Tim: operação brasileira é essencial, diz CEO global do grupo
Sob comando do CEO Pietro Labriola, grupo fecha a venda da rede fixa na Itália por 18,8 bilhões de euros e diz que TIM Brasil será beneficiada com o reforço de caixa
Por Celso Masson e Hugo Cilo
O executivo italiano Pietro Labriola trocou o Rio de Janeiro pela ponte aérea Roma-Milão, no começo do ano passado. Ex-CEO da TIM Brasil, ele foi convocado pela controladora, a então Telecom Italia (hoje Grupo TIM), para colocar em ordem as finanças da maior telecom do país e uma das maiores da Europa. No último domingo (5), a mais importante fase dessa missão foi colocada em prática. Após meses de negociações, o Grupo TIM anunciou ao mercado que aceitou a proposta do fundo americano KKR por sua infraestrutura de rede fixa na Itália, chamada de NetCo. A oferta aprovada, de 18,8 bilhões de euros, supera R$ 100 bilhões. Hoje, a dívida líquida do grupo é de 26 bilhões de euros.
O negócio recebeu sinal verde de grande parte do conselho de administração, mas não foi unanimidade: 11 votos a favor e três contrários. O Grupo TIM informou que a decisão não será levada à apreciação dos acionistas, o que desagradou a Vivendi, maior investidora da companhia.
Segundo a TIM, a oferta da KKR pode subir para 22 bilhões de euros (R$ 116 bilhões) caso algumas condições sejam alcançadas até o fechamento do negócio, previsto para o final do primeiro semestre do ano que vem.
A Vivendi, no entanto, promete ir à luta contra a venda. Ainda no domingo, o conglomerado de mídia francês Vivendi, que detém 24% das ações do Grupo TIM, emitiu um comunicado desaprovando a venda da rede fixa à KKR.
A empresa acionista disse que considera a transação ilegal e que utilizará todos os meios legais à sua disposição para contestar essa decisão. “A Vivendi lamenta profundamente que o Conselho de Administração da TIM tenha aceitado a oferta da KKR de compra da rede da TIM sem primeiro informar e solicitar o voto dos seus acionistas, infringindo, assim, as regras de governança aplicáveis”, afirmou.
Enquanto os acionistas se preparam para as batalhas na Justiça, Labriola comemora a negócio. Em entrevista à DINHEIRO, o CEO garantiu que a TIM Brasil será beneficiada pela transação bilionária da controladora. “Nossos esforços para otimizar a estrutura de capital e gerenciar nossos níveis de endividamento por meio do plano de separação, enquanto concluímos um turnaround operacional na Itália, estão valendo a pena e ajudarão a construir um futuro sustentável para o grupo”, afirmou Labriola. “E a TIM Brasil também se beneficiará disso e é fundamental para essa transformação.”
Embora não tenha detalhado quando e como a TIM Brasil será beneficiada, Labriola reforçou a importância da operadora brasileiras nas estratégias de longo prazo da companhia no mundo.
“A TIM Brasil é um elemento essencial para o presente e o futuro do grupo.”
Pietro Labriola, CEO do Grupo TIM
E prosseguiu: “Alberto Griselli [CEO da TIM Brasil] e o restante da equipe estão fazendo um ótimo trabalho. Nossos esforços para fortalecer a estrutura de capital do grupo e reduzir a dívida por meio do plano de diferimento, à medida que concluímos a recuperação operacional na Itália, estão dando frutos e ajudarão a criar um futuro de crescimento sustentável para toda a companhia.”
“A TIM Brasil poderá desfrutar de maior flexibilidade e explorar novas oportunidades de crescimento. Com a compra das infraestruturas móveis da Oi, conseguimos aquele processo de consolidação do mercado, que passou de cinco para três operadoras em poucos anos, o que esperamos também na Itália”, afirmou o executivo.
Desalinhamento
A afirmação desfaz os temores de venda da TIM Brasil. A opção havia sido ventilada pelas empresas Merlyn Partners e RN Capital Partners, acionistas minoritários da operadora italiana, como forma de manter a rede fixa no mercado doméstico. O Grupo TIM informou que levou a notificação com a proposta ao conselho de administração, que a considerou “não alinhada” com os planos da holding de telecomunicações.