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Como ganhar com o boom das criptomoedas

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Vitoria Saddi: "Os ETFs à vista de criptomoedas nos EUA devem impulsionar ainda mais os preços das cripto no mundo" (Crédito: Divulgação)

Por Vitoria Saddi

Em janeiro, a Security Exchange Commission (SEC) abalou o mercado mundial com a notícia da aprovação dos ETFs de criptomoedas nos Estados Unidos. Sobre isso, tratarei neste artigo, que tem dois objetivos. O primeiro é explicar em termos simplificados como funciona uma ETF. O segundo é relacionar alguns argumentos que podem explicar a alta dos ativos criptos devido ao lançamento de tais ETFs e como podemos capturar tais ganhos. ETF é a abreviatura de exchanged traded fund, que pode ser traduzido como fundos negociáveis em bolsa. No Brasil, a ETF mais famosa é a chamada BOVA11. Nos EUA, o Spider (SPY). Uma das formas de negociar todas as ações do Ibovespa é comprando uma ação do BOVA11. Ao escrever este artigo, o Ibovespa estava sendo cotado perto de 128,5 mil pontos, o que correspondia a R$ 124,66 por uma ação do BOVA11.

Nos EUA, o S&P500 estava sendo cotado a US$ 5.137 e o SPY, a US$ 506. Segundo o Capital Market Factbook, o mercado americano de ETFs representa cerca de 20% da indústria de fundos, com mais de 3 mils ETFs listados. Em termos de valor de mercado, cerca de US$ 7 trilhões. No Brasil, a indústria de ETF tem um total de cerca de US$ 10 bilhões sob gestão e representa menos de 1% do mercado de fundos de investimento.

Os ETFs são fundos de investimento que têm a mesma composição (em termos de ações e ponderações) do índice que visa replicar.

Exemplo 1: quando compramos uma ação individual o fazemos porque acreditamos no potencial de alta da empresa e quando acreditamos que a alta acabou vamos no mercado e vendemos a mesma ação.

Exemplo 2: a proposta das ETFs é replicar o comportamento de um índice inteiro, como a BOVA11, que irá replicar do modo mais fidedigno possível o desempenho do Ibovespa. De novo, não é possível comprar o Ibovespa ou o S&P500 — mas é possível comprar o BOVA11 ou o SPY. No Brasil há também ETFs de renda fixa e de renda variável.

Há diversas vantagens na compra de ETFs. A primeira é que os fundos de ETF são passivos, eles não têm como objetivo superar qualquer índice, mas apenas segui-lo e replicá-lo. Fundos passivos possuem taxas de administração menores do que os fundos ativos. A transparência é outro benefício, já que a composição da cesta de ativos é divulgada diariamente com as ponderações. E se você acredita que as moedas cripto irão subir, como pode usar tal informação e comprar tais cripto?

1) A forma mais antiga e convencional é ir a uma corretora (como Binance) de criptomoeda, comprar a moeda e guardá-la numa wallet (carteira) virtual.

2) Outra forma de se posicionar no mercado cripto é via compra (ou venda) de cripto no mercado futuro. No mercado europeu já havia, por mais de cinco anos, as ETFs de bitcoin atreladas ao mercado futuro, como o par BTCUSD (bitcoin em dólar). A moeda BTCUSD vale cerca de US$ 66 mil. Como poucos dispõem de tal valor, se você tiver apenas US$ 1 você pode comprar 0,0000018 de bitcoin. O problema desta alternativa é a alavancagem, que fica embutida em qualquer contrato futuro. Assim, caso você queira comprar uma bitcoin, você precisa ‘pagar’ na corretora menos de 0,5% do valor de face do ativo, ou US$ 330 para adquirir 0,0000018 da bitcoin. O investidor paga US$ 330 por uma moeda cujo valor de face é de R$ 66 mil. Nesse sentido, os ETF futuros de bitcoin usam contratos de derivativos sem possuir a criptomoeda em si.

3) A terceira forma de adquirir criptomoedas é com os ETFs de bitcoin no mercado à vista americano ou brasileiro. Nos EUA ou no Brasil, basta entrar em qualquer corretora e escolher a ETF preferida de criptomoeda. No Brasil, a mais famosa chama-se HASH11, criada pela empresa cripto Hashdex e que tem como referência o Nasdaq Crypto Index (NCI), que foi desenvolvido pela bolsa americana para servir como benchmark do mercado de criptoativos.

Os ETFs à vista de criptomoedas nos EUA devem impulsionar ainda mais os preços das cripto no mundo. No decorrer deste ano diversos bancos centrais do mundo devem lançar também suas moedas digitais (as chamadas Central Bank Digital Currency, CBDC). A princípio elas não terão ligação direta com as criptomoedas. Ainda assim, é possível que haja um efeito positivo de contágio das CBDC para o mercado das cripto, sugerindo um aumento ainda maior nas ETFs de cripto nos mercados futuros e a vista do mundo.