Liderança feminina como vantagem no mundo dos negócios

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César Souza: "Ironicamente, as empresas gastam verdadeiras fortunas tentando desenvolver, entre seus dirigentes predominantemente masculinos, as competências conhecidas como soft skills, características naturalmente encontráveis no seu contingente feminino" (Crédito: Divulgação)

Por César Souza

Incorporar a inteligência feminina no processo decisório das empresas tem sido uma das propostas mais frequentes que faço, quando perguntado sobre formas de aumentar a competitividade de produtos e marcas, nesse momento de incertezas, alta velocidade e ambiguidade que caracteriza nosso ambiente corporativo.

Aprisionadas por uma cultura proveniente da Era Industrial caracterizada pela obsessiva busca da economia de escala e por crenças inadequadas e preconceituosas, as empresas desperdiçam o potencial da competência feminina, confinando-a a tarefas rotineiras e subalternas.

No entanto, na Era dos Serviços e do Intangível na qual vivemos, a matéria-prima básica é composta por imaginação humana, criatividade e inovação. As organizações que desejam sobreviver nesse novo cenário não podem mais se dar ao luxo de selecionar apenas uns poucos para pensar, enquanto engaiolam a maioria da sua força de trabalho na execução.

O compartilhamento do poder decisório com as mulheres no mundo corporativo passou a ser questão de sobrevivência. As empresas que desejam ser competitivas precisam de todos pensando, criando e inovando. Além disso, necessitam utilizar melhor a diversidade de seus talentos, verdadeira riqueza que tem sido negligenciada pelas exigências de padronização de comportamentos ainda vigentes. Afinal sabemos que o talento criativo não tem sexo, raça, nacionalidade, tamanho ou idade.

Não se trata de defender uma suposta supremacia feminina na liderança dos negócios. Mas, sim, de evidenciar o benefício da complementariedade de percepções proporcionada pela diversidade de gêneros. Também não se trata da defesa de adotar uma retórica socialmente correta. Mas, sim, de adicionar boa dose de pragmatismo negocial, baseado em duas realidades:

• O sexo feminino já é maioria na população brasileira. Certamente as mulheres terão mais aptidão para desenhar produtos e serviços capazes de encantar essa crescente massa de consumidoras femininas nos grandes centros urbanos;
• Muitas empresas possuem um percentual significativo de consumidoras. Paradoxalmente, na diretoria ou no Conselho de Administração de várias dessas empresas nem sempre é encontrada uma única mulher.

Adicionalmente, algumas características do universo feminino que, de forma preconceituosa, eram consideradas como fraquezas — flexibilidade para lidar com situações ambíguas e empatia, entre outras — viraram vantagens no mundo corporativo atual. Além disso, sabemos que, nem todas, mas a maioria das mulheres valoriza mais o trabalho em equipe; são resilientes; agem de forma menos imediatista; sobrevivem melhor em tempos de aperto; possuem maior abertura para o aprendizado contínuo.

Ironicamente, as empresas gastam verdadeiras fortunas tentando desenvolver, entre seus dirigentes predominantemente masculinos, as competências conhecidas como soft skills, características naturalmente encontráveis no seu contingente feminino.

Longe do “sistema de cotas”, pois a meritocracia é o princípio válido para promover pessoas, torna-se necessário incluir mais mulheres nos radares de identificação e caça aos talentos. A inteligência feminina é imprescindível para as empresas. As mulheres, assim como pessoas que fazem outra escolha de gênero, têm um importante papel a desempenhar no mundo corporativo, dotando as empresas de vantagem competitiva inquestionável.

César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda