivo para o aumento dos negócios nos próximos anos” Nelson Barbosa diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES

Crescimento Apesar do forte crescimento dos recursos para a infraestrutura em 2023, o potencial de crescimento para os próximos anos é imensamente maior do ritmo atual, na avaliação Renata Oliver, cofundadora e vice-presidente da BMG Seguros. A executiva avalia que a mais recente versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê injetar cerca de R$ 1,4 trilhão na economia entre 2024 e 2026, vai puxar para cima todo o ecossistema do setor e, a reboque, o de seguros. “Existe um mundo muito grande para acontecer. No primeiro ano de nossa operação, em 2016, o setor de infraestrutura respondia por algo em torno de 40% da nossa carteira. Com o crescimento que está por vir, deve chegar a 60%”, afirmou. Hoje, são cerca de R$ 18 bilhões em Importâncias Seguradas vinculadas à infraestrutura. Uma prova de que a coordenação institucional gera sintonia entre o público e o privado, em nome do crescimento.