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China cresce 5,2% e mundo acha pouco

Crédito: AFP

Anúncio de crescimento chinês em 2003 não evitou derretimento das bolsas ao redor do mundo (Crédito: AFP)

Por Edson Rossi

Nenhum país relevante vai performar igual, mas a performance do PIB chinês em 2023 (+5,2%) foi considerada pouco estimulante pelo restante do mundo. A alta está exatamente em linha com a mais recente previsão do Banco Mundial e ninguém chega perto de Pequim. A instituição projetou crescimento médio global de 2,6%, metade do chinês. Nas economias avançadas, ele será de 1,5% — variando de 0,4% (Europa) a 2,5% (EUA), com o Japão no meio do caminho (+1,8%). Nos países emergentes e em desenvolvimento, a expectativa é de 4% — mas apenas de 2,2% na América Latina, com Brasil (+3,1%) e México (+3,6%) sustentando a alta. Nenhum indicador, no entanto, que supere a China. Mesmo assim, os mercados na Ásia fecharam em queda na quarta-feira (17), dia do anúncio. Hong Kong derreteu 3,68% fechando no nível mais baixo desde novembro de 2022. O índice CSI 300, que mede as maiores empresas listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 2,18%, atingindo o nível mais baixo em quase cinco anos. A Bolsa da Coreia do Sul retraiu na mesma linha (-2,47%) e a do Japão recuou um pouco menos (-0,4%). De toda forma, os dados do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) da China mostram que a segunda maior economia do planeta chegou a um robusto PIB de US$ 17,7 trilhões — há dez anos (2013), o PIB chinês era quatro vezes maior que o brasileiro, hoje é mais de oito vezes maior. Kang Yi, chefe do DNE, afirmou que a produção industrial aumentou 4,6% em termos anuais em 2023, o investimento em ativos fixos cresceu 3% e as vendas no varejo tiveram alta de 7,2%. O dado negativo continua no setor de construção & decoração (queda de 7,8%).

PESQUISA
(Quase) metade dos CEOs não aposta no destino da própria empresa

Na recém-divulgada Pesquisa Global 2024 com CEOs — feita pela PwC há 27 edições —, um dado alarmante ganha corpo: 45% dos 4,7 mil executivos entrevistados dizem que suas empresas não serão viáveis daqui a dez anos se permanecerem no caminho atual. O número era de 39% há um ano. Eles também afirmam esperar pelos próximos três anos muito mais pressão do que enfrentaram nos últimos cinco anos, principalmente devido a:
transformações tecnológicas (56% das respostas),
mudanças de hábito dos consumidores (49%)
e regulações governamentais (47%).

Os três tópicos estão à frente até mesmo de ações da concorrência (38%) e mudanças climáticas (30%). Isso em termos globais. No caso específico de executivos brasileiros, tecnologia (72%), preferência do consumidor (64%) e ações da concorrência (52%) predominam entre os temas mais preocupantes.

Mas a pior notícia para o Brasil é que dos quase 5 mil CEOs entrevistados, apenas 3% dizem que somos um mercado estratégico, fazendo o país sair do Top 10 da lista nesta questão. Ficamos em 14º lugar. Estados Unidos, China e Alemanha são respetivamente os três primeiros e o México é o 10º. Em 2014, o Brasil era citado por 12% dos executivos e ocupava a 4ª posição. De lá para cá, ladeira abaixo: 2015 (5º lugar), 2016 (6º), 2017 (7º), 2018 (8º), 2019 (6º), 2020 (9º), 2021 (8º), 2022 (10º) e 2023 (10º).

POLÍTICA MONETÁRIA
Juros (1): Europa sinaliza fim das altas

(Fabrice Coffrini)

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse na quarta-feira (17) ser “provável” que o juro comece a cair no meio do ano. Atualmente, as taxas variam de 4% a 4,75%, dependendo da modalidade de operação. “Atingimos um pico”, afirmou Lagarde em entrevista à Bloomberg em Davos (Suíça). Apesar da declaração, ela mostra cautela. “Somos dependentes de dados, e ainda existe um nível de incerteza e alguns indicadores que não estão ancorados no nível onde gostaríamos de ver.” A próxima reunião do BCE para tratar de juro acontecerá na quinta-feira (25).

POLÍTICA MONETÁRIA
Juros (2): FED deve cortar, mas sem pressa

Para Christopher Waller, um dos diretores do Fed, haverá três cortes nas taxas de juros dos Estados Unidos ao longo deste ano. A declaração foi dada na terça-feira (16) e jogou água gelada em Bolsas pelo mundo. O mercado previa seis cortes nas oitos reuniões que a autoridade monetária fará em 2024, a primeira delas no fim deste mês. O Fed elevou as taxas pela última vez em julho, para o maior nível em 22 anos. A inflação anualizada no país saiu de 0,2% (janeiro de 2020) para 9,1% (janeiro de 2022). Em dezembro de 2023, fechou em 3,4%.

67% foi quanto cresceu a renda do 1% mais rico dos brasileiros entre 2017 e 2022. Entre os 95% mais pobres & classe média, a variação no mesmo período foi a metade: +33%, quase nada considerada a inflação de 31% do mesmo período.
Os dados são do economista Sérgio Gobetti, do Ibre-FGV.

RANKING
Três bancos brasileiros entre as maiores marcas globais

Divulgado na quarta-feira (17), o Global 500 2024 Report elenca as marcas mais valiosas do planeta. Produzido desde 2007 pela consultoria londrina Brand Finance, no Top 10 temos, pela ordem:
Apple,
Microsoft,
Google,
Amazon,
Samsung,
WalMart,
TikTok,
Facebook,
DeutscheTelekom,
e o banco chinês ICBC.

Três instituições financeiras brasileiras figuram na lista: o Itaú (263º), o Banco do Brasil (431º) e o Bradesco (477º). Com esse trio, o país é o 20º em quantidade de marcas no ranking. Estados Unidos (201 empresas) e China (65) emplacam sozinhos mais da metade das 500. Por setor, a liderança é de Bancos (71 marcas), seguido por Varejo (53) e Tecnologia (50).

““Reconstruir a confiança é essencial. Para isso, é [também] essencial que abandonemos os preconceitos, superemos as diferenças e trabalhemos em conjunto.”
Li Qiang, primeiro-ministro chinês, na terça-feira (17), em Davos

(Fabrice Coffrini)