Economia

IBGE muda métrica do cálculo do PIB

Instituto vai mudar bases de aferição para incluir os parâmetros que determinam a economia brasileira do agora

Crédito: pexels

Foco maior será na inserção da transformação digital, que agora deverá ter sua abrangência, variedade e peso no mercado de trabalho revistos e adaptados fora do setor de serviços (Crédito: pexels)

Por Paula Cristina

Entender a economia é assimilar que ela é viva, cíclica e em constante movimento. Pelo menos é o que defendia John Maynard Keynes, economista britânico e uma das linhas econômicas seguidas pelo governo Lula. Sob essa óptica, mapear a atividade econômica deve ser um trabalho constante e isso inclui mapear novas vertentes do dinheiro, e eliminar as que se tornaram anacrônicas. Pensando nisso, o IBGE começou os trabalhos para revisar a forma como se calcula o PIB do Brasil.

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais, as novas métricas incluirão as melhores práticas internacionais, tudo para que seja feito um retrato mais exato. “A economia vai mudando, e precisamos abarcar na mensuração as coisas novas que acontecem na economia.”

Como norte, o IBGE irá seguir o System of National Accounts (SNA), manual da ONU que deve começar a ser implementado pelos países a partir de 2025. Além disso, foram consultadas a OCDE, o Banco Mundial, o FMI e o Eurostat.

Com tudo em mãos o plano é introduzir medições ligadas:
• ao meio ambiente,
• à economia digital,
• à extração de recursos naturais,
• à desigualdade,
• e ao bem-estar.

Também será possível rever o peso de cadeias produtivas que, em outras décadas, representavam uma fatia maior do PIB, como alguns setores do ramo eletrônico e automotivo, por exemplo. “Trata-se de um projeto complexo que demanda tempo, pois implica mudanças de classificação de atividades, de algumas metodologias e de fontes de dados”, disse Rebeca.

Segundo a coordenadora, a nova metodologia é adotada para os próximos anos e para adequação dos anos anteriores. A recomendação internacional é para que as mudanças ocorram a cada dez anos, porque, caso contrário, algumas estruturas podem ficar obsoletas.

INCORPORAR TEMAS

E antes de pensar que tudo ficará diferente e será impossível fazer comparações com o passado, Rebeca afirma que a estrutura básica das contas nacionais não vai mudar. O que deve ocorrer é a incorporação de mais temas.

“A proposta é expandir o olhar e mensurar a degradação do meio ambiente, melhorar a mensuração do impacto da economia digital”, disse.

• Na última alteração, em 2010, houve mudanças por exemplo na contabilização dos investimentos, como a inclusão de pesquisa & desenvolvimento.

• Desta vez, o foco maior será na inserção da transformação digital, que agora deverá ter sua abrangência, variedade e peso no mercado de trabalho revistos e adaptados fora do setor de serviços.

Outra mensuração é a conta relativa ao consumo das famílias, com uma abertura maior para medir a estratificação e, portanto, a desigualdade.

Rebeca diz que não há ainda um cronograma definido porque haverá uma reformulação de todas as contas — nacionais, regionais, municipais e contas satélites. “São medições interligadas, e cada uma com um tempo. A tendência é terminarmos após a edição do manual internacional, a partir de 2025.”