Conheça o sucesso da Caedu: moda acessível e bilionária
Com produtos voltados à classe C, varejista Caedu expande operações com investimento de R$ 250 milhões e prevê faturar R$ 1,1 bilhão este ano
Por Angelo Verotti
Vestir histórias mais felizes. Propósito confeccionado há quase 50 anos pela Caedu. A varejista de moda voltada à classe C foi fundada pelo casal Vicente e Teresa de Palma no Brás, em 1975. Desde então, pegou carona no crescimento do tradicional bairro de compras da capital paulista e, após adotar uma administração profissional, tem crescido em média dois dígitos anuais com a estimativa de alcançar receita de R$ 1,1 bilhão este ano, um aumento de 19% em comparação a 2022, e de R$ 1,3 bilhão em 2024.
O desempenho segue na contramão do mercado, que ainda busca se recuperar plenamente dos efeitos da pandemia e, para complicar, sofre a concorrência de lojas on-line, além de players internacionais. “Queremos democratizar a moda”, afirmou Edson Salles, CEO da Caedu. “Garantir o acesso das famílias brasileiras a produtos de qualidade e com preço justo.”
A empresa tem seis departamentos:
• masculino,
• feminino,
• infantil,
• lingerie,
• acessórios
• e calçados.
Com 26 anos de experiência no varejo de moda, 15 deles na Caedu, Salles é o primeiro executivo fora da família a assumir o posto de comando, ocupado anteriormente pela atual presidente do Conselho, Leninha de Paula — um dos três filhos dos fundadores que trabalham na empresa (são cinco no total). E o trabalho conjunto tem refletido no crescimento dos negócios, apoiado por três pilares: expansão, proposta de valor e eficiência operacional.
Ainda em 2007, com Leninha e os irmãos Luciano e João de Palma no comando da empresa, a Caedu chegou a 12 lojas. Mas era necessário estruturar o negócio. Dito e feito. “A empresa cresceu nove vezes no geral entre 2008 e 2022”, disse o executivo. “Quando eu assumi a operação [CEO] já tínhamos 67 unidades e agora são 81. Nosso plano até 2026 é chegar a um número entre 134 e 140.” A empresa inaugurou duas lojas no ano passado e outras 13 este ano, com planos de abrir até 18 no ano que vem.
O investimento total previsto para a abertura de ao menos 50 unidades no próximo triênio deve chegar a R$ 250 milhões. O planejamento inclui a expansão de lojas por outros estados — atualmente existe uma em Porto Alegre, outra em Goiás e quatro em Minas Gerais.
A Caedu mapeou ao menos 500 locais para a implantação de unidades pelo País. A presença em shopping centers também deve ser fortalecida. Hoje são 15. “Abrimos uma operação no shopping Aricanduva [zona Leste de São Paulo] no ano passado e deu super certo”, afirmou o CEO, ao destacar que no varejo de rua existem os concorrentes locais, certa informalidade e, com isso, às vezes fica difícil apresentar a sua proposta de valor. “Nos shoppings a vantagem competitiva é imensa.”
Mas não basta ter as melhores localizações. É importante, principalmente, garantir a satisfação do cliente e a qualidade dos produtos comercializados. Para isso, a Caedu tem dedicado atenção à cadeia de produção. O desenvolvimento dos itens é feito por equipe de 20 estilistas juntamente com fornecedores de forma a assegurar também preços competitivos que atendam aos anseios da classe C.
“Checamos até a quantidade de peças colocadas em uma embalagem. Tudo isso com o objetivo de reduzir custos.” Além de fornecedores de Santa Catarina (40% do total), do interior de São Paulo e de outros estados (30%), a Caedu trabalha com a importação de peças da Ásia (China, Índia e Bangladesh, por exemplo), o correspondente hoje a 30% do portfólio. As lojas recebem mensalmente 15 mil produtos de quatro coleções anuais, e a comercialização atinge em média 35 milhões de peças por ano.
O incremento do negócio traz otimismo ao executivo. No último trimestre, segundo ele, a Caedu cresceu 15,6% nas vendas em mesmas lojas. A taxa de conversão nas unidades chegou a 25%, contra 16% do restante do mercado. E o tíquete médio das compras é de R$ 140. Para atender os 3 milhões de clientes mensais são 2,4 mil colaboradores, incluindo área administrativa.
E a clientela deve aumentar diante de um mercado de 100 milhões de brasileiros na classe C. “Estudo do Instituto Locomotiva mostrou que a cada dez clientes, 7,7% experimentam uma nova marca. É nessa onda que a gente tem surfado”, disse Salles. E, pelo que indicam os números, há um mar de oportunidades a ser navegado pela Caedu.