O maior legado que podemos deixar
Por César Souza
Legado é tão importante quanto o propósito de vida. A proximidade das festas de final de ano e a recente experiência dos três angustiantes dias que vivi em plena guerra em Israel têm me feito refletir bastante sobre o binômio propósito e legado, a marca que desejamos deixar pelo privilégio da nossa existência. Sabemos que o senso de propósito turbina as pessoas, maximiza o uso da energia humana por meio de causas que alimentam a convicção de que podemos mudar o mundo ou pelo menos a comunidade onde vivemos com o nosso trabalho e o engajamento nos temas que nos afligem.
Construir com clareza o propósito de uma empresa – assim como de uma escola, da família, do clube que frequentamos ou de um País, tornou-se uma poderosa alavanca para os líderes verdadeiramente inspiradores, aqueles ou aquelas que constroem em conjunto com suas equipes o propósito da empresa, em vez de simplesmente comandá-la.
Uma espécie de marco zero do papel do líder é essa capacidade de construir um propósito comum, em vez de apenas oferecer empregos, tarefas ou metas. Esse tipo de líder fornece às pessoas aquilo que mais desejam: significado para suas vidas, uma bandeira, uma razão de existência. Acreditam que elas estão dispostas a dar o melhor de si e até a fazer sacrifícios, desde que se identifiquem com uma causa, um porquê para o seu cotidiano.
O Brasil se ressente da falta de um propósito, um projeto para o país que sirva como instrumento da união das diferentes correntes em torno de algo maior, comum às ideologias que atualmente disputam a falsa primazia de uma única visão de mundo.
O Brasil se ressente da falta de um propósito, um projeto para o País que sirva como instrumento da união das diferentes correntes em torno de algo maior, comum às ideologias que atualmente disputam a falsa primazia de uma única visão de mundo
Se construir e definir com clareza o propósito de uma empresa é uma poderosa alavanca para o sucesso de um Líder com L maiúsculo, fundamental e determinante é a convergência desse propósito com o propósito de vida do próprio líder e dos membros da sua equipe. Na convergência entre o propósito organizacional e o individual talvez resida uma das chaves do sucesso e da felicidade no mundo empresarial. Por essas razões, já propus há algum tempo que em vez de continuarmos chamando o presidente de uma empresa de CEO (Chief Executive Office), passemos a denominar esse cargo de CPO (Chief Purpose Officer).
Mas não adianta termos um propósito se não conseguirmos traduzi-lo em um legado. Da mesma forma que pouco adianta termos uma estratégia bem estruturada e não conseguirmos tirá-la da cabeça ou do papel e executá-la. Ou termos um belo sonho e não transformá-lo em realidade.
O legado não se resume apenas a realizações materiais, no caso de uma empresa a lucro, resultados de caixa ou carteira de clientes. Tudo isso pode ser perecível e desaparecer com o tempo. O maior legado que podemos deixar reside no campo das contribuições para o desenvolvimento das ideias, das obras imateriais e no caso das empresas e famílias na capacidade de educar e formar pessoas, equipes, sucessores que cultivem e deem continuidade às sementes que plantamos.
Valorizo muito a dupla Sonho e Suor. Fica o convite para que na virada do ano que se aproxima consigamos revisitar nosso propósito de vida e que perseveremos pela concretização do nosso legado, pois quem não luta pela realização dos seus sonhos, acaba como coadjuvante dos sonhos alheios.
César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda