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Estupro fiscal coletivo

Crédito: Divulgação

Prefeitura de São Paulo: sob suspeita (Crédito: Divulgação )

Por Edson Rossi

Reportagens do portal UOL mostram indícios fortes de pilantragem na Prefeitura de São Paulo. A.k.a.: cheiro de roubalheira das grandes. Não é pouco — trata-se do quarto maior orçamento público do País, depois da União e dos estados de São Paulo e Minas Gerais (empatado com o estado do Rio de Janeiro). Entre as supostas falcatruas elencadas, há três empresas (que assinaram 38 contratos, somando R$ 751 milhões) que pertencem a uma mesma família. Família Warren Buffett? Arnault? Musk? Bezos? Não. Família Braga-Barros. Há cinco anos, essa tchurma perdeu por dívida o apartamento em que morava. Até aí, tudo bem. Quem nunca? A questão é entender como eles conseguiram em 60 meses sair da pindaíba para um sucesso empresarial. O casal Walter Roberto Braga (63 anos) e Cintia Barros (52), segundo as reportagens, era dono de duas empresas. Junto de um dos filhos de Walter, Bruno Braga (37), tinham outra. As três performaram forte no mundo empresarial (pelo menos naquele que acontece nas saletas da prefeitura paulistana). Tudo a partir da chegada de Ricardo Nunes a prefeito de São Paulo. Por meio de contratações emergenciais, sem licitação, pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, teriam feito fortuna em receitas. As ‘corporações’ da família Braga-Barros não têm site e funcionam em um mesmo endereço, que fica um imóvel de três andares na Zona Norte de São Paulo. O endereço está ao lado da sogra de Walter Braga. Segundo as reportagens do UOL, foram analisados 307 contratos da gestão Nunes, que é candidato à reeleição: 223 trazem indícios de conluio. Esse tipo de chicana escoou para as empresas felizardas quase R$ 5 bilhões.

2,9 milhões

Dados do IBGE mostram que existem quase 3 milhões de brasileiros jovens em busca de emprego — 564 mil entre 14 e 17 anos e 2,3 milhões entre 18 e 24 anos. O maior entrave é a baixa qualificação. Isso faz o desemprego entre eles explodir, e ser muito superior à taxa média, que no Brasil foi de 7,4% no último trimestre de 2023. Na população 14-17 anos chegou a 28,2%. Na faixa seguinte (18-24), ficou em 15,3%. Para combater parte dessa desesperança, e apostar na qualificação como potencial transformador, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) lançou na quarta-feira (6) um audacioso projeto (o Impulso Digital) destinado a jovens aprendizes com expertises voltadas para a formação lastreada em matemática-ciência-dados e língua portuguesa. O projeto tem como parceiro a plataforma de formação em tecnologia Ada Tech e dois apoiadores, o MOV Tech 2030 (uma coalizão de organizações privadas e do terceiro setor para a propagação de formação em TI) e o Centro Paula Souza, rede de formação técnica do estado de São Paulo. O projeto terá uma plataforma aberta a qualquer jovem com pílulas de formação em áreas decisivas para a educação e o ensino, como matemática, ciências e português. Num segundo estágio, os aprendizes serão ‘adotados’ como funcionários pelas organizações e receberão uma formação mais completa.

COMÉRCIO EXTERIOR
Balança mostra fôlego

(Divulgação)

No mês de fevereiro, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 5,4 bilhões. O saldo é recorde para o mês na série histórica, iniciada em 1997. A alta em relação ao mesmo período em 2023 é de 116% (superávit de US$ 2,5 bilhões). Os resultados foram apresentados na quarta-feira (6) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A boa notícia, mais que o superávit, é o aumento da corrente de transações, de quase 10%.

INTERNACIONAL
Juro nos EUA: sem previsão de queda

Muita gente apostou contra o Fed. Menos Jerome Powell, seu presidente. Na quarta-feira (6), ele reiterou que espera que as taxas de juros comecem a cair este ano. Mas ainda não está pronto para dizer quando. “Ao considerar quaisquer ajustes avaliaremos cuidadosamente os dados, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos”, disse Powell. Em resumo, inflação, seus núcleos, a taxa de desocupação e o crescimento. E enquanto isso tudo não estiver silencioso quanto a estacionar num índice inflacionário de 2%… esqueçam. “O comitê [Fomc] não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação se move de forma sustentável em direção a 2%.”

(FALTA DE) CONTROLE
Elefantíase fiscal

(Rafa Neddermeyer)

Não deverá ser surpresa para ninguém que a administração liberal de Romeu Zema (foto) nada tenha de liberal, nada sabe sobre ser liberal, e continue a ser símbolo máster de estado com elefantíase fiscal. Zema é a maior prova de que os cursinhos de gestão do Partido Novo não servem para nada. Junto do Rio Grande do Norte e de Roraima, os mineiros estão entre os três entes federativos que estouraram o limite de gastos com pagamento de pessoal do Executivo. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece um teto de 49% para gastos com essa categoria de servidor público em relação à receita líquida. Nos últimos quatro meses de 2023, segundo o Tesouro Nacional, além dos mineiros (R$ 47,3 bilhões/51,4% da receita corrente líquida), Rio Grande do Norte (R$ 9,2 bilhões de gastos/56,9%) e Roraima (R$ 3,4 bilhões/49,3%) foram os maus alunos. Quando o tema é gastos do Legislativo, a lista traz outros três entes ultrapassando o limite de 3%, sendo que a terra de Arthur Lira comanda esse pedaço do bloco da gestão pública perdulária: com Alagoas (R$ 540 milhões/ 3,74%) há Roraima (R$ 220 milhões/3,25%) e Maranhão (R$ 700 milhões/3,01%). Para entender essa aberração, é preciso ressuscitar outra frase de Lula desprovida de evidências: “Prefiro um político a um técnico”. Ou o presidente estava lesado, ou alterado ou mal-intencionado.

“As dificuldades [sobre o acordo UE-Mercosul] foram acertadas e estamos prontos para assinar. O problema é que a França traz questões com seus produtos locais. Mas a União Europeia não precisa do voto da França para fazer o acordo.”
Lula, na quarta-feira (6), demonstrando fé demais ou conhecimento de menos