SunclicK: energia renovável, por assinatura e mais barata

Por Celso Masson

Nascida a partir da junção de profissionais com duas décadas de experiência no setor de energias renováveis, a SunClick desenvolveu um modelo de negócio disruptivo que tem tudo para transformar o modo como os consumidores de baixa tensão pagam a conta de luz. A proposta é simples: permitir o acesso à eletricidade gerada de forma sustentável e pagando por ela menos do que a tarifa convencional. Isso, sem precisar fazer nenhum investimento adicional, nem obras na residência ou no comércio. Os descontos podem variar de 10% a 17% ao mês, dependendo da concessionária de energia. Segundo o consultor estratégico da startup, Sérgio Reinas, além do desconto, os consumidores não precisam instalar painéis solares ou qualquer outro equipamento. “A energia é gerada em usinas remotas e injetada na rede elétrica”, afirmou. Não há cobrança de taxas e nem fidelidade, portanto, os consumidores podem cancelar os serviços quando quiserem. Uma solução em que todos ganham – inclusive o planeta, já que a geração de energia é limpa.

Para o diretor comercial da SunClick, Pedro Camargo, “a energia por assinatura pode contribuir para aumentar essa participação, além de reduzir a dependência de fontes não renováveis, como as termelétricas, que são mais caras e poluentes”. Criada em 2021, a plataforma está estruturada como um fundo de investimentos com duas verticais de negócios: uma é o desenvolvimento de projetos de energia, outra, a construção e operação de usinas.

Os primeiros estados a receber usinas solares da empresa foram Ceará e Minas Gerais. Segundo a CEO da SunClick, Lia Carvalho, graças a uma parceria estratégica formada com a Norany Gestão de Energia, a plataforma já atua em 13 estados e cobre 18 concessionárias, gerenciando 50 usinas e aproximadamente 200 MW de potência. “Buscamos nos posicionar como a melhor solução de energia renovável para clientes B2B e B2C”, afirmou.

Uma parceria com a Norany gestão de energia permitiu à Sunclick chegar a 200 MW de potência gerada. Meta é alcançar 300 Mil clientes clientes

O plano de investimento para os próximos 24 meses prevê R$ 1,5 bilhão para construir e operar mais de 300 MW de potência, que atenderão a todos os estados do Sudeste e Nordeste, além de parte do Centro-Oeste. Para chegar ao consumidor final, a SunClick tem buscado parcerias junto a operadoras de telecom e internet. Para Camargo, uma das dificuldades para expandir o negócio a partir do estágio atual é a desconfiança do consumidor em relação ao serviço oferecido. “É uma fase de aprendizado. A gente tem que educar o cliente, mostrar que a energia por assinatura já é uma realidade e que traz benefícios.” Daí a importância de ter a chancela de grandes empresas que já estão na casa do consumidor, levando telefonia, TV por assinatura, banda larga. “A assinatura de energia será mais uma conta, com o benefício de custar menos todo mês.”

Com usinas solares em operação nos estados de Minas Gerais e Ceará, empresa pretende avançar por todo o Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste

COMPENSAÇÃO E como isso funciona? A SunClick constrói uma usina de energia solar e a conecta à rede de distribuição. Cada assinante do serviço passa a ter uma alocação na usina, que se traduz em crédito sobre o que for gerado e a distribuidora faz uma compensação do que foi gerado. Tudo regulamentado pela legislação. “Vamos supor que você tem uma conta de luz de R$ 500 por mês. Depois de assinar com a SunClick, continuará recebendo a sua conta normalmente, porém com um crédito de R$ 400”, disse Camargo. Assim, a conta cai para R$ 100, relativos a obrigações da distribuidora, como serviço de iluminação pública, assistência, manutenção e tributos. “Dos R$ 400 de crédito, a SunClick irá cobrar R$ 350, ou seja, você teve 10% de desconto sobre os R$ 500 que pagaria. E pode cancelar quando quiser.”

Segundo o consultor Reinas, o benefício direto é o desconto, mas há outros reflexos do consumo consciente. “Quando uma incorporadora oferece esse serviço já no lançamento do prédio, o cliente pode ter taxa de juros menor no financiamento do imóvel, pelo fato de a unidade ser consumidora de energia renovável”, disse. E já tramitam projetos de lei para reduzir o IPTU de imóveis abastecidos com energia renovável. É o futuro.