Tecnologia

Verificação além das selfies

Prove Identity, grupo global que checa identidade pelo número de celular, firma parceria com empresa brasileira de cartões

Crédito: Divulgação

Por Victoria Ribeiro

Depois de receber aporte de US$40 milhões liderado pela MassMutual Ventures e Capital One Ventures, a mais recente novidade da Prove Identity, empresa de verificação de identidade com sede em Nova York, é a expansão para a América Latina por meio de parceria com a Elo – empresa brasileira de cartões que atua no mercado desde 2011 e possui mais de 43 milhões de cartões ativos. Agora, a Elo passa por reposicionamento de marca e quer ser reconhecida pelo público como uma empresa genuinamente brasileira. Além da nova imagem, a empresa também embarcou no uso de soluções da Prove, apoiada em um dado alarmante do Banco Central: são 2,8 mil tentativas de fraudes financeiras em canais eletrônicos por minuto no Brasil. “Para uma transformação digital ser bem-sucedida, a verificação de identidade é fundamental”, afirmou Paulo Nascimento, diretor sênior de Vendas da Prove para a América Latina.

A parceria entre a americana e a brasileira envolve o Trust Score, solução que, através do número de celular, avalia a reputação e o risco associado a uma identidade. Por meio de parcerias mundiais com provedores de dados e da tecnologia machine learning a plataforma analisa sinais comportamentais centrais no smartphone que está realizando a transação financeira. “A gente consegue saber, por exemplo, se o SIM Card (chip) associado ao celular que está fazendo a transação foi ativado recentemente, o que é um indicativo de perfil fraudulento”, disse Nascimento. A solução, de acordo com ele, é um meio de minimizar a proliferação de contas atreladas a ‘laranjas’ no Brasil, usadas para movimentar dinheiro de origem ilícita sem chamar atenção das autoridades. O executivo explica que, quando se trata desse tipo de fraude — responsáveis por prejuízos ao sistema financeiro que chegam a R$2,5 bilhões — os criminosos usam as fotos dos verdadeiros donos das contas bancárias para reproduzir documentos de identidade, que posteriormente são validados através de bancos digitais, na maioria das vezes associadas a um número de celular específico. “É possível que esse tipo de fraude se torne cada vez mais estratégica e comum”, disse Nascimento.

EXPERIÊNCIA MELHORADA Além da mitigação de fraudes, outra grande vantagem da solução, segundo o executivo, é a melhoria da experiência do cliente. Isso porque, de acordo com ele, o Trust Score diminui a necessidade de envolvimento do usuário, que muitas vezes precisa fazer fotos de rosto para realizar transações ou aquela famosa selfie segurando a carteira de identidade ao lado para abrir contas. “Soluções convencionais exigem muita fricção. Você tem que tirar a foto, que tem que estar centralizada e em boa resolução. Tudo isso colabora com uma taxa de 30% de desistência do usuário”, disse Nascimento, afirmando que a acessibilidade também é outro ponto a se considerar. “Nem todo mundo tem um celular com uma boa câmera, para garantir uma foto com a qualidade necessária para a prova de vida por meio da biometria facial. A partir do momento que a análise se baseia no comportamento do smartphone, esse problema é mitigado”, afirmou o Nascimento.

Andrea Rufino

“Para a transformação digital ser bem-sucedida, verificação de identidade é fundamental”paulo nascimento diretor sênior prove identity

Com operação por Estados Unidos, Reino Unido e Índia, além do Brasil, o executivo diz que temos peculiaridades não necessariamente positivas em relação aos demais mercados em que a empresa atua: a sofisticação dos crimes digitais. “Estamos falando de um país enorme, com diversidade cultural e diferentes habilidades para usar tecnologia”, disse Nascimento. “Criminosos analisam instituições, identificam problemas, hábitos do consumidor e vão direto na vulnerabilidade.” Esse cenário, segundo ele, reflete nas expectativas e resultados. No Brasil, a Prove (que antes da Elo já possuía clientes locais como Vsoft, TargetData e Oakmont) deve encerrar 2023 com o segundo maior mercado da empresa, atrás apenas dos EUA. Agora, quando se trata do ano que vem, a ideia é montar uma equipe de vendas local, para atender verticais de setores brasileiros específicos, como os de saúde e e-commerce. “O plano é realmente aumentar a subsidiária, crescer em recursos e atingir um nível de penetração cada vez maior no mercado brasileiro.”