Tecnologia

Edtech busca furar bolha social com ensino de tecnologia

Criada em 2019, a edtech Télos utiliza plataforma inspirada em Mario Bros para capacitar populações sub-representadas e conectar estudantes a oportunidades

Crédito: Istockphoto

Télos e a tecnologia: formação intensiva de seis meses, com opção por programação e texto ou por ciência, engenharia ou análise de dados (Crédito: Istockphoto)

Por Victoria Ribeiro

De acordo com relatório do Google, em parceria com a Associação Brasileira de Startups, o setor de tecnologia terá um déficit de 530 mil profissionais até 2025. O problema, que não é de hoje, foi o que motivou Gabriella Ribeiro a iniciar sua jornada como empreendedora em 2019, aos 22 anos, com a criação da Télos. Com uma trajetória de vida descrita por ela como semelhante a de muitos brasileiros, Gabriella afirma que a edtech tem como proposta descentralizar o ensino da linguagem de programação no Brasil, capacitando pessoas e populações sub-representadas. A executiva divide esse plano com o CTO da Télos, Samuel Moreira, que começou a programar aos 9 anos, inspirado pelo desejo de criar seus próprios jogos. “Hoje, a tecnologia é a melhor forma de furar a bolha social no Brasil. E isso não leva em consideração de onde você veio, mas sim suas competências técnicas”, afirmou Gabriella, CEO da Télos.

“A tecnologia é a melhor forma de furar a bolha social no Brasil. Não leva em consideração de onde você veio, mas sim suas competências.”
Gabriella Ribeiro, CEO Télos

(Divulgação)

Com formação intensiva de seis meses, aqueles que passam pela edtech podem optar por programação e texto, com ênfase em JavaScript, ou por ciência, engenharia ou análise de dados.

Todo o conteúdo, segundo Gabriella, é ministrado por profissionais do interior do país, como forma de proporcionar proximidade e identificação entre professores e alunos. E um dos grandes diferenciais é reflexo da história de Samuel: tudo acontece em uma plataforma inspirada em Mario Bros. “Conforme o aluno assiste aos vídeos, e faz as simulações, ele ganha pontos e avança”, afirmou.

O sistema Télos também proporciona aulas paralelas de inglês (de acordo com a executiva, uma barreira para aqueles que querem inserção no mercado de tecnologia) e soft skills.

À medida que o aprendizado acontece, as empresas parceiras acessam um dashboard com dados e desempenho dos alunos e podem selecionar aqueles que têm maior afinidade com as vagas. “É uma forma de transformar a jornada educacional em oportunidades reais”, disse a executiva.

Nessa trajetória de quase quatro anos, a edtech formou 3,5 mil pessoas. Através do “método de retorno compartilhado”, que permite ao estudante efetuar o pagamento do ensino após formado e inserido no mercado de trabalho ou por meio de turmas gratuitas financiadas por parceiros, a expectativa é formar 1 mil pessoas em 2024.

Para isso, a edtech deve iniciar o ano com jornadas para pessoas pretas no Norte do país e mulheres nordestinas. A longo prazo, a ideia é fazer com que a Télos alcance voos mais altos, marcando presença em outros países da América Latina, tendo a inteligência artificial e suas traduções-dublagens simultâneas como aliadas para superar as barreiras linguísticas. “O latino-americano tende a ser muito produtivo. Unir isso à capacitação é uma de nossas ambições”, disse Gabriella.