Honda dita o ritmo da explosão de vendas de motos no Brasil
Emplacamento de motos chega a 1,58 milhão no Brasil em 2023, com 72,4% de share da fabricante japonesa, que promete dez lançamentos até o ano que vem
Por Angelo Verotti
O mercado brasileiro de motos teve muito a comemorar em 2023. Embalado pelo sistema de delivery e pelas transformações de mobilidade urbana no pós-pandemia, o segmento comercializou 1,58 milhão de unidades, um crescimento de 16,1% na comparação anual (1,36 milhão) e de 40% em relação aos 1,1 milhão de 2019, antes da crise de saúde. Os números animam Marcelo Langrafe, diretor comercial e principal executivo da Honda Motos no Brasil. A bandeira japonesa seguiu soberana com 72,4% de market share, após emplacar 1,146 milhão de exemplares, a melhor marca desde as 1,149 milhão de 2014. O crescimento chegou a 10%, porcentual estimado também para a atual temporada. “A expectativa para 2024 é de um ritmo contínuo de expansão de mercado e de desenvolvimento, porque as condições que nós temos hoje estão extremamente positivas para o setor de duas rodas”, disse o executivo. “Esse setor representa para a sociedade uma solução de mobilidade, uma solução inteligente de custo-benefício em termos de economia de combustível e com baixo custo de aquisição e manutenção.”
Os dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) em relação às demais empresas do mercado comprovam o cenário animador.
• A também japonesa Yamaha alcançou 17,9% de marketshare, com 284.217 motos vendidas, crescimento de 1.6 ponto percentual em relação a 2022 (222.463).
• Já a chinesa Shineray ficou na terceira posição (1,99%, após 31.448), alta de 0.3 p.p (21.992).
E a estimativa de que 2 milhões de pessoas irão tirar habilitação este ano, como revelou o executivo, é vista como importante ingrediente. “São mais de 2 milhões de clientes potenciais para adquirir uma moto”, disse Langrafe.
Diante da previsão, a bandeira asiática tem subido a marcha. A produção no polo industrial de Manaus chegou a 1,215 mil unidades no ano passado, crescimento também de 10% na comparação ao período anterior e o melhor resultado desde as 1,239 mil de 2014.
E como se tornou regra nas últimas quatro décadas, o carro-chefe da Honda em vendas foi a CG 160, com 418.875 exemplares. O volume corresponde a quase 37% do total comercializado pela marca na última temporada.
Já em 2022 foram 383.016. O modelo é líder de vendas desde os primeiros anos de criação, em 1976. “É o veículo mais emplacado da história [14,5 milhões de unidades].”
”A expectativa para 2024 é de um ritmo contínuo de expansão de mercado e de desenvolvimento, porque as condições que nós temos hoje estão extremamente positivas para o setor de duas rodas.”
Marcelo Langrafe, diretor comercial da Honda motos Brasil
A marca também viu crescer a procura por scooters, num reflexo do que acontece no mercado brasileiro. No acumulado entre janeiro e dezembro, foram emplacadas 138.735 unidades no País, segundo levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). O crescimento chega a 15% em relação ao mesmo intervalo de 2022.
A Honda tem três modelos entre as líderes do segmento. São eles:
• a PCX 160, na ponta, com 38.766 exemplares negociados no ano passado.
• a Elite 125 (29.556), em segundo lugar,
• e a ADV 150 (16.837), em terceiro.
A Yahama Neo 125 vem em quarto, com 14.856. “A PCX completou dez anos do lançamento em 2023, com mais de 190 unidades emplacadas todos os dias.”
O line-up variado — são ao menos 18 modelos à disposição com 37 versões — e a capilaridade da rede, com 1.100 pontos oficiais pelo País, são vistos como importante aliados para o sucesso da marca no Brasil, onde já está há 50 anos.
O portfólio atende diversas necessidades, como lazer e trabalho, e tem preços que variam de R$ 9,5 mil, caso da Pop 110i, a 304,4 mil na GL 1800 Gold Wing Tour.
As condições econômicas do País, com a tendência de queda dos juros, deve intensificar a procura por financiamento, segundo o diretor. “Hoje, os negócios estão divididos em pouco mais de 33% para a modalidade, 33% para consórcio e restante para pagamento à vista.”
PROJETOS
E para garantir vendas, nada melhor do que projetos. Os da Honda estão definidos. Até o final de 2025, estão previstas as chegadas de dez novidades entre motocicletas nacionais e importadas. Os modelos ainda serão divulgados. Embora a Honda tenha declarado mundialmente que irá atuar para alcançar a neutralidade de carbono com o desenvolvimento de 30 modelos de motocicletas elétricas até o ano 2030, a bandeira ainda não tem um plano de eletrificação para o mercado brasileiro.
FÁBRICA
A Honda concluiu em 2023 ciclo de investimento de R$ 500 milhões, com foco na modernização das estruturas da planta na Zona Franca de Manaus. De acordo com Langrafe, o movimento permitiu elevar o volume produzido, além de manter a qualidade e o custo competitivo.
Novos aportes devem ser anunciados em breve. A fábrica foi inaugurada em 1976, tem cerca de 8 mil colaboradores e produz uma motocicleta a cada 19 segundos. A capacidade de produção anual é de 1,3 milhão de exemplares.
MERCADO
O executivo Marcos Bento, presidente da Abraciclo, destacou a busca pelo crescimento sólido e sustentável das fabricantes e afirmou que as mais de 1,57 milhão unidades produzidas superaram a previsão de 1,56 milhão da entidade. “Todas as fabricantes mantiveram o ritmo de produção, apesar das dificuldades surgidas no decorrer do ano”, disse ele, em referência principalmente a problemas de logística decorrentes do baixo calado de rios na Zona Franca de Manaus. Apesar disso, a expectativa para este ano é de fabricação de 1,69 milhão de unidades.
A projeção, segundo Bento, está baseada nos cenários macroeconômicos do Brasil, considerando fatores como as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), inflação, variações nas taxas de juros, confiança do consumidor etc. “Nossa meta é seguir crescendo de forma sustentável e retornar ao patamar de produção de dois milhões de unidades nos próximos anos”, disse. E a Honda se mostra disposta a acelerar ainda mais.