Em busca de um turismo sem preconceito

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Carlos Humberto da Silva Filho, CEO e fundador da Diáspora.black (Crédito: Divulgação)

Por Sérgio Vieira

Foi a partir de um caso de racismo sofrido durante o período da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, que Carlos Humberto da Silva Filho resolveu empreender no mercado do afroturismo. “Um casal de holandeses alugou minha casa em um aplicativo de acomodação compartilhada e quando chegou e me viu não quis ficar”, disse Humberto à DINHEIRO. Deste lamentável episódio surgiu a oportunidade da criação da plataforma de hospedagens Diáspora.black, focada na população negra. “A gente identificou a necessidade no mercado de turismo em ter maior representatividade, não só em serviços especializados em receber pessoas negras, mas também em contar histórias da população negra dentro do turismo.” Em 2017, a startup expandiu o marketplace de turismo e treinamentos a profissionais do setor, sobre como lidar com situações de racismo. Mas a pandemia atrapalhou parte dos planos e fez com que o empreendedor criasse novas frentes de trabalho. Tudo isso após ter recebido um aporte de R$ 600 mil. “A gente costuma dizer que dormiu rico e acordou pobre, já que tínhamos investido tudo para ter a tecnologia pronta no verão de 2020. Só que aí tudo fechou. E não poderíamos mais errar”, afirmou o CEO e fundador da empresa. A Diáspora, então, focou em eventos on-line e no desenvolvimento de treinamentos, não apenas em turismo, para falar de diversidade e da agenda antirracista. Hoje a Diáspora também trabalha em ações com empresas que querem aprimorar políticas de diversidade e inclusão, e desenvolve certificações, além de promover eventos. A empresa, que atua em 15 países, fechou 2023 com faturamento de R$ 5 milhões e planeja alcançar R$ 10 milhões em 2024. “Temos muito orgulho de promover esse impacto social e dar visibilidade à população negra. Acredito que nossa geração vai viver experiências pautadas na qualidade do serviço e não do racismo.”

CULTURA ANTIRRACISTA
Vai ter Zumbi dos Palmares no Fortnite

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Para ampliar a cultura antirracista no País e disseminar um pouco mais da ancestralidade da nossa população, a PretaHub, aceleradora do empreendimento negro no Brasil, em parceria com a Salve Games, desenvolveu um mapa inspirado em Zumbi dos Palmares para o famoso jogo on-line Fortnite. O game vai proporcionar a oportunidade de caminhar pelo Quilombo dos Palmares, o maior refúgio de escravizados já registrado em solo brasileiro. Com previsão de lançamento para fevereiro deste ano, o jogo vai permitir que os jogadores explorem toda a região, que ficava no estado de Alagoas, com a intenção de proteger o local dos invasores. “O jogo é parte da estratégia de como podemos contar a história de Palmares. Esperamos que as pessoas aprendam sobre um período histórico pouco relatado no Brasil. O game tangibiliza como podemos vivenciar na prática a comunicação ancestral. Queremos, através dele, contribuir com a educação antirracista”, disse Adriana Barbosa, diretora-executiva da PretaHub e fundadora do Festival Feira Preta.

CAMINHO SUSTENTÁVEL
Melhor uso da nossa água

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O Brasil vive hoje uma contradição ambiental. Enquanto o País registra uma das maiores reservas hídricas do mundo, também enfrenta seca em diversos locais, como no Rio Negro, em Manaus. Para muitos, o caminho está na ampliação do processo de reuso da água. “A seca extrema evidencia a importância do tratamento de efluentes, o uso de fontes alternativas como a captação de água de poços profundos e, principalmente, do aproveitamento de água de reuso na Amazônia”, disse Diogo Taranto, diretor de Desenvolvimento de Negócios do grupo Opersan, que atua nacionalmente e tem operações na Zona Franca de Manaus. Para ele, o reuso da água tornou-se uma prioridade ambiental tão relevante quanto a preservação dos biomas e ecossistemas e a redução da emissão dos gases de efeito estufa. “Entretanto, os investimentos em grandes projetos de reutilização ainda são exceção e permanecem à margem das centenas de bilhões de reais estimados para o atingimento da meta de universalização do saneamento básico no Brasil até 2033”, afirmou.

ECONOMIA CIRCULAR
Apoio da Coca-Cola aos catadores e cooperativas

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No avanço da jornada de ações ligadas à economia circular, a Coca-Cola anunciou investimentos de R$ 6 milhões em projetos de apoio a catadores de materiais recicláveis. O protocolo de intenções foi assinado entre a empresa e a Associação Nacional de Catadores (Ancat) durante a 10ª Expocatadores, feira realizada no fim de dezembro, em Brasília. “Trabalhamos na melhoria e na construção de mudanças significativas, como as promovidas por meio de nossa parceria histórica com a Ancat. Os avanços não seriam alcançados sem a atuação de catadores e cooperativas, que são verdadeiros protagonistas da reciclagem no Brasil”, disse Victor Bicca, diretor de Relações Governamentais da Coca-Cola Brasil. Entre as ações que serão executadas estão estruturação de uma nova unidade de reciclagem, apoio às escolas de formação em negócios e logística reversa, além da instalação de cozinhas solidárias nas redes dos catadores.

NOVA MATÉRIA-PRIMA
Boticário troca resíduo por chapa sustentável

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O Boticário quer fazer sua parte para tentar mudar uma realidade no Brasil: a de que são descartadas 2 mil toneladas de lixo de forma irregular por dia. Para isso, a companhia desenvolveu, em parceria com a empresa Mão Colorida, uma chapa sustentável, que está sendo utilizada em 20 lojas ânforas (que oferecem novas experiências ao consumidor). O material é produzido a partir de itens de baixa reciclabilidade, como plásticos misturados, tecidos e pó de madeira. A cada metro quadrado de chapa sustentável são retirados 23 quilos de resíduos que poderiam ir para aterros. “O objetivo é que, em um futuro próximo, todas as lojas ânforas tenham mobiliários compostos por essa matéria-prima, que vem para fortalecer nossos compromissos sustentáveis”, disse Catarina Parente, diretora-executiva de Brand Experience do Boticário.