Tecnologia

Unicórnio com DNA mexicano chega ao Brasil

Incode, startup avaliada em US$ 1,25 bilhão, atua com tecnologia de identificação digital para minimizar fraudes

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Incode: chegada ao Brasil tem relação com a existência de indústrias suscetíveis à fraude (Crédito: Divulgação)

Por Victoria Ribeiro

Criada no Vale do Silício em 2015, a Incode, plataforma de verificação e autenticação de identidade baseada em inteligência artificial, acaba de iniciar operação física no Brasil com abertura de escritório na capital paulista. Depois de uma segunda rodada de investimentos, há dois anos, ela está avaliada em US$ 1,25 bilhão.

O salto está totalmente vinculado à pandemia de Covid 19 ­— na época, o processo manual de validação de identidade nas instituições financeiras passou a ser substituído por inteligência artificial (IA) e machine learning.

Segundo Ricardo Amper, fundador e CEO da Incode, a chegada ao Brasil tem relação com a existência de indústrias suscetíveis à fraude e com a estratégia de expansão na América Latina.

E há um terceiro ponto: o nível de sofisticação de fintechs também é visto como grande oportunidade. “Esperamos nos tornar aliados estratégicos em segurança cibernética”, afirmou o CEO à DINHEIRO. Criada nos EUA, a Incode traz no DNA raízes latino-americanas (Amper nasceu na Cidade do México).

Entre as soluções oferecidas pela empresa, que já atende clientes brasileiros como Nubank e Rappi, estão incluídas:
a verificação de identidade a partir de bases governamentais,
o facematch, em que a pessoa tira uma selfie e a IA verifica se a foto coincide com aquela utilizada no documento de identificação – um serviço em geral que precisa ser bem aprimorado, porque a quantidade de tentativas para um match ainda costuma ser cansativa.

Entre as vantagens pontuadas por Amper está a otimização do tempo. Fica tudo por conta da IA: coleta de imagem, processamento, reconhecimento e liberação. “Apenas a tecnologia vai ser responsável por dizer se você é quem diz ser”, afirmou.

sso permite que usuários se cadastrem de forma cinco vezes mais rápida e tenham taxa de sucesso de mais de 40% no onboarding. Mais do que o tempo, porém, a principal vantagem é a redução de fraudes.

“O maior impacto que a indústria de identidade pode ter é gerar confiança entre pessoas, empresas e instituições.”
Ricardo Amper, fundador e CEO da Incode

Ricardo Amper, CEO da Incode (Crédito:Divulgação)

Tentantivas

Amper, que possui mais de 20 anos de experiência como empreendedor, afirma que o processo de verificação da Incode Omni Platform gera um modelo de rosto biométrico que é traduzido em um código alfanumérico criptografado, o que significa dizer que ela não armazena fotos de rostos, mas sim converte o modelo em códigos que não podem ser hackeados ou vinculados a uma pessoa física.

“A partir disso, conseguimos reduzir fraudes em autenticação de verificação de identidade em até 99%”, disse o CEO. Ele ressalta que o Brasil sofre 2,8 mil tentativas de fraude financeira por minuto segundo dados do Banco Central.

“A região latino-americana, em geral, possui muitos novos usuários e os bancos de dados não estão tão desenvolvidos, por isso há um nível significativo de fraude.” A criptografia, de acordo com ele, também é um diferencial que minimiza o potencial da IA em perpetuar preconceitos gerados pelo reconhecimento facial.

Amper considera a regulamentação em torno das tecnologias como importante para garantir a privacidade e a proteção das pessoas, mas acredita que a atribuição de um rótulo binário, “bom ou mau”, pode ser prejudicial. Além disso, o CEO afirmou que a falta de conhecimento é outro problema.

“Muitas pessoas confundem tecnologia de reconhecimento facial com tecnologia de vigilância. São duas coisas muito diferentes”, disse. Mesmo com as pautas de regulamentação se tornando cada vez mais comuns e universais, o executivo afirmou que a expansão da Incode está atrelada ao compromisso com as leis locais e que, provavelmente, as identidades físicas serão substituídas em breve.

“O maior impacto que a Incode e a indústria de identidade em geral podem ter é gerar confiança entre pessoas, empresas e instituições. A confiança é o elemento central para propiciar um sistema mais democrático”.