Coluna

Lições do esporte para a vida e para a liderança

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César Souza: "Líderes, inclusive no esporte, precisam zelar pela coerência entre o discurso e a prática, assim como precisam harmonizar as diferentes dimensões da vida, incluindo família, profissão e senso de cidadania dentro da sua comunidade" (Crédito: Divulgação)

Por César Souza

O mundo dos esportes oferece ótimas metáforas para pensarmos sobre a natureza humana e os desafios da liderança, de forma prática e apaixonante. Suas várias modalidades nos permitem tangibilizar a extraordinária capacidade do ser humano de medir forças e testar limites.

Durante os Jogos Olímpicos deste ano, em Paris, teremos mais uma vez a oportunidade de aferir o quanto avançamos nessa seara lúdica e competitiva. Vamos conseguir nadar mais rápido? Levantar mais peso? Fazer mais cestas e gols? Bateremos novos recordes?

Uma breve imersão em alguns notáveis exemplos de sucesso da história dos esportes, permite perceber lições que podemos aplicar no nosso dia a dia. Podemos identificar pelo menos cinco “alavancas” que podem impulsionar o nível de eficácia nas diferentes dimensões — pessoal, familiar, profissional, social e comunitária — na jornada de um líder:

1. Integração: sabemos que o talento individual e competência são diferenciais nas competições esportivas. Porém, a integração, com construção de espírito de equipe, pode ser determinante. Tomo de empréstimo uma frase que ouvi de um vendedor de cachorro quente, na Arena Fonte Nova, em Salvador: “O melhor jogador de futebol do mundo é o tal de Conjunto. Quando ele entra em campo, não sobra pra ninguém!”

2. Determinação: É exemplar a disciplina do nadador César Cielo, maior medalhista brasileiro em campeonatos mundiais. Líderes de inúmeras empresas têm demonstrado muita determinação para manter resiliência, perseverança e firmeza na busca dos seus objetivos.

3. Superação: Maya Gabeira quase morreu em Portugal, em 2013, quando fracassou na tentativa de surfar uma onda gigante. Várias lesões prejudicaram quatro anos de sua carreira. Porém, 2018 marcaria sua redenção. De volta ao mesmo local, ela quebrou o recorde mundial, com a maior onda já surfada por uma mulher. A coragem que sobrou para Maya também não falta a líderes que assumem o protagonismo ao conduzir suas empresas, enfrentando os diversos fantasmas oriundos das incertezas das regras do jogo econômico, que sempre nos surpreende.

4. Inovação: O saque “jornada nas estrelas”, de Bernard; a “folha seca” de Didi; o “salto de costas” de Dick Fosbury inovaram o vôlei, o futebol e o atletismo No mundo corporativo, líderes precisam incentivar o desenvolvimento de uma cultura de inovação que vá muito além da criação de novos produtos ou serviços e sim que permeie o cotidiano da empresa em todas as suas atividades e dimensões. Uma iniciativa é criar hubs de inovação capazes de atrair startups e estimular soluções disruptivas que reduzam custos e aumentem receitas.

5. Autogestão: Líderes, inclusive no esporte, precisam zelar pela coerência entre o discurso e a prática, assim como precisam harmonizar as diferentes dimensões da vida, incluindo família, profissão e senso de cidadania dentro da sua comunidade. Vários atletas extremamente talentosos destruíram suas carreiras devido a atitudes na vida privada. Outros são notáveis exemplos de competente autoliderança.

Muito além dessas cinco alavancas acima, o verdadeiro pulo do gato, que pode ser bastante útil para os líderes, é a lição baseada no ponto em comum dos grandes vencedores do esporte: todos, em algum momento, tiveram a coragem de se reinventar e reprogramar suas estratégias de trabalho, ressignificar práticas, desafiar crenças e transformar atitudes e comportamentos para alcançar seus objetivos e assumirem o tão sonhado patamar de protagonista nas suas vidas e carreiras.

César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda