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Receita das Big Techs explode e governos partem para cima (com impostos)

Microsoft e Apple brigam na ponta, mas todas as Six Sisters mostram robustez nos resultados — e isso enfurece governos

Crédito: Ethan Miller|Getty Images|AFP

Satya Nadella, CEO da Microsoft, exalta a aplicação de inteligência artificial em escala, o que acelera a acompanhia e a faz ultrapassar a Apple em valor de mercado (Crédito: Ethan Miller|Getty Images|AFP)

Por Edson Rossi

Elas já foram Gafam, acrônimo para as iniciais de cinco delas. Também são genericamente chamadas de Big Techs, ou Tech Giants. Mas acredito que o mais adequado nestes tempos seja outra nomenclatura. Vou usar Six Sisters. Porque como acontece a todas as irmãs, entre todos os irmãos, será indefectível existir uma competição nem sempre velada. Sem esquecer, no entanto, que as seis são de certa forma uma grande família. Nos últimos dias, Microsoft, Apple, Alphabet, Amazon e Meta anunciaram seus resultados financeiros. Daqui duas semanas, na quarta-feira (21), será a vez da Nvidia para concluir o ciclo. Os resultados? Espetaculares, para a maioria. Bom para a Apple. Como alunas aplicadas, elas passaram de ano com honras. Na manhã quinta-feira (8), juntas tinham valor de mercado de US$ 12,5 trilhões, coisa de seis vezes o PIB brasileiro. Nessa corrida, a Microsoft (US$ 3,077 trilhões) passou a Apple (US$ 2,925 trilhões) e figurava na ponta. Depois vêm Alphabet (US$ 1,816 trilhão), Amazon (US$ 1,771 trilhão), Nvidia (US$ 1,731 trilhão) e Meta (US$ 1,197 trilhão).

Não à toa governos do mundo todo querem encontrar um jeito de taxá-las (pela via da tributação) e tachá-las (pela via da regulação). E evidentemente haverá reação das empresas — vide a lambança que foi a discussão da chamada MP das Fake News. Na terça-feira (6), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, se manifestou sobre os dois temas em evento na Universidade de Brasília. E até apontou um caminho para facilitar o trâmite legal disso.

“Quando a gente separa a discussão de taxação da regulação de conteúdo, talvez a gente consiga um ambiente menos áspero e um debate mais construtivo para avançar com essa pauta”, disse. Enquanto o embate Six Sisters x Governos está no ‘esquenta’, as corporações continuam suas rotinas de jorrar dólares no caixa.

MICROSOFT Na companhia de tecnologia mais valiosa do mundo e única a estar na faixa acima dos US$ 3 trilhões (até a quinta-feira, 8), a Microsoft reportou faturamento de US$ 62 bilhões no trimestre encerrado em dezembro (+17% sobre o último trimestre de 2022). O lucro líquido foi de US$ 21,9 bilhões (+33%). A companhia é a principal gigante por trás do fenômeno de inteligência artificial (IA) OpenAI. “Passamos de ‘falar sobre IA’ para ‘aplicar IA em escala’”, afirmou Satya Nadella, o CEO da companhia, ao explicar a aceleração que fez a Microsoft ultrapassar o valor de mercado da Apple.

APPLE A performance menos aclamada foi da Apple. As receitas trimestrais somaram US$ 119,6 bilhões (+2% sobre 2022) e o lucro líquido subiu fortemente, batendo em US$ 33,9 bilhões (+13%). “Houve recorde histórico na receita com serviços”, afirmou Tim Cook, CEO da companhia. Ele ainda acrescentou sua alta expectativa em relação ao Apple Vision Pro, a nova aposta da empresa. De onde vem a única ressalva do mercado, então? Da queda das vendas de iPhone na China.

ALPHABET No grupo que controla Google e YouTube, o faturamento do último trimestre de 2023 ficou em US$ 83,6 bilhões (13% sobre o mesmo trimestre do ano anterior) e o lucro líquido chegou a US$ 20,7 bilhões (+52%). Na carta aos investidores, o CEO da companhia, Sundar Pichai, afirmou que a companhia estava “satisfeita com a força contínua da Pesquisa [buscas no Google] e a crescente contribuição vinda de YouTube e Cloud”. E acrescentou: “O melhor está por vir.”

AMAZON Na companhia fundada por Jeff Bezos, as receitas totais do trimestre final do ano passado chegaram US$ 170 bilhões (14% a mais na comparação anual), com lucro líquido de US$ 10,6 bilhões (37 vezes maior do que outubro-dezembro de 2022). “O quarto trimestre foi uma temporada recorde de compras, [mas] o que mais nos agrada são as melhorias contínuas para a melhor experiência de nossos clientes”, afirmou Andy Jassy, CEO da Amazon.

META Quem tem feito bonito a lição de casa é a Meta. No último trimestre de 2023, a companhia faturou US$ 40,1 bilhões (+25% sobre o mesmo trimestre de 2022) e teve lucro líquido de US$ 14 bilhões (+201% na comparação anual). O CEO e cofundador da companhia, Mark Zuckerberg, até foi comedido. “Tivemos um bom trimestre”, disse. E deu o caminho em que está a empresa. “Fizemos muito progresso em IA e metaverso.”

NVIDIA Com um ano fiscal ‘quebrado’ numa agenda menos comum — seu quarto trimestre se encerrou no fim de janeiro e os resultados serão divulgados daqui duas semanas —, a expectativa é grande sobre a Nvidia. No trimestre encerrado em outubro de 2023, as receitas foram de US$ 18 bilhões e o lucro líquido, US$ 10 bilhões. Para os resultados do período encerrado em janeiro agora a projeção é de faturamento recorde: US$ 20 bilhões.